Diretor do Google vai palestrar sobre inteligência artificial na educação em evento catarinense

Diretor do Google vai palestrar sobre inteligência artificial na educação em evento catarinense

Diretor do Google vai palestrar sobre inteligência artificial na educação em evento catarinense – Foto: Divulgação

A inteligência artificial (IA) tem se tornado parte do ambiente educacional em diversos países, e isso traz novos desafios e demandas. A transformação da educação impulsionada pela tecnologia exige que instituições e educadores se adaptem às novas ferramentas que a IA proporciona.

De acordo com a pesquisa The State of AI in Education, da Carnegie Learning, realizada com educadores, 77% dos entrevistados acreditam que a IA é útil, mas apenas 56% a estão realmente usando.

A integração com IA não se limita apenas ao uso de softwares e aplicativos, mas também abrange mudanças na metodologia de ensino e na forma como os alunos interagem com o conhecimento.

Explorar as possibilidades e as dificuldades que surgem com a IA na educação é importante para compreender o futuro do aprendizado.  A educação do futuro já está sendo moldada por essa inovação, e entender essas dinâmicas é um passo importante para professores e alunos.

Sabendo desses desafios, o diretor do Google for Education para a América do Sul, Alessandro Leal, vai palestrar no próximo dia 6, no Comac-SC, sobre a importância da inteligência artificial na educação.

O debate ocorrerá no maior congresso municipalista de Santa Catarina (Comac-SC), que é realizado em parceria com a FECAM. Leal vai esclarecer como as escolas e instituições de ensino podem se adaptar às recentes exigências do ambiente educacional impulsionadas pela IA.

Entre os temas que serão abrangidos na palestra, destacam-se a necessidade de transformar métodos de ensino para serem mais inclusivos e como a tecnologia pode ser aliada na promoção de uma educação mais alinhada com as demandas contemporâneas.

Alessandro Leal conta com uma trajetória profissional de mais de 30 anos de experiência e já atuou em empresas como BRMALLS, Oi e Souza Cruz. Ele ingressou no Google em 2011 e já trabalhou tanto no Brasil quanto nos EUA.

Além de suas funções no Google, ele também é professor convidado em instituições como FGV e FDC. Formado em engenharia de produção pela UFRJ, ele tem um MBA na PUC-RJ e especializações em universidades renomadas como Stanford e Harvard.

Inovações pedagógicas impulsionadas pela IA

A implementação da inteligência artificial na educação possibilita o desenvolvimento de metodologias que estão na vanguarda dos métodos de ensino e aprendizagem. Embora muitas vezes o foco seja no uso de chatbots, existem plataformas adaptativas que utilizam algoritmos para adaptar o conteúdo com base no progresso do aluno para tornar o aprendizado mais dinâmico e responsivo.

Além disso, as infografias e simulações geradas por IA podem ajudar a visualizar conceitos complexos. Elas têm por objetivo promover a compreensão e atrair a atenção dos alunos, focando em um ambiente de aprendizagem interativo. Ferramentas de gamificação que utilizam IA também motivam os alunos a participar ativamente do aprendizado.

Os educadores também podem usar chatbots para esclarecer dúvidas e orientar os alunos em suas jornadas educacionais. Sistemas baseados em IA podem ser utilizados para realizar avaliações e análises com base nas informações apresentadas pelo educador, além de gerar feedbacks.

Uso de IA no ensino superior

Em 2024, houve um aumento de alunos universitários que utilizam IA no Brasil. Segundo a Fundação Perseu Abramo, que menciona estudo conduzido pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), 71% dos participantes afirmaram usar IA com frequência, sendo que 29% a utilizam diariamente e 42% semanalmente.

Em comparação com a pesquisa inicial realizada em 2023, a proporção de universitários e aspirantes a universitários que conhecem ferramentas de IA aumentou de 69% para 80% em 2024. Além disso, a frequência de uso da IA na rotina acadêmica cresceu de 53% para 71% no mesmo intervalo de tempo.

Os respondentes destacaram diversos benefícios da IA na educação, como a flexibilidade no aprendizado (53%), a possibilidade de acesso a informações e conteúdos atualizados (50%) e a agilidade na resolução de dúvidas (49%).

Limites do ChatGPT na educação

Da mesma forma que existem percepções favoráveis ao uso do ChatGPT na educação, existem também visões contrárias. Um artigo publicado na Harvard Business Review, ao abordar os impactos da inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, na educação, aponta que, apesar das promessas de inovação, essa tecnologia pode prejudicar o aprendizado em diversos aspectos.

O artigo menciona a previsão do especialista britânico Anthony Seldon de que a IA substituirá professores humanos até 2027. O autor do artigo, Jared Cooney Horvath, que é neurocientista e best-seller, identifica três problemas principais decorrentes da IA na educação: a falta de empatia nas interações digitais, a superficialidade do conhecimento e os efeitos negativos da multitarefa.

Segundo ele, a relação empática entre aluno e professor é essencial para o aprendizado. A ausência de empatia em ambientes digitais, nos quais a interação ocorre apenas entre humanos e algoritmos, pode levar os alunos a se tornarem receptores passivos de informações e isentos de pensamento crítico.

O segundo ponto é a questão do conhecimento. O autor argumenta que o pensamento criativo depende de um conhecimento interno bem estruturado, que é adquirido por meio da memorização e da prática.

Horvath também discute o impacto da multitarefa, ressaltando que a utilização de dispositivos digitais para aprendizado resulta em distrações que afetam a eficácia do processo educativo.

Segundo Horvath, embora a IA possa ser útil em algumas situações, como na “descarga cognitiva” para gerenciar tarefas repetitivas, ela pode levar à atrofia das habilidades cognitivas se não for usada de maneira adequada.

Essa ideia está em consonância com o “Guia para a IA generativa na educação e na pesquisa”, da Unesco, que não descarta o uso da inteligência artificial na educação, mas reconhece a importância do papel humano.

“A primeira orientação global da UNESCO sobre a IAGen na educação tem como objetivo apoiar os países na implementação de ações imediatas, no planejamento de políticas a longo prazo e no desenvolvimento de capacidades humanas para garantir uma visão centrada no ser humano dessas novas tecnologias”, aponta o guia.

Para saber mais sobre a FECAM, que organiza o Comac-SC, acesse o site oficial e as redes sociais.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.