Mãe de Deolane Bezerra deixa prisão no Recife


Solange Bezerra foi presa no dia 4 de setembro, junto com a filha, na Operação Integration, que apura esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. Deolane e a mãe, Solange Bezerra, investigadas na operação Integration.
Reprodução
Solange Alves Bezerra, mãe da influenciadora Deolane Bezerra, deixou o presídio feminino no Recife após a Justiça de Pernambuco aceitar um habeas corpus que beneficiou 18 investigados em operação contra lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais.
Ela estava presa na Colônia Penal Feminina, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, desde o dia 4 de setembro, quando foi alvo, junto com a filha, na operação Integration, deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco.
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No dia da prisão, Solange Bezerra passou mal no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri) e foi levada a um hospital particular escoltada por uma viatura da Polícia Civil. Após ser atendida, voltou para o Depatri, de onde saiu para a Colônia Penal Feminina do Recife.
Documentos da investigação aos quais o g1 teve acesso relatam que Solange Bezerra é investigada por receber depósitos e realizar transferências para duas empresas investigadas pela Operação Integration: a Pay Brokers Cobrança e Serviço e a Pixs Brasil Cobrança e serviço, de Edson Antonio Lenzi.
Apesar de ter declarado uma renda estimada em R$ 10 mil mensais, a investigação da Polícia Civil de Pernambuco apontou “movimentações atípicas” no período de janeiro de 2022 e janeiro de 2023 de R$ 478.973,61.
Justiça manda soltar Deolance Bezerra
Prisão de Deolane
Deolane chegou a ter a prisão preventiva convertida em domiciliar, em razão do artigo 318A do Código Penal, que substitui a prisão preventiva por domiciliar para gestantes, lactantes e mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, mas teve a mudança revogada por descumprir as medidas cautelares impostas pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
A medida foi revogada pelo fato de Deolane ter falado com a imprensa após sair da Colônia Penal Feminina do Recife, contrariando a determinação do TJPE em decisão liminar (veja vídeo abaixo). Além disso, ela postou, no Instagram, uma foto com a boca coberta por uma fita com um “X” no meio.
Ao revogar a prisão domiciliar, a Justiça determinou que ela fosse levada para a Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste de Pernambuco, onde está detida desde então. Deolane também foi contemplada com o habeas corpus e será solta.
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Inquérito concluído e novas decisões
O inquérito policial da Operação Integration foi concluído na semana passada pela Polícia Civil e enviado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Dois dias depois, o MPPE resolveu devolver o inquérito para a polícia, pedindo novas diligências. A instituição também recomendou a substituição das prisões preventivas por “outras medidas cautelares”.
Na segunda-feira (23), o desembargador Eduardo Guilliod mandou soltar Deolane, Solange e outros 15 alvos da operação após acatar um pedido de habeas corpus feito pela defesa de Darwin Henrique da Silva Filho, dono da Esportes da Sorte, uma das “bets” investigadas na operação.
Além do empresário, a medida contemplou o casal José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, donos da empresa Vai de Bet. Segundo as investigações, eles viajaram com o cantor Gusttavo Lima — outro alvo da operação — para a Grécia no início deste mês, poucos dias depois que a operação foi deflagrada.
Cronologia do caso
Em julho deste ano, Deolane Bezerra abriu uma empresa de apostas, Zeroumbet, com capital de R$ 30 milhões.
Em 4 de setembro, a empresária e influenciadora digital foi presa na Operação Integration, deflagrada contra uma quadrilha suspeita de movimentar cerca de R$ 3 bilhões num esquema de lavagem de dinheiro de jogos de azar.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões de Deolane e de R$ 14 milhões da empresa dela por lavagem de dinheiro. Na delegacia, a influenciadora afirmou que sua renda mensal é de R$ 1,5 milhão.
Além de Deolane Bezerra, foram presas mais de 10 pessoas suspeitas de integrar o esquema, incluindo o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da casa de apostas Esportes da Sorte, e a esposa dele, Maria Eduarda Filizola.
Em depoimento após ser presa, Deolane confirmou que comprou um carro de luxo de Darwin, um Lamborghini Urus S, por R$ 3,85 milhões.
Segundo a Polícia Civil, os pagamentos à vista pela compra e pela venda de carros de luxo feitas pela empresa e pelo empresário geraram indícios de que houve “lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas esportivas”.
Ainda no dia 4, após a prisão, Deolane escreveu uma carta, publicada no Instagram, dizendo que está sofrendo “uma grande injustiça”, que ela e a família são vítimas de preconceito e lamentou a prisão da mãe.
Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, a Justiça decretou o sequestro de bens de vários alvos, incluindo aeronaves e carros de luxo, e o bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões. Ao todo, a polícia solicitou que R$ 3 bilhões fossem bloqueados.
No dia 9 de setembro, Deolane deixou a cadeia no Recife, após ser beneficiada com um habeas corpus. Ela ficaria em prisão domiciliar e teria que usar tornozeleira eletrônica.
Antes mesmo de entrar no carro para ir embora, Deolane falou com a imprensa na frente do presídio: “Foi uma prisão criminosa, cheia de abuso de autoridade por parte do delegado. […] Eu não posso falar sobre o processo. Eu fui calada”.
Na noite de 9 de setembro, uma nova carta escrita por Deolane foi publicada no Instagram. “Agradeço imensamente o carinho e o apoio de todos, tenham certeza que não irão se arrepender, afirmo com todo o respeito que tenho por vocês, sou inocente e não há uma prova sequer”, disse no trecho final do manuscrito.
No dia 10 de setembro, Deolane teve a prisão domiciliar revogada, após o descumprimento das medidas cautelares para sua liberação, e seguiu para o presídio em Buíque, no Agreste de Pernambuco.
No dia 11 de setembro, o Tribunal de Justiça de Pernambuco negou outro pedido de habeas corpus feito pela defesa de Deolane. O juiz alegou, entre outros motivos, “financiamento de manifestantes [para protestar contra a prisão dela] por iniciativa de familiares”.
No dia 18 de setembro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou mais um pedido de liberdade da defesa de Deolane.
No mesmo dia, a Polícia Civil informou que concluiu o inquérito da Operação Integration, encaminhando o caso ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE);
Na sexta-feira (20), sob a alegação de “esclarecer os fatos sob investigação”, o MPPE pediu novas diligências à Polícia Civil e recomendou substituir as prisões preventivas já decretadas por outras medidas cautelares.
Na segunda-feira (23), a 12ª Vara Criminal do Recife decretou a prisão do cantor Gusttavo Lima e do empresário Bóris Maciel Padilha também por suspeita de participação no esquema.
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