Bolsonaro critica Marçal, Caiado e Salles e diz que direita não tem “dono”

Donald Trump, Eduardo Bolsonaro e Jair BolsonaroReprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ao jornal Folha de São Paulo que não considera que tenha ocorrido um racha na direita brasileira durante as eleições municipais, nem que sua liderança tenha sido abalada, apesar das críticas e da ascensão de novas figuras, como o empresário Pablo Marçal (PRTB), que tem ganhado atenção em São Paulo.

“A direita não tem dono. Tem um líder, que é incontestável, e tem jovens lideranças aparecendo pelo Brasil. Sempre vai ter alguém aí querendo dividir o que é chamado de direita hoje em dia. Não vão conseguir. São frustrados, até botei um nome carinhoso, são intergalácticos que têm que mostrar a que vieram. Todos eles se elegeram na minha sombra, ou na minha onda, e rapidamente se voltam contra a gente”, afirmou.

Críticas a Marçal, Caiado e Salles

Entre as figuras mencionadas por Bolsonaro, Pablo Marçal, o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil), e o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo-SP), foram alvo das críticas do ex-presidente. Bolsonaro lembrou que essas lideranças cresceram politicamente com o apoio de sua base, mas alegou que, em determinado momento, essas figuras se afastaram de sua orientação política.

Bolsonaro fez questão de destacar que tanto Marçal quanto Caiado se elegeram com o apoio de sua base, mas agora tentam se distanciar e dividir a direita. Em relação a Marçal, o ex-presidente afirmou: “Manda em um bar em São Paulo, não vai ninguém”, criticando a falta de base popular e de liderança efetiva do empresário.

Em relação a Caiado, Bolsonaro mencionou o confronto que houve em Goiânia, onde o governador venceu a eleição no segundo turno, após o apoio de Bolsonaro a um candidato bolsonarista. Caiado, após a vitória, declarou que sua forma de fazer política havia sido vitoriosa e que Bolsonaro teria aprendido uma lição.

Quanto a Salles, o ex-presidente também o criticou publicamente. Bolsonaro lembrou de episódios passados, como o fato de Salles ter se aproximado de Geraldo Alckmin, quando o atual vice-presidente ainda era do PSDB. Bolsonaro sugeriu que Salles estava sendo “ingrato” e “viúvo” após a separação política com seu grupo.

Tarcísio de Freitas 

O ex-presidente também comentou sobre as declarações de Ricardo Nunes (MDB), que, após ser reeleito prefeito de São Paulo, chamou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de “líder maior” do estado. Bolsonaro reconheceu Tarcísio como um “grande líder no estado”, mas rejeitou qualquer tentativa de provocação, dizendo: “ninguém vai me provocar”.

Por fim, o ex-presidente foi questionado sobre quem seria o nome da direita em 2026, caso ele permaneça inelegível, e reafirmou que o nome seria o dele. Bolsonaro declarou, de forma contundente, que enquanto ele não estiver “morto politicamente”, ele continua sendo o líder da direita no Brasil. Ele se referiu à sua inelegibilidade como um reflexo da “falta de democracia” no país.

“Só depois que eu tiver morto. Antes de eu morto, politicamente não tem nome. Pergunta para o Tarcísio o que ele acha. Ele tem falado, o candidato sou eu. Prosseguindo a minha inelegibilidade é a prova de que acabou a democracia no Brasil”, afirmou o ex-presidente, em um tom de desafio.

Bolsonaro foi condenado em 2023 pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Ele está inelegível até 2030, mas ainda enfrenta outros processos judiciais que podem aumentar suas sanções.

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