Quem é a DJ Eli Iwasa, única mulher da música eletrônica no Dia Brasil do Rock in Rio


Um dos principais nomes femininos do gênero no Brasil, Eli retorna ao festival neste sábado. Antes de fazer as malas para o Rio de Janeiro, a DJ concedeu uma entrevista ao g1 em Campinas. Quem é Eli Iwasa, única mulher da música eletrônica no Dia Brasil do Rock in Rio
Presença frequente em festivais de músicas pelo país, como Tomorrowland e Lollapalooza, a DJ Eli Iwasa se apresenta neste sábado (21), pela segunda vez, no Rock in Rio. Ela será a única mulher que vai subir ao palco New Dance Order neste “Dia Brasil” do festival.
A escolha não foi por acaso. Com 23 anos de carreira comandando pistas de dança e conhecida pela curadoria apurada e pela versatilidade, Eli é um dos principais nomes da música eletrônica brasileira. Em suas apresentações, costuma mesclar o House, o Techno e o Disco, três vertentes do gênero.
No “para sempre eletrônica” do Dia Brasil, Eli vai se apresentar em dupla com o DJ Renato Ratier, de São Paulo (SP), a partir de 22h. Completa o line-up do palco New Dance Order os DJs Mochakk, Beltran, Classmatic, Maz e Antdot.
Para falar sobre a trajetória na cena eletrônica, da carreira como DJ e do retorno ao Rock in Rio, Eli Iwasa, que também é modelo e empresária, recebeu o g1 para uma entrevista na galeria de arte e bar da qual ela é sócia em Campinas (SP). Assista no vídeo acima.
“Eu sou uma mulher, eu sou uma mulher do interior de São Paulo, eu sou uma mulher aqui na cena de Campinas (SP), eu sou uma mulher asiática. São muitas coisas que, são muitos significados quando você está num palco de um festival como o Rock in Rio”, afirmou ao g1.
Eli Iwasa se apresenta no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro
Jorge Alexandre
Do Groove Nation às pistas
Filha do seo Minoro e da dona Luiza, Eliana Iwasa, de 48 anos, trabalhou nos bastidores da música eletrônica antes de comandar as pistas de dança. Foi organizadora, a partir de 1999, da festa Groove Nation, um marco da cena underground, e atuou como promoter de baladas históricas da capital paulista, como a Love Club.
“Foi um capítulo super importante. Eu organizava as noites de sexta-feira e fazia a contratação dos artistas internacionais”, relembrou.
A DJ já tinha equipamentos de mixagens e muitos discos em casa, mas tocava para os amigos. Tudo mudou em 2001, quando os integrantes do Petduo, uma dupla brasileira de música eletrônica, convocou Eli para uma apresentação no clube Absinto, em São Paulo.
“Eles me viram tocar em um after na casa deles e aí eu brinco que não fui convidada. Eu fui convocada, intimada, informada: ‘você vai tocar na nossa noite’. Foi assim que começou”.
Eli Iwasa já tinha equipamentos e discos em casa antes de iniciar a carreira como DJ
Arquivo pessoal
DJ e empresária
Com isso, além de organizar a noite paulistana, Eli passou a tocar em baladas da capital. Iwasa se mudou para Campinas e, em 2013, fundou o Club 88 no prédio do antigo Jockey Clube, no Centro da cidade. Foi quando passou a conciliar a carreira de DJ e empresária.
A virada de chave na carreira veio em 2017, quando Eli passou a fazer parte de line-ups de festivais internacionais, como o holandês DGTL, e iniciou a residência no Warung, clube de música eletrônica renomado de Itajaí (SC).
“Lógico que eu tenho muitos anos de carreira e todos os momentos são importantes, mas esse 2017 foi marcante nesse sentido que foi o ano que me conectou com audiências maiores”, contou.
Pandemia e volta aos palcos
Eli Iwasa em apresentação na BOMA, festival de música eletrônica, no Rio de Janeiro
Jorge Alexandre
O avanço da carreira enfrentou um revés, a pandemia de Covid-19, que cancelou festivais de música e fechou por mais de um ano as casas de shows. Com isso, além de enfrentar a agenda vazia como DJ, Eli viu suas baladas em Campinas, o Club 88 e o Caos Club, com as portas fechadas.
“A pandemia foi um momento super desafiador que eu questionei se eu conseguiria continuar fazendo o que eu fiz a minha vida inteira. Tanto como DJ, assim como com os clubes. Eu e os meus sócios tivemos que repensar todos os nossos negócios”.
Mas o tempo em casa fez Eli explorar novos estilos, se conectar com os fãs e preparar para o retorno aos palcos. “Então, eu explorei todos os meus discos, mostrei outras facetas do meu trabalho, que sempre teve muito estancada em música para pista. Aí eu fiz set de rock, fiz set de coisas experimentais, mais esquisitas, e isso acabou me permitindo voltar com uma baita força”, contou.
Pós-pandemia
O pós-pandemia foi intenso para a DJ. Eli se tornou figura marcante nos line-ups dos principais festivais nacionais e internacionais, como Rock in Rio 2022, Lollapalooza 2023, Time Warp, Só Track Boa, Brunch Electronik e DGTL.
“Eu acho que estar presente nesses grandes eventos é como se fosse uma validação do que você faz dentro do seu público e dentro do mercado e da cena. Por isso estar nesses festivais é tão importante, mas tem muitas coisas que acontecem fora dele também”.
Paralelo ao trabalho como DJ e empresária, Eli deve lançar ainda neste ano o seu próprio selo musical e também uma coleção de roupas. “Eu quero fazer muitas coisas ainda”, contou.
Eli Iwasa se apresenta no Rock in Rio 2022
Jorge Alexandre
Rock in Rio
Eli não é estreante no Rock in Rio. Em 2022 fez uma apresentação solo no palco de música eletrônica no dia destinado às artistas mulheres. Neste sábado, retorna festival no momento em que considera o mais especial da carreira até agora. “Tem um peso estar naquele palco. É muito gratificante estar ali”.
“Eu acho que Eli Iwasa é aquela mesma menina, filha do seo Minoro e da dona Luiza, que sempre amou música, sempre amou dançar. E que teve a sorte e o privilégio de poder fazer isso na vida. Viver o grande sonho da vida, que sempre foi viver de música”, disse Eli.
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