Ex-Vila Nova acusado de manipulação de jogos diz que família foi ameaçada após atleta se negar a continuar em esquema

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Informação foi revelada durante depoimento prestado em fevereiro deste ano ao Ministério Público. Atleta não detalhou como ameaças eram realizadas, mas disse que esposa recebia mensagens de acusado de chefiar o esquema. Jogador Marcos Vinicius Alves Barreira e o trecho do depoimento dele ao Ministério Público de Goiás
Reprodução/Ministério Público e Divulgação/Vila Nova
O ex-jogador do Vila Nova acusado de manipulação de jogos, Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como ‘Romário’, contou que a família dele foi ameaçada após o atleta se negar a continuar no esquema. A informação foi revelada durante depoimento prestado em fevereiro deste ano ao Ministério Público.
O atleta já havia contado para a companheira o fato de ele ter recebido ameaças por meio de vídeos mostrando armas para continuar no esquema. Romário está entre os acusados pelo MPGO por aceitar ou pedir propina duas vezes pra alterar o resultado do jogo.
Ao g1, a defesa do atleta, representada pelo advogado Odair de Meneses, informou que o jogador não foi denunciado por crime de associação ou organização criminosa e que a inocência dele “será provada no curso do processo” (veja nota completa ao final da reportagem).
Em depoimento ao Ministério Público, o jogador não detalhou como essas ameaças eram realizadas. No entanto, ele afirma que o acusado de chefiar o esquema, Bruno Lopez, “enviava mensagens” à esposa dele nas redes sociais e que, sempre que ela recebia essas mensagens, bloqueava Bruno.
O g1 solicitou um posicionamento à defesa de Bruno sobre essas supostas ameaças e aguarda retorno. Quanto à acusação de chefiar o esquema, a defesa de Bruno afirma que vai se posicionar sobre formal e processualmente no momento oportuno (veja nota completa ao final da reportagem).
Ameaças a atleta
Em conversas com a esposa, Romário anteriormente contou ter recebido ameaças para continuar com a suposta fraude em resultados de jogos. Na ocasião, a mulher escreveu, em resposta, já sobre tê-lo avisado sobre a situação.
“Os caras me ameaçaram e me mandaram vídeo de arma falando que se eu não trabalhar para eles até abril eles vão me matar”, disse Romário à esposa.
“Marcos, você procurou isso sozinho. Eu te avisei. Você acabou com tudo porque acha que dinheiro fácil é melhor do que batalhar para ter”, respondeu a mulher.
No depoimento, o atleta explicou que, no vídeo de ameaça que recebeu, Bruno mostrava uma arma e três balas na mão, dizendo que cada bala era para uma pessoa da sua família, “sendo uma sua, uma para sua esposa e outra para sua mãe”.
Jogador Marcos Vinicius Alves Barreira e o diálogo com a esposa dele, no contato identificado como ‘amor’, em Goiânia, Goiás
Reprodução/Ministério Público e Divulgação/Vila Nova
Na conversa realizada com o contato identificado como ‘amor’ no celular do atleta, o jogador detalha que estaria devendo um valor de R$ 500 mil.
“Eu não quero trabalhar, então está me ameaçando todo dia. Então prefiro ficar só do que fazer algo com vocês e ficar fazendo o que eles me pedem no jogo até pagar os R$ 500 mil”, disse o jogador.
Parte do diálogo de Marcos Vinicius Alves Barreira com a esposa dele, no contato identificado como ‘amor’, em Goiânia
Reprodução/Ministério Público e Divulgação/Vila Nova
Atuação em núcleos
Segundo o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos – como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time. Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas.
Segundo o Ministério Público, o esquema era dividido em quatro núcleos: de apostadores, financiadores, intermediadores e administrativo. Bruno Lopez, segundo a denúncia do órgão, era o líder do núcleo de apostadores.
Os núcleos funcionavam da seguinte forma: o “Núcleo Apostadores” era formado por responsáveis por contatar e aliciar jogadores para participação no esquema delitivo. Eles também faziam pagamentos aos jogadores e promoviam apostas nos sites esportivos.
Também havia o “Núcleo Financiadores”. Eles eram os responsáveis por assegurar a existência de verbas para o pagamento dos jogadores aliciados e também nas apostas manipuladas.
Além disso, havia o “Núcleo Intermediadores”, estes eram responsáveis por indicar contatos e facilitar a aproximação entre apostadores e atletas aptos a promoverem a manipulação dos eventos esportivos.
Também havia o “Núcleo Administrativo”, que era responsável por fazer as transferências financeiras a integrantes da organização criminosa e também em benefício de jogadores cooptados.
Como a operação começou
A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.
Nota da defesa de Marcus Vinicius Alves, conhecido como Romário:
A defesa do atleta Marcos Vinicius Alves Barreira, vulgo “Romarinho”, com referência às acusações contidas e veiculadas na operação “penalidade máxima”, vem informar que a investigação criminal envolvendo o atleta já foi concluída pelo Ministério Público do Estado de Goiás e encaminhada ao Poder Judiciário, com o oferecimento de denúncia por suposta infração ao art. 41-D da Lei nº 10.671/03(Estatuto de Torcedor), cuja defesa já apresentou respota à acusaçãp, estando o processo aguardando a manifestação dos demais corréus para designação de audiência de instrução. Destacando que o mesmo não foi denunciado por crime de associação ou organização criminosa. Cuja inocência será provada no curso do processo. Não tendo o atleta firmado acordo de delação premiada ou de não persecução penal com o Ministério Público.
Nota da defesa de Bruno Lopez na íntegra:
“De igual forma à primeira fase da operação, entendemos que, por se tratar de uma denúncia extensa, com diversos anexos oriundos dos elementos extraídos na investigação, é necessário muita cautela em qualquer comentário. Apesar de se tratarem de fatos novos, jogos diferentes daqueles que foram objeto de denúncia na primeira ação penal, o crime pelo qual Bruno se encontra acusado é exatamente o mesmo, mas por situações diferentes. Como de praxe, sempre com muito respeito ao trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, as acusações serão formal e processualmente respondidas no momento oportuno.”
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