Walt Disney desiste de investir US$ 1 bilhão na Flórida em meio a briga com governador; entenda

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Companhia suspendeu a construção de um complexo em Orlando, na Flórida, em meio a embate jurídico com o republicano Ron DeSantis. Entrada para carros do Walt Disney World, na Flórida
John Raoux/AP Photo
A gigante de mídia e entretenimento Walt Disney desistiu da construção de um complexo de escritórios de quase US$ 1 bilhão em Orlando, na Flórida, em meio a brigas judiciais com o governador do estado, Ron DeSantis, informou a imprensa internacional.
Em um e-mail enviado a funcionários, a companhia afirmou que está descartando o plano de levar 2 mil empregos para a Flórida por causa da “mudança nas condições de negócios” no estado.
De acordo com o jornal Orlando Sentinel, o principal da cidade, o chefe dos parques da Disney, Josh D’Amaro, afirmou que “mudanças de licença” fizeram a empresa reconsiderar a ideia de investimento.
O plano da companhia era realocar funcionários, incluindo os “Imagineers” (responsáveis pelos passeios em parques temáticos) para o novo campus em Lake Nona, que fica a cerca de 30 quilômetros dos principais parques na cidade.
A estimativa era que a Disney investisse até US$ 864 milhões no projeto.
“Dadas as mudanças consideráveis ​​que ocorreram desde o anúncio deste projeto, incluindo novas lideranças e mudanças nas condições de negócios, decidimos não avançar com a construção do campus”, escreveu D’Amaro. “Esta não foi uma decisão fácil de tomar, mas acredito que é a certa.”
Na última semana, o presidente da Disney, Bob Iger, questionou publicamente o interesse da Flórida no investimento contínuo da empresa.
Em uma ligação com investidores para discutir os resultados trimestrais, ele observou que a empresa empregava mais de 75 mil pessoas na no estado, além de atrair milhões de visitantes todos os anos ao Walt Disney World.
O executivo também afirmou, segundo a agência Reuters, que tinha planos de investir US$ 17 bilhões para expandir o resort na próxima década. “O estado quer que invistamos mais, empreguemos mais pessoas e paguemos mais impostos ou não?”, questionou.
O movimento é um novo capítulo do embate entre a companhia e o governador da Flórida, Ron DeSantis, que já se estende há mais de um ano. A decisão ainda vem em meio às recentes demissões anunciadas pela empresa.
O que deu origem ao conflito?
O parque Magic Kingdom, da Disney, em foto de janeiro de 2019.
John Raoux/ AP
O atrito entre a empresa e o político republicano tem origem em uma crítica da companhia a uma lei educacional da Flórida, que limita a instrução em sala de aula sobre identidade de gênero e orientação sexual.
O embate aumentou e resultou em mais de um ano de discussões sobre um distrito fiscal especial (território dentro do estado) que abrange os parques Disney World.
Desde então, segundo o jornal norte-americano “The New York Times”, os legisladores da Flórida têm aplicado medidas hostis à companhia – que é a maior pagadora de impostos do estado.
Em fevereiro, diz o jornal, esses legisladores acabaram com a capacidade de longa data da Disney de “autogovernar” seu resort de 25 mil acres ( aproximadamente 101 mil m²) como se fosse um condado, dando a DeSantis o controle sobre os serviços governamentais desse território.
Os novos administradores identificaram, então, que o conselho, quando ainda controlado pela Disney, havia aprovado contratos de desenvolvimento que desagradam a nova gestão.
O cenário resultou em uma série de ações judiciais, em um esforço dos novos conselheiros para anular os acordos firmados na gestão anterior.
Nesse contexto, segundo o “The New York Times”, a Disney está processando DeSantis e seus aliados no tribunal federal, enquanto os indicados pelo distrito fiscal do governador tentam uma ofensiva por meio de ações judiciais no tribunal estadual.
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