Venezuela: ao menos 10 países da região estão em crise com Maduro além do Brasil

A crise diplomática entre Brasil e Venezuela chegou a novo patamar, nesta quarta-feira (30), com o anúncio da chancelaria venezuelana da convocação para consultas de seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell. A Venezuela também está em crise com ao menos outros 10 países da região.

O anúncio de Caracas nesta quarta é o capítulo mais recente de um impasse que cresce desde que o Brasil passou a insistir ao governo do presidente Nicolás Maduro que mostre os registros eleitorais que sustentariam a vitória nas eleição presidencial de 28 de julho, declarada pelas autoridades do país.

Maduro também tem se queixado do bloqueio imposto pelo Brasil à entrada da Venezuela como país associado aos Brics durante a cúpula mais recente, realizada em Kazan, na Rússia.

A crise com outros países

O Brasil não é o único vizinho latino-americano a sustentar uma crise com o governo de Nicolás Maduro nas últimas semanas.

Desde as contestadas eleições de julho, os chavistas testemunharam a deterioração das relações com uma série de países.

Por exemplo, a Venezuela anunciou a expulsão da equipe diplomática de Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana Uruguai. 

Naquela ocasião, o governo disse rejeitar as acusações de um “grupo de governos de direita subordinados a Washington, abertamente comprometidos com as mais sórdidas posições ideológicas fascistas”.

Em comunicado, o país ainda afirmou que estes países atacam a soberania venezuelana ao não aceitar o resultado das eleições anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

“É uma situação atípica para as regulamentações diplomáticas e aduaneiras; Não está contemplado nem na Convenção de Viena sobre relações diplomáticas nem nas Convenções de Caracas ou Montevidéu sobre asilo. É uma suspensão das relações diplomáticas sem romper as relações diplomáticas”, explicou à CNN o ex-vice-chanceler da Argentina e ex-embaixador do país na ONU, Fernando Petrella.

No entanto, muito antes do anúncio da expulsão de diplomatas, a Venezuela já havia optado pelo isolamento político na região. Por exemplo, ao retirar-se da Organização dos Estados Americanos (OEA). Além disso, o isolamento físico se soma ao isolamento político. A Venezuela suspendeu os voos com o Panamá, por exemplo, que é uma ligação aérea fundamental porque todos os voos para o norte do continente, incluindo os Estados Unidos, partem de lá.

No caso da Argentina, a situação se demonstrou ainda mais grave, uma vez que a expulsão afeta os seis oposicionistas venezuelanos integrantes da equipe de María Corina Machado que estão asilados na embaixada argentina em Caracas. O Brasil assumiu a custódia da embaixada, no início de agosto. 

Além disso, também é possível citar Equador, Guatemala Paraguai ao se considerar países em crise com a Venezuela.


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro • 09/08/2024 REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria

No final de agosto, esses países somaram-se a uma série de países em uma declaração conjunta na qual “rejeitaram “categoricamente o anúncio da Suprema Corte de Justiça da Venezuela que indicava ter concluído uma suposta verificação dos resultados do processo eleitoral e que busca validar os resultados não comprovados emitidos pelo órgão eleitoral”.

No comunicado, os governos reiteram que “só uma auditoria imparcial e independente que avalie todas as atas garantirá o respeito pela vontade popular”.

A declaração foi bem recebida pelos opositores. A líder oposicionista María Corina Machado disse que “o mundo democrático está ao lado do povo da Venezuela e ao respeito pela nossa soberania popular”, acrescentando que “ninguém acredita na manobra grosseira do STJ para esconder as atas que demonstram a vitória esmagadora de Edmundo González Urrutia”.

O governo Maduro reagiu quase de imediato rejeitando “nos termos mais enérgicos” a declaração e qualificando os países que assinaram como “fracassados”. 

A pasta liderada pelo chanceler chavista Yván Gil disse ainda que os signatários do documento cometem “transgressões ao direito internacional” por interferências em sua política interna e que seu país irá “pulverizar todas e cada uma das ações que tentam iniciar através dos seus governos fracassados contra o povo venezuelano”.

A crise entre Venezuela e Equador escalou antes mesmo da realização das eleições de julho. Em abril, Maduro ordenou o fechamento de sua embaixada e consulados no Equador diante de uma invasão da embaixada mexicana pela polícia equatoriana.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Venezuela: ao menos 10 países da região estão em crise com Maduro além do Brasil no site CNN Brasil.

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