União Brasil desiste de lançar Elmar e deve apoiar Hugo Motta para presidir Câmara

A direção nacional do União Brasil desistiu de lançar o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), como candidato à presidência da Câmara dos Deputados.
Em reunião nesta quinta (31), a executiva do partido decidiu criar uma “delegação” para negociar o provável apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) – deputado que recebeu apoio de diversos partidos nos últimos dias e passa a ser favorito na disputa.
🔎 Câmara e Senado vão eleger novos presidentes em fevereiro de 2025. Quem suceder Arthur Lira (PP-AL) vai comandar a Câmara em 2025 e 2026 – e, se for reeleito deputado, poderá disputar também a reeleição no posto.
O recuo do União começou a ser articulado na quarta (30) – um dia depois de Motta oficializar sua candidatura e receber o apoio formal de Lira na disputa.
Por trás do veredito, está o receio de, em uma eventual disputa contra Hugo Motta, o União Brasil ficar sem espaço nos cargos de direção da Câmara e de comando de comissões.
Parlamentares da legenda avaliam que, com o apoio formal e a entrada do partido no futuro bloco de Motta, o União Brasil poderá pedir o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mais importante colegiado da Casa, e uma das vice-presidências da Câmara.
Candidatura de Elmar ‘desidratou’
Antes favorito a suceder Lira, Elmar Nascimento viu o seu nome desidratar ao longo dos últimos três meses, enfrentando dificuldade para reunir apoios e sem unanimidade dentro do próprio partido.
Elmar havia conquistado indicativos de apoio do PDT e do PSB, que, agora, devem rever seus posicionamentos.
O baiano, que antes era o favorito de Lira, tem dito frequentemente se sentir traído pelo presidente da Câmara, a quem ele classificou nesta manhã como seu “melhor amigo”.
Arthur Lira sinalizava, há meses, que poderia anunciar apoio a Elmar. Mas, em setembro, em uma reviravolta na disputa, o alagoano decidiu apoiar Hugo Motta depois de o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, abrir mão de sua candidatura, em uma tentativa de construir consenso em torno de um nome mais viável politicamente.
Elmar Nascimento passou, então, a articular uma candidatura de oposição ao candidato de Lira. Ele mudou a estratégia para tentar reunir apoio junto à base governista na Câmara, construindo uma aliança com o PSD — que ainda tem um candidato a presidente da Casa, Antonio Brito (BA) — para um eventual segundo turno da disputa. Nada surtiu efeito.
Membros da cúpula do União Brasil decidiram rifar Elmar após um encontro com o candidato do Republicanos, ainda na quarta. E o ex-“melhor amigo” de Lira recebeu a notícia pessoalmente, em um jantar, com o presidente nacional do partido, Antônio de Rueda.
Nesta manhã, a executiva nacional do partido, que reúne deputados, senadores, governadores e ministros, discutiram o encaminhamento tomado pelos dirigentes da legenda. No fim, prevaleceu o entendimento de que o União deveria embarcar na candidatura de Motta.
“A candidatura não é minha. É do meu partido e dos que me apoiam. Não posso colocar minha vontade acima disso”, disse Elmar Nascimento na chegada do encontro.
Hugo Motta fortalecido
Com o embarque do União Brasil, a candidatura de Hugo Motta se consolida como a maior força na disputa pela sucessão de Arthur Lira. O resultado representa uma vitória da articulação de Lira.
O líder do Republicanos conquistou, na noite de quarta, os endossos das duas maiores bancadas partidárias da Casa: o PL (92 deputados) e o PT (68).
Motta também obteve apoio do PP (50), MDB (44), Republicanos (44) e Podemos (14).
Na manhã desta quinta, o PCdoB, que tem 6 deputados, oficializou a entrada no bloco de apoio de Motta. O PV, que compõe uma federação partidária com PT e PCdoB e tem 5 deputados, deve anunciar nesta tarde o apoio a Motta.
Juntas, as bancadas partidárias que apoiam Hugo Motta somam 323 deputados federais.
As regras da Câmara estabelecem que, para ser eleito em 1º turno, um candidato precisa ter maioria absoluta dos votos (metade mais um), desde que 257 deputados tenham votado. Se isso não ocorrer, haverá um 2º turno entre os dois mais votados, e o eleito será o que reunir mais votos.
O mandato à frente da Casa é de dois anos, e o eleito comandará os trabalhos da Câmara entre 2025 e 2026.
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