Saiba quem era o uberabense morto em acidente de trânsito nos EUA: ‘Meu mundo caiu’, diz esposa


A caminhonete onde os brasileiros estavam capotou e bateu em uma árvore após ser atingida na traseira por um carro dirigido por uma americana, que voltava de uma festa. Ela apresentava sintomas de embriaguez e foi presa. Kenny e a família
Reprodução/Arquivo Pessoal
Kenny Roberto Milanez, de 41 anos, foi um dos brasileiros que morreu durante um acidente no dia 2 de novembro na Rota 495, na altura de Methuen, em Massachusetts.
O uberabense, que vive nos Estados Unidos da América (EUA) desde 2019 com a esposa Luciana Milanez e os filhos de 3 e 7 anos, não resistiu aos ferimentos após a caminhonete em que ele estava ser atingida por um carro, capotar e bater em uma árvore.
Segundo informações de uma testemunha, a caminhonete que transportava quatro mineiros, dois de Caratinga, um de Governador Valadares e Kenny, de Uberaba, foi atingida na traseira por um carro dirigido por uma americana, de 26 anos.
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Vítimas
Celso Glayson Dias, de 37 anos, e Kenny Roberto Milanez, de 41, mortos em acidente nos EUA
Arquivo pessoal/Redes sociais
Celso Glayson Dias, de 37 anos, era de Dom Modesto, distrito de Caratinga. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Lawrence General, onde não resistiu aos ferimentos. O mineiro estava no banco do passageiro na frente.
Já no banco traseiro, atrás de Celso, estava Kenny Roberto Milanez, que morreu durante o transporte para o hospital. Os quatro seguiam para o trabalho em New Hampshire.
Os dois sobreviventes são Tiago Silvério, de Governador Valadares, e Bruno Viana, de Caratinga. Bruno foi socorrido em estado mais crítico, segue internado no hospital, mas não corre risco de morrer, segundo uma testemunha. Tiago também foi levado para o hospital, mas já recebeu alta.
“Na noite antes do acidente ele me disse que não queria ir trabalhar”
É assim que Luciana Milanez se lembra da última vez que esteve com o marido. Ao g1, ela contou que eles passaram a noite juntos, jantaram, brincaram com os filhos e depois se deitaram.
“Ele costumava me chamar de ‘meu anjo’. Naquela noite ele me disse que estava cansado, que não queria ir trabalhar. Eu então falei para ele faltar, mas ele insistiu em ir, disse que tinha um compromisso com nossa família”, lembrou.
No dia seguinte Luciana acordou sozinha. Como de costume, Kenny saiu para trabalhar e ela ficou com os filhos até o horário de ir para o trabalho também.
“Eu estava me arrumando quando uma amiga, que é esposa de um dos amigos do Kenny, me ligou e contou do acidente. Ela não disse de cara o que havia acontecido. Eu só fui descobrir a gravidade do acidente quando me disseram que meu marido não havia resistido”.
“Meu mundo caiu”.
Thiago Silvério contou que após o acidente ainda conversou com Kenny.
“Ele estava acordado, mas disse que estava sentindo muita dor por ter ficado preso às ferragens. Quando o salvamento chegou fomos separados, ele foi para a emergência em um helicóptero e não resistiu durante o transporte.”
Contudo, de acordo com Luciana, o laudo com a causa da morte do marido ainda não foi disponibilizado e, durante o processo, ela reúne dinheiro para levar o corpo do marido para o Brasil.
“É o último pedido da minha sogra.”
Volta ao Brasil
Para as ajudar com o custo do translado do corpo dos EUA para o Brasil, Luciana tem duas campanhas de arrecadação. Uma delas, no valor de 50 mil dólares, será dividida entre as quatro famílias dos operários envolvidos no acidente.
Já a outra, feita em reais, tem como objetivo arrecadar R$ 65 mil para contribuir com o velório de Kenny e as passagens de volta de Luciana e dos filhos.
“Eles ainda perguntam pelo pai. Eu disse que ele foi morar com o papai do céu, mas é tudo muito difícil. Minha filha pegou o celular para ligar para ele e sempre diz que está com saudade”.
“Se Deus permitir eu irei continuar aqui nos EUA, seguir com o sonho que criamos juntos, esse é meu propósito”, finalizou Luciana.
Americana presa
Na tarde do dia 2 de novembro, a americana dirigia a 160 km/h quando o carro atingiu os brasileiros. Ela se apresentou à polícia no mesmo dia.
O caso foi acompanhado pela imprensa local, que informou que a mulher não se lembrava do que aconteceu e alegou inocência. Uma testemunha que presenciou os fatos acionou a polícia enquanto seguia a mulher.
Ainda conforme o que foi divulgado, ela esteve, desde sexta, em um bar e em uma festa de halloween, onde ingeriu bebida alcoólica. A condutora voltava da festa quando o acidente aconteceu.
Quando ela se apresentou, ainda estava sob efeito de álcool e estava com a carteira de habilitação suspensa. O juiz estipulou uma fiança de US$ 200 mil dólares, sendo que, ao pagar o valor, ela teria que usar tornozeleira eletrônica.
Além disso, ficaria em prisão domiciliar, proibida de ingerir bebida alcoólica e dirigir. Ela, que trabalhava como motorista de aplicativo, continua presa e não pagou a fiança.
Para a imprensa local, a polícia informou que a mulher será indiciada por três crimes: duplo homicídio por irresponsabilidade, deixar a cena do acidente e dirigir com a carteira suspensa.
O que disse o Itamaraty
Em nota enviada ao g1, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Boston, informou que permanece à disposição dos familiares para prestar a assistência consular cabível.
Informou ainda que em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as Embaixadas e Consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais.
Segue a nota dizendo que o traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos, à luz do § 1º do artigo 257 do decreto 9.199/2017.
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