Presidente afastado da Coreia do Sul é apoiado por jovens conservadores

Enquanto o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, que sofreu impeachment, luta por sua sobrevivência política, ele encontra aliados entre jovens conservadores.

Park Byeong-heon, 25, foi o favorito da multidão em um comício pró-Yoon no domingo (05), aplaudido enquanto fazia um discurso de 10 minutos em inglês voltado para a mídia estrangeira, condenando as tentativas das autoridades de prender Yoon por sua tentativa de impor lei marcial no mês passado.

“Este é o país que amamos. Temos que protegê-lo”, afirmou Park, um estudante universitário, à Reuters após discursar.

“Os idosos (nos comícios) sempre me dizem: ‘na verdade, se morrermos, é isso, são vocês, jovens, que estão em apuros’. Foi isso que me motivou a participar de mais comícios nos últimos dias.”

 

Embora a maior parte dos manifestantes pró Yoon pareçam ser formados por aposentados, jovens conservadores como Park desempenharam um papel visível na mobilização de apoio para o presidente afastado.

Apoio de influenciadores

YouTubers são apoiadores populares, alguns deles homens conservadores na faixa dos 30 anos, usaram o alcance online para mobilizar apoio e fazer alegações infundadas de que as eleições sul-coreanas foram marcadas por fraude, ecoando uma das justificativas de Yoon para impor brevemente a lei marcial em 3 de dezembro.

O ativismo deles foi encorajado pelo ex-governante, que declarou aos apoiadores em uma carta na quarta-feira (31) que ele estava “assistindo no YouTube ao vivo todo o trabalho duro” que estavam fazendo.

Um colunista do jornal conservador JoongAng Ilbo afirmou no mês passado que o “vício no YouTube” de Yoon o fez cair “em um mundo de ilusão dominado por teorias da conspiração”.

Park não vê dessa forma.

“Assisti a vídeos espalhando a verdade e pesquisei muito material. Percebi que toda a mídia sul-coreana estava mentindo, e isso fez meu coração ferver de raiva”, exclamou.

O jovem apontou para uma alegação do YouTuber Kim Sung-won, que também cobriu os comícios recentes, de que, assim como a eleição de 2020 que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, alegou ter sido fraudulenta, a Coreia do Sul enfrentou o mesmo risco.

Muitos manifestantes no comício em que Park compareceu foram vistos segurando uma faixa com o slogan “Stop the Steal” popularizado pelos apoiadores de Trump após a derrota para o presidente dos EUA, Joe Biden.

Os que estão ao lado dele adotaram o slogan na esperança de que Trump agisse ou falasse em apoio ao seu homólogo sul-coreano logo após a posse em 20 de janeiro.

Perfil dos apoiadores 

Grupos de jovens estavam entre uma multidão de cerca de 100 pessoas que ficaram acordadas a noite toda perto da residência de Yoon na sexta-feira (03), prometendo bloquear investigadores sul-coreanos que tentavam executar um mandado para prender o presidente acusado.

Um desses homens, o YouTuber Bae In-kyu, que se autodenomina um “antifeminista”, rótulo que o presidente também adotou, filmou a si sendo recebido por Yoon Sang-hyeon, um membro do conservador Partido do Poder Popular e um oponente vocal do impeachment do presidente.

Um dos vídeos de Bae defendendo a decisão de Yoon de impor a lei marcial sob a alegação de que havia preocupações legítimas sobre fraude eleitoral acumulou mais de 1 milhão de visualizações.

Homens sul-coreanos na faixa dos 20 anos representaram 63% dos eleitores que apoiaram o presidente afastado na eleição presidencial de 2022, que ele venceu por apenas 0,73%, em comparação com 26% das mulheres da mesma idade.

A eleição presidencial dos EUA de 2024 também viu uma mudança semelhante para a direita entre os homens jovens, com 56% dos homens de 18 a 29 anos votando em Trump no ano passado, em comparação com 41% em 2020.

O governo anterior de centro-esquerda da Coreia do Sul, sob o então presidente Moon Jae-in, havia prometido enfrentar as desigualdades de gênero no país de 52 milhões de habitantes.

A Coreia do Sul tem a pior disparidade salarial de gênero na OCDE e sua taxa de participação feminina no mercado de trabalho está abaixo da média da OCDE.

Esse esforço, no entanto, levou a uma reação negativa entre os homens do país, à medida que as percepções de discriminação reversa aumentaram, incluindo o descontentamento com o serviço militar obrigatório de homens jovens, conforme um artigo de outubro de 2024 de Soohyun Christine Lee, professora sênior do King’s College London.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Presidente afastado da Coreia do Sul é apoiado por jovens conservadores no site CNN Brasil.

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