Trump tenta impedir publicação de relatório sobre acusações contra si

O promotor especial Jack Smith está preparando um relatório final sobre os dois casos federais apresentados contra Donald TrumpDREW ANGERER

Drew Angerer

Donald Trump quer bloquear a publicação de um relatório do promotor especial Jack Smith sobre a investigação que levou a acusações criminais contra o ex e agora futuro presidente dos Estados Unidos.

Ambos os casos foram arquivados depois que Trump venceu as eleições presidenciais de novembro, mas Smith vem preparando um documento final para o procurador-geral Merrick Garland no qual resume suas conclusões.

Trump, de 78 anos, foi acusado de conspirar para anular os resultados das eleições de 2020 que perdeu para Joe Biden e de eliminar grandes quantidades de documentos ultrassecretos após deixar a Casa Branca.

Entretanto, os casos nunca chegaram à fase de julgamento e Smith os arquivou após as eleições, citando uma antiga política do Departamento de Justiça de não acusar nem processar um presidente em exercício.

Nesta terça, Trump acusou Smith de querer “escrever um relatório, provavelmente logo antes de que eu tome posse” em 20 de janeiro.

“Por que deveria ter direito a escrever um relatório falso?”, questionou o presidente eleito em entrevista coletiva, lançando insultos contra o promotor especial, alvo favorito de seus ataques, o acusando de ter realizado “uma investigação falsa” contra um opositor de Joe Biden.

Em uma carta enviada na segunda-feira, os advogados de Trump exigiram que Smith “ponha fim a todos os esforços para a preparação e publicação” de seu relatório final sobre os casos contra Trump, que tomará posse como o 47º presidente dos Estados Unidos em menos de duas semanas.

“Em vez de reconhecer, como deve, a completa exoneração do presidente Trump, Smith busca agora difundir um ‘Relatório Final’ extrajudicial para perpetuar suas acusações falsas e desacreditadas”, afirmaram.

“O plano proposto por Smith para publicar um relatório é ilegal, foi feito de má-fé e é contrário ao interesse público”, acrescentaram.

A publicação do relatório “não seria mais que uma manobra política ilegal, desenhada para prejudicar politicamente o presidente Trump”, disseram seus advogados.

Dois dos defensores do presidente eleito que assinam a carta, Todd Blanche e Emil Bove, foram nomeados por ele para cargos de alto escalão no Departamento de Justiça.

– Garland decide –

Em uma moção judicial nesta terça, Smith disse que seu escritório estava trabalhando em um relatório confidencial de dois volumes para Garland, no qual explica suas decisões processuais.

“O procurador-geral decidirá se alguma parte do relatório deve ser tornada pública”, disse Smith.

No ano passado, Garland permitiu a publicação de um relatório de outro promotor especial, Robert Hur, sobre a gestão de documentos classificados por parte de Biden enquanto era vice-presidente.

Hur se negou a apresentar acusações contra Biden, mas, em um comentário politicamente prejudicial, o descreveu como um “homem idoso de memória ruim”.

Trump foi acusado por Smith de conspiração para fraudar os Estados Unidos e de conspiração para obstruir um procedimento oficial: a sessão do Congresso convocada para certificar a vitória de Biden, que foi violentamente atacada em 6 de janeiro de 2021 por uma turba de apoiadores do então presidente.

O magnata republicano também foi acusado de tentar privar de direitos os eleitores com suas afirmações falsas de que ganhou as eleições de 2020.

Além disso, Trump enfrentou dois casos estaduais: em Nova York e Geórgia.

Em maio, o magnata foi declarado culpado em Nova York de 34 acusações de falsificação de registros comerciais para ocultar um pagamento em troca do silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels na véspera das eleições de 2016 para evitar que ela revelasse um suposto encontro sexual que teria acontecido em 2006.

A sentença neste caso foi marcada para a sexta-feira, mas o juiz Juan Merchan disse que não está disposto a impor uma pena de prisão.

Na Geórgia, Trump enfrenta acusações de extorsão por suas tentativas de subverter os resultados das eleições de 2020. Mas esse caso provavelmente ficará congelado enquanto ele estiver na Presidência.

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