Ansiedade pode ser gatilho para Parkinson, diz especialista

A incidência da doença de Parkinson vem crescendo exponencialmente no mundo. Atualmente, cerca de 1% da população mundial acima de 65 anos tem a doença, mas previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que esse número pode dobrar até 2040. Por isso, conhecer os fatores de risco e os principais sinais de alerta é fundamental para prevenir e detectar precocemente a doença.

O tema é pauta do “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” de sábado (21). No programa, o Dr. Roberto Kalil recebe Fabio Godinho, professor de neurologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), e Rubens Cury, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo Godinho, a ansiedade pode ser um dos fatores de risco para o desenvolvimento de Parkinson. “A presença de ansiedade em pessoas acima de 50 anos aumenta de três a quatro vezes o risco de esse paciente desenvolver doença de Parkinson. A ansiedade é um sintoma da doença de Parkinson, mas também pode ser um fator de risco, um gatilho, para a doença”, afirma.

Além disso, os sintomas da doença podem ser múltiplos e vão além das alterações motoras, como tremor e rigidez muscular. “A gente costuma relacionar muito a doença de Parkinson com sintomas motores, ou seja, o tremor, a lentidão e a rigidez muscular. Agora, existem muitos outros sintomas não motores e esses até antecedem o aparecimento dos sintomas motores”, explica Godinho.

Segundo o especialista, alteração do sono, no hábito intestinal, no olfato e de humor estão entre alguns dos sintomas não motores do Parkinson, além da dor. “A dor difusa no corpo também é um sintoma muito frequente”, afirma.

Dificuldades em realizar tarefas simples, como escrever, fazer a barba, escovar os dentes ou vestir uma roupa, também são sinais de alerta, segundo os especialistas. “Por mais que a gente fale do tremor, ele é o mais famoso na doença de Parkinson, mas é presente em 70% das pessoas, 30% das pessoas com Parkinson não têm tremor. Realmente, o centro dos sintomas é essa lentidão nos movimentos”, explica Cury.

O que é a doença de Parkinson?

O Parkinson é uma doença neurológica causada pela degeneração das células que produzem a dopamina, neurotransmissor responsável por levar informações do cérebro para outras regiões do corpo. A redução dessa substância química afeta os movimentos, podendo levar aos sintomas característicos da doença, como lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita.

Atualmente, o tratamento é feito com o uso de medicamentos, com o objetivo é o controle dos sintomas, uma vez que não há cura. Segundo Godinho, em alguns casos, a cirurgia pode ser indicada.

“Nós indicamos a cirurgia quando o paciente, apesar de estar recebendo remédio e de ter uma resposta ao remédio, não tem mais um controle bom dos sintomas com a medicação”, explica. “Outra situação em que a gente indica cirurgia é quando o paciente começa a desenvolver movimentos involuntários decorrentes do uso crônico do remédio, que nós chamamos de discinesias. Esses movimentos dificultam muito a performance motora do paciente durante o dia a dia, e leva inclusive à perda de peso, porque ele se move o tempo todo”, completa.

Nos últimos anos, houve avanços no tratamento do Parkinson. “Basicamente tem três grandes pilares no tratamento. Um é atividade física aeróbica, que já mostrou reduzir a evolução da doença de Parkinson. O outro pilar é controlar muito os fatores clínicos desse paciente. Então, colesterol, glicemia, pressão arterial. E a reposição da dopamina. Então, você tem três fatores que andam juntos”, explica Cury.

“Fazendo isso desde o início, o paciente fica, de fato, bem por muitos anos, e uma parcela daqueles pacientes que não ficam bem, têm a opção cirúrgica. Em algumas situações ela vai ter que se adaptar um pouco. Acho que a palavra aqui é adaptabilidade”, finaliza.

O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 21 de setembro, às 19h30, na CNN Brasil.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Ansiedade pode ser gatilho para Parkinson, diz especialista no site CNN Brasil.

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