Violência, precariedade nas escolas e transporte público estão entre as angústias dos jovens que vão votar pela primeira vez


Em Pernambuco, número de eleitores entre 16 e 17 anos subiu 59,19% em comparação com 2020. Eleitores com idades entre 16 e 17 anos falam de suas prioridades na hora do primeiro voto.
Foto: montagem / g1
No Brasil, é possível tirar o título de eleitor a partir dos 16 anos. É essa faixa de público que apresentou um crescimento considerável em 2024, saindo de 66.252 em 2020 para 105.464 nas eleições deste ano, em Pernambuco. O aumento é de 59,19%. Entretanto, o voto é facultativo para os adolescentes, maiores de 70 anos e analfabetos.
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No Brasil, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o número de adolescentes votantes quase dobrou, saindo de 1 milhão para 1,8 milhão. Uma elevação de 78%.
No Recife, o primeiro voto de muitos jovens deve acontecer cercado de ansiedade e expectativa. Ao g1, eles citaram, entre os problemas que motivam o voto, o desejo de reduzir problemas como a violência e a precariedade nas escolas e no transporte público.
A estudante Letícia Minucelli fez 16 anos em janeiro e tirou o título de eleitor dias depois do aniversário. “Vários amigos meus já fizeram o título. [….] Assim que eu completei 16 anos, eu fiz o meu”, disse.
Moradora do bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife, a adolescente afirma que quer votar para tentar diminuir o quadro de insegurança no bairro onde vive.
“Já fui assaltada indo para a escola, ano passado, e isso me assustou bastante. Fui na polícia, fiz B.O. (Boletim de Ocorrência) e eles não resolveram muito. […] A minha escola sempre pedia o apoio de uma viatura e nunca estava lá, sabe? A violência que tem aqui, que já teve vários casos aqui perto da UFPE, com mulheres violentadas. Então, acho bastante importante”, disse.
Problemas crônicos das cidades estão na ponta da língua quando os jovens são perguntados sobre suas prioridades.
Clara Albuquerque, que vai fazer 17 anos em novembro, também será eleitora de primeira viagem em 6 de outubro (data do 1º turno das eleições 2024). Moradora de Olinda, no Grande Recife, ela afirma que tirou o título porque acredita em mudanças e que representa uma nova geração de eleitores. “Enfrentamos muito problemas de infraestrutura na nossa cidade, especialmente em relação ao sistema de esgoto e a falta de drenagem”, diz.
Beatriz Amarante, de 17 anos, relata os problemas provocados quando chove em Afogados, na Zona Oeste da capital. “O Recife tem problemas quando chove. Os alagamentos afetam muito a cidade, e eu acho que esse problema de infraestrutura poderia ser resolvido nessas próximas eleições”, afirma.
Quem pensa que as preocupações dos eleitores de primeira viagem se concentram em formação profissional e primeiro emprego vai esbarrar em uma realidade onde, além de segurança e infraestrutura da cidade, outros temas se sobressaem. É o caso da cultura.
Olinda detém o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) desde 1982. A moradora Ellen Menezes, de 17 anos, defende mais ações voltadas para a cultura na cidade que respira carnaval.
A jovem mora no bairro do Monte, próximo à sede do Clube Carnavalesco de Alegoria e Crítica O Homem da Meia-Noite, bloco carnavalesco mais famoso da cidade. Ela acredita que a região tem condições de ter mais turistas.
“Precisa trazer maior valorização para o local. […] Poderia ter iniciativas para mostrar a cultura, quem nós somos, um reconhecimento. Eu estou aqui, eu existo, e essa é a minha cidade”, argumenta.
Temas como transporte e educação também emergem como grandes demandas, como é para o jovem Iago Pereira, de 16 anos. Estudante de escola pública e morador do bairro do Alto da Bondade, na periferia de Olinda, ele diz que a situação em muitas unidades de ensino é bastante precária.
“A parte de transporte público está bem precária, assim como a educação. A falta de verba faz com que, muitas vezes, nas escolas, não tenha material higiênico e com que as cadeiras estejam frequentemente quebradas. Falta materiais”, disse.
Iago diz, ainda, que a decisão de agora, nas urnas, é crucial para o futuro da cidade. O jovem tirou o título de eleitor pouco depois de fazer 16 anos.
“É a minha primeira vez como eleitor e ainda não sei como funciona. Estou bastante ansioso, porque essa ação, de escolher um candidato a prefeito e a vereador, vai impactar tanto agora, na minha região, como no futuro. É uma decisão complicada, que precisa ser muito bem pensada”, afirmou.
Há pouco mais de um mês para a primeira eleição da vida, Iago diz que está pesquisando criteriosamente até a escolha dos candidatos. Já Beatriz Amarante, do Recife, espera uma grande participação dos jovens.
“Nestas eleições eu estou esperando uma grande adesão da população. As pessoas vão votar, vão participar mais nas ruas, porque eu senti, nesses últimos anos, que a gente está tendo pouca participação jovem. Eu espero que exista uma maior adesão”, declarou.
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