Filho de idoso investigado por racismo contra segurança em Ipanema diz que comportamento do pai se deve à demência

Filho de Aloysio Augusto da Costa, de 83 anos, prestou depoimento na 14ª DP (Leblon), nesta quarta-feira. Lucas (D) discute com idoso a quem denunciou por injúria racial
Reprodução/TV Globo
O filho de Aloysio Augusto da Costa, de 83 anos, idoso acusado de injúria racial por um segurança de um restaurante em Ipanema, prestou depoimento nesta quarta-feira (21), na 14ªDP (Leblon).
O g1 teve acesso ao depoimento de Bernardo Augusto, de 49 anos. Nele, o administrador disse à polícia que o pai “está em processo de demência já há algum tempo” e que o fato dele ter várias vezes demonstrado insatisfação sobre o banco na calçada “se deve provavelmente à doença”.
O depoente disse que, ao ir até o restaurante para entender a confusão que o pai tinha se envolvido e explicar a condição de saúde do pai, foi “rodeado de pessoas entre funcionários e frequentadores do restaurante que o intimidaram com ofensas de forma agressiva e intimidadora”.
Ele afirmou, ainda, que o segurança que denunciou o pai, Lucas Rodrigues Neves, chegou a “partir pra cima dele” e precisou “se retirar para não ser agredido fisicamente”.
O administrador também lamentou o ocorrido e acusou as pessoas de não terem acolhido o pai “em um momento difícil de sua vida acometido de uma doença cruel que não tem cura”. Ele disse ainda que entende a divulgação das gravações como “um misto de desconhecimento com desejo incondicional pela notoriedade por meio das redes sociais”.
Relembre o caso
Lucas Rodrigues Neves, de 22 anos, explicou à polícia que, no mês passado, o idoso começou a reclamar de um banco colocado do outro lado da rua, para que o segurança ficasse bem localizado a fim de visualizar o restaurante e o entorno.
O banco onde Lucas fica ao trabalhar virou motivo de confusão
Reprodução/TV Globo
As agressões verbais teriam acontecido duas vezes em menos de um mês, no dia 13 de maio – quando a situação foi gravada -, e mais recentemente no dia 10 de junho.
Aloysio foi intimado a depor no dia 12 de junho, mas alegou problemas de saúde.
No último boletim registrado, o segurança relatou na delegacia o que ouviu: “Esse banco aqui é coisa de vagabundo, você não está trabalhando, tire o banco daqui e vá para o outro lado da calçada, você tá fazendo daqui de favela, eu não quero esse banco aqui.”
“Eu quero justiça, só isso que eu quero. É um sentimento muito ruim. Meu pai passou por isso, meu avô passou por isso, eu sou pai e estou lutando para que o meu filho não passe”, afirmou Lucas.
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