Show no ‘Guinness Book’, cascata de fogos e naufrágio com 55 mortes: veja 10 fatos históricos sobre o réveillon de Copacabana


A tradição de passar a virada do ano nas areias da praia de Copacabana era uma tradição de pequenos grupos religiosos até a década de 1980, quando os fogos de artifício passaram a fazer parte do espetáculo. O primeiro show na orla só aconteceu em 1993. Queima de fogos em Copacabana
Gabriel Monteiro / RioTur / Divulgação
O réveillon 2025 marca o aniversário de 32 anos do primeiro show da virada em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O ano de 1993 deu início a uma tradição da Cidade Maravilhosa, que desde então só não teve apresentação musical na festa de Ano Novo em 2021 e 2022, por conta da pandemia da Covid.
Contudo, a tradição de passar a virada do ano nas areias de Copacabana já vinha de alguns anos antes. Primeiro, com a presença de pequenos grupos de devotos de religiões de matriz africana e depois com o público em geral celebrando o Ano Novo com a queima de fogos.
O g1 montou uma lista com 10 fatos históricos sobre o maior réveillon do mundo, que já teve recorde de público registrado no ‘Guinness Book’, acidente com 55 mortes em um naufrágio e uma cascata de fogos que fazia “desaparecer” um hotel de 39 andares.
Encontros religiosos na praia entre os anos 1960 e 1980
Queima de fogos vira atração
Espetáculo da cascata do Hotel Meridien
Multidão em 1992 foi determinante para início da Era de shows
Rod Stewart leva 3,5 milhões de pessoas e bate recorde de público
Tributo a Tom Jobim consolida réveillon de Copacabana
Naufrágio do Bateau Mouche deixa 55 mortos
Acidente na areia provoca mudança no lançamento dos fogos
Fogos em 2025 terá sincronia ao som de ‘Evidências’
Diogo Nogueira é o artista que mais tocou no palco principal de Copacabana nos últimos 20 anos
Apenas encontros religiosos
Até o final da década de 1950, a orla de Copacabana não era um ponto de encontro tradicional para a virada de cada ano. Segundo historiadores, não era comum, na época, haver festas ou encontros na praia nessa data.
Oferendas a Iemanjá no reveillon 2012 em Copacabana
Alexandre Macieira/Riotur
Tudo mudou no início da década de 1960, quando o sacerdote do Omoloko, Tata Tancredo da Silva Pinto, decidiu realizar encontros de grupos religiosos na Praia de Copacabana, antes da chegada do ano novo. O objetivo de Tancredo era diminuir o preconceito que as religiões de origem africana sofriam na época.
Segundo o historiador e babalaô Ivanir dos Santos, a ideia era realizar um grande evento que pudesse atrair o público em geral e aproximar a população dos rituais da umbanda e do candomblé.
Com o passar do tempo, a cerimônia ganhou força na cidade, passando a atrair até mesmo aqueles que nem sempre eram praticantes dessas religiões, mas que nessa data gostavam de saudar Iemanjá, fazer oferendas e se consultar espiritualmente com caboclos e pretos velhos.
“Isso ganhou um volume muito forte, nos anos 70 e 80 cresceu muito. Virou uma referência de tradição nas praias da cidade do Rio de Janeiro. As famílias faziam a ceia e depois iam para as praias para saudar Iemanjá”, comentou Ivanir.
Queima de fogos vira atração
Com a crescente popularidade das celebrações religiosas nas areias de Copacabana no réveillon, novas tradições foram surgindo na cidade. E um costume foi ficando cada vez mais marcante entre os frequentadores: a queima de fogos de artifício.
O dia 31 de dezembro em Copacabana passou a ser um imenso laboratório de fogos de todos os tipos – até então sem muitas regras ou preocupações com a segurança.
Cascata do Hotel Meridien
Uma das principais marcas dessa revolução pirotécnica foi a cascata de fogos do Hotel Meridien, localizado na Av. Atlântica.
Cascata de fogos embeleza São Conrado na virada do ano de 2021 para 2022; ideia é inspirada na cascata do Hotel Meridien
Por 21 anos, a cascata foi uma das grandes atrações do réveillon na cidade, quando os fogos eram lançados do topo do prédio de 39 andares, cobrindo toda a fachada do arranha-céu em poucos minutos. Para quem via a cena da praia, a sensação era como se o edifício sumisse diante dos fogos e da fumaça.
Porém, em 2001, por conta de um acidente sem vítimas, os bombeiros passaram a proibir o espetáculo.
Bem antes disso, ainda na década de 1980, os comerciantes da região perceberam que o caminho para transformar a data em um evento capaz de atrair turistas do mundo todo teria que passar por um grande show de fogos.
Sendo assim, hotéis e empresários do bairro decidiram patrocinar os primeiros foguetórios no réveillon de Copacabana. A ideia deu tão certo, que a prefeitura transformou a virada em festa oficial da cidade.
Início da Era de shows
Com o município organizando a queima de fogos nas areias de Copacabana, faltava ainda um detalhe: a música.
Após a festa de 1992, quando um volume gigantesco de pessoas esteve em Copacabana para acompanhar a queima de fogos, a prefeitura constatou que a maioria não tinha motivos para permanecer na praia após a cerimônia. O deslocamento dessa massa de gente ao mesmo tempo provocou um transtorno enorme na região.
Jorge Ben Jor canta no show de Copacabana.
Alexandre Durão
Em 1993, o então prefeito Cesar Maia decidiu organizar alguns shows após a meia-noite para reter o público na praia e evitar o deslocamento de tanta gente ao mesmo tempo.
Foi no réveillon de 1993 para 1994 que a cidade recebeu o primeiro grande show da virada, com apresentações de Jorge Ben Jor e Tim Maia. Sucesso total.
Rod Stewart leva 3,5 milhões de pessoas
Um ano depois do início da Era de shows no réveillon de Copa, os organizadores do evento apostaram em um verdadeiro festival da virada. Cariocas e turistas não teriam apenas um dia de show na praia, mas uma semana inteira de atrações musicais.
A ideia era ter vários shows entre os dias 23 e 31 de dezembro. Com investimento de patrocinadores, o Rio de Janeiro reuniu artistas como Jorge Ben Jor, Ivan Lins, Tim Maia, Paulinho da Viola e Emílio Santiago.
Contudo, a grande atração daquele ano seria a apresentação do cantor escocês Rod Stewart, que subiria em um palco armado em frente ao hotel Copacabana Palace, logo após a queima de fogos.
Cerca de 3,5 milhões de pessoas viram o show de Rod Stewart em Copacabana (Imagem de arquivo)
Getty Images via BBC
Até hoje, o réveillon de Copacabana de 1994 foi o show com o maior número de espectadores de todos os tempos, com cerca de 3,5 milhões de pessoas na orla.
O recorde foi registrado no ‘Guinness Book’, como o maior número de pessoas da história de concertos gratuitos no mundo.
Tributo a Tom Jobim
A fórmula do sucesso para o réveillon de Copacabana já estava definida, muitos fogos e grandes artistas. Com esse roteiro pronto, em 1995, a aposta foi em um único grande show, um tributo a Tom Jobim, que havia falecido em dezembro de 1994.
O show daquele ano contou com Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e Paulinho da Viola, entre outros artistas.
A festa em Copacabana estava consolidada e o público já começava a fazer planos para passar o próximo réveillon na cidade.
Naufrágio do Bateau Mouche
A história do réveillon de Copacabana tem como seu capítulo mais trágico o naufrágio do Bateau Mouche, em 1988, quando 55 pessoas morreram no mar, a caminho da Praia de Copacabana, onde assistiriam à tradicional queima de fogos.
Os 30 anos do naufrágio do Bateau Mouche
Segundo a Marinha e a Polícia Civil, Bateau Mouche IV (nome oficial) estava com excesso de passageiros e uma série de outras irregularidades, como furos no casco, escotilhas abertas e coletes salva-vidas fora do prazo de validade.
Cerca de 140 pessoas estavam no barco naquele dia. Com preço de Cz$ 150 mil (algo em torno de R$ 800), o passeio dava direito a ceia e música ao vivo, além de uma vista privilegiada para a praia.
Mudança no lançamento dos fogos
Até o ano 2001, a estrutura para os fogos da praia de Copacabana era montada na areia, em uma área que ficava isolada para evitar acidentes. Contudo, naquele ano o modelo se mostrou ineficiente.
Um acidente na hora do lançamento dos fogos acabou provocando a morte de uma pessoa e deixou mais 48 feridos, sendo quatro em estado grave.
Momento dos fogos em Copacabana
Gabriel Monteiro/Riotur
Segundo jornais da época, alguns dos ferimentos foram provocados por estilhaços de tubos de PVC que revestiam as bombas.
O mecânico José Maria Martins, de 44 anos, morreu após ser levado para o hospital Miguel Couto. Outras pessoas também acabaram queimadas no acidente.
A partir de então, os fogos passaram a ser lançados de balsas no mar.
Fogos ao som de ‘Evidências’
Uma das novidades do réveillon de Copacabana em 2025, batizado pela prefeitura como o “Maior Réveillon do Mundo’’, é relacionada a queima de fogos.
Esse ano, os organizadores estão prometendo 35 mil disparos pirotécnicos em 12 minutos, sincronizados com música e disparados de 10 balsas que serão ancoradas na orla da Princesinha do Mar.
Balsas do réveillon estão quase prontas
Segundo a Prefeitura do Rio, equipamentos com conexão via GPS garantirão que cada balsa dispare os fogos com precisão, sincronizados em tempo real.
A trilha sonora que vai acompanhar o espoucar no céu terá canções mixadas de Lady Gaga, Madonna e Coldplay, mas com espaço ainda para “Evidências”, um dos maiores sucessos de Chitãozinho e Xororó.
Diogo Nogueira é o campeão de Copacabana
Nos últimos 20 anos o artista que mais se apresentou no palco principal do réveillon de Copacabana foi o sambista Diogo Nogueira. Ao todo, o cantor fez 4 shows da virada no maior palco do Rio de Janeiro.
Diogo Nogueira tocou nas festas de Ano Novo de 2020, 2016, 2013 e 2008.
O levantamento contabilizou apenas as apresentações no palco principal do réveillon de Copacabana dos últimos 20 anos, entre 2006 e 2025.
Diogo Nogueira agita a multidão na praia de Copacabana
Reprodução
O segundo artista com mais apresentações no período foi Zeca Pagodinho, com shows em 2023, 2016 e 2011.
Com duas apresentações nos últimos 20 anos estão Beth Carvalho, Lulu Santos, Carlinhos Brown, Anitta, Ludmilla e DJ Malboro.
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