‘Compreensão de que existe racismo estrutural não modifica realidade instantaneamente’, diz Barroso em seminário


Ministro participou de seminário sobre igualdade racial, no STJ. Ele fez um retrospecto da realidade brasileira e citou um ‘racismo escamoteado’, vivido no país por muitos anos. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, em sessão nesta quarta (14)
Antonio Augusto/STF
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu nesta quarta-feira (4) a importância de combater o racismo estrutural no país. Lembrou, porém, que apenas a compreensão dessa realidade não é suficiente para transformá-la de forma instantânea.
“A compreensão de que existe um racismo estrutural não modifica a realidade instantaneamente. Portanto, a realidade ainda é extremamente cruel e desequiparadora entre as pessoas”, declarou o ministro.
🔎Racismo estrutural é um termo usado na academia para descrever um conjunto de práticas e ações que promovem o preconceito, enraizado na sociedade. Ele está firmado na estrutura social e orienta relações políticas, econômicas, institucionais e culturais.
A fala de Barroso ocorreu durante um seminário sobre igualdade racial, no Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
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Durante o pronunciamento, o ministro fez um retrospecto da realidade brasileira, citando que, por muitos anos, o país viveu um período de “racismo escamoteado”, ou seja, tratado como algo intrínseco à sociedade.
“Igualdade racial foi tema tabu no Brasil por muitos anos, porque criamos a ilusão de que este não era um problema”, declarou. Segundo ele, “no Brasil, não foi preciso formalizar a segregação, porque era algo compreendido como algo natural”.
“A crença em uma igualdade verdadeira é uma crença que é libertadora, e alguém se achar melhor do que o outro é, certamente, uma derrota […] Nós vivemos esse racismo escamoteado que não precisava de leis para ser compreendido, como se tivesse uma lei natural que segregasse pessoas. Se, hoje, ainda é difícil uma pessoa negra furar o cerco, é necessário que eu diga que 50, 60 anos atrás era muito mais difícil do que nos dias de hoje”, frisou.
Em seu discurso, o ministro também falou sobre o acesso às universidades públicas e celebrou a política de cotas. “A política de cotas sempre existiu. Era 100% para brancos. Agora, sim, nós temos uma política de cotas”.
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