Museu da Misericórdia, em Salvador, reabre após três anos de reforma


Prédio construído no século XVII já foi o único hospital geral da cidade e une os estilos barroco, rococó e neoclássico Museu ficou 3 anos em obras e foi o primeiro hospital geral de Salvador
Reprodução
O Museu da Misericórdia, em Salvador, reabriu as portas depois de três anos de reforma. O local faz parte da história da cidade.
A vista é para a Baía de Todos os Santos, e um dos vizinhos é o Elevador Lacerda, famoso monumento de Salvador. O primeiro prédio foi construído neste local em 1549 por Thomé de Souza, fundador da cidade, já para ser um hospital da Santa Casa de Misericórdia da Bahia.
“Era um hospital destinado a atender toda a população local, também os navegantes, as pessoas que chegavam das naus, os marinheiros, e por mais de duzentos anos foi o único hospital geral da cidade”, conta a historiadora Rosana Souza.
O prédio atual é do século XVII, uma mistura dos estilos barroco, rococó e neoclássico. Com a desativação do hospital, passou a ser sede administrativa da Santa Casa até virar museu em 2006.
Agora, foi reaberto ao público depois de uma reforma completa que durou três anos. As obras custaram R$ 11 milhões à Prefeitura de Salvador e ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos do Ministério da Justiça.
Espaços foram modernizados e outros recuperados, como a igreja dedicada à Nossa Senhora da Conceição.
Só no altar principal, os restauradores passaram dois anos trabalhando. Eles tiveram que remover com o máximo de cuidado uma tinta branca que encobria todo o altar, com exceção dos detalhes folheados a ouro, e conseguiram trazer de volta o azul e o cor de rosa originais. O mesmo aconteceu com o teto, que recebeu uma pintura bege, e agora exibe os florais que estavam escondidos sob camadas de tinta.
“Isso é uma tendência muito forte no século XIX, quando o neoclássico é um estilo de arte que passa a ser adotado não só nas casas como nas igrejas. É uma tentativa de afastar do colorido do rococó, da profusão do barroco numa tendência de ter ambientes mais simples, mais claros”, explica a museóloga Dina Cezar.
O edifício tombado como patrimônio histórico nacional guarda equipamentos hospitalares e farmacêuticos que foram usados aqui até o século XIX. A sacristia tem móveis imponentes em jacarandá do século XVIII em perfeito estado. No salão nobre, a cadeira feita para Dom Pedro II, que visitou o hospital, está praticamente intacta.
“Eu estou mais impressionado com a riqueza de preservação de tudo, da madeira, dos detalhes que foram esculpidos, as cores de ouro, tudo isso parece que foi feito ontem, ou seja, é um cuidado muito grande que estão tendo com a casa”, conta o turista pernambucano Ricardo Amorim.
O jurista e escritor baiano Ruy Barbosa trabalhou na Santa Casa, e a escrivaninha que ele usava faz parte do acervo permanente, ao lado de arte sacra do século XVIII.
“A gente vai olhando e vai se deparando e vai pensando que está em outro espaço de tempo, como se a gente estivesse voltando àquela época, ao próprio século XVII”, conta o turista José Carlos Bezerra, de Pernambuco.
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