Com ventos de furacão, Los Angeles (EUA) enfrenta pior incêndio da história; milhares de pessoas deixam suas casas


Correspondente Ismar Madeira relata que estúdios de cinema cancelaram gravações e exibições de filmes que eram essenciais para a divulgação no auge da temporada de prêmios do cinema, entre eles, o Oscar. Los Angeles enfrenta o pior incêndio da história
A cidade de Los Angeles, no estado americano da Califórnia, enfrenta o pior incêndio de sua história: 155 mil pessoas tiveram que sair de casa; duas pessoas morreram. Os correspondentes Ismar Madeira, Daniel Silva Pinto e Luigi Sófio acompanharam a fuga dos moradores e o combate às chamas.
Para onde se olhava na rua, tudo queimava. Da placa de trânsito às casas esvaziadas. Os bombeiros trabalharam a madrugada toda, e já começam a ficar sem água. Imagens feitas de um avião mostram o incêndio avançando pela mata próxima a Los Angeles.
Para uma TV americana, um homem que trabalha em uma casa de repouso disse que viu o fogo se aproximando rapidamente e correu para retirar as pessoas – muitas delas em cadeiras de rodas – antes de o prédio ser engolido pelas chamas.
Los Angeles: tempo seco e os ventos de furacão, de até 160 km/h, fizeram com que as chamas se espalhassem
Jornal Nacional/ Reprodução
O primeiro foco de incêndio começou em Pacific Palisades, na faixa entre Santa Monica e Malibu, a oeste de Los Angeles. O tempo seco e os ventos de furacão, de até 160 km/h, fizeram com que as chamas se espalhassem por toda a região em poucas horas. Enquanto isso, outros três grandes incêndios começaram ao norte e a noroeste da cidade.
No caminho de quem chegava a Los Angeles nesta quarta-feira (8), o céu estava tomado pela fumaça. Mal dava para ver a cidade no horizonte – ou mesmo o sol, que parecia brilhar menos que as chamas.
“Você conseguia ver um sol quase como se fosse naqueles filtros que a gente usa para ver o eclipse. Você vê o sol enorme no céu, mas a fumaça está completamente tapando”, conta o roteirista Rodrigo Nogueira.
Rodrigo mora em uma área que ainda não tem ordem de retirada. Mas ele já vê amigos saindo de casa.
“Eu fui em um show, em uma performance que era no restaurante literalmente aqui do lado da minha casa. No meio do show, a performer estava lá e chegou alguém, falou uma coisa no ouvido dela, ela falou: ‘Gente, desculpa, eu acabei de saber que eu vou ter que evacuar a minha área’. Ela simplesmente saiu e foi embora. Teve que abandonar o show no meio”, conta Rodrigo.
Com ventos de furacão, Los Angeles (EUA) enfrenta pior incêndio da história; milhares de pessoas deixam suas casas
Jornal Nacional/ Reprodução
A atriz Stephanie Perk teve que deixar o apartamento onde mora em Santa Monica. Ela saiu só com o carro e não sabe para onde ir. Por uma câmera no celular, viu que seu prédio não foi atingido.
“O Palisades, que é do lado, que é onde começou, está acabado. Tem lugar que a gente sempre ia juntas e que não existe mais. Amigos que moravam lá também, que as casas estão completamente queimadas, que não tem nada lá. A gente foi comprar máscara. Comprei dois pacotes de máscara, que eles recomendam. A gente tentou achar purificador de ar, mas não tinha nada”, conta.
A jornalista Lígia Modena tinha ido passar uns dias no Rio de Janeiro e acabou de voltar para Los Angeles, onde mora há cinco anos:
“Eu nunca vi nada igual na minha vida. Eu estou vendo uma cidade vazia, não estou vendo pessoas andando na rua, fazendo caminhadas como costumam fazer. E quem eu vi , eu vi que está de máscara”, diz.
Em segurança, o correspondente Ismar Madeira chegou o mais próximo possível do incêndio ao norte, na cidade de Pasadena:
“Eu estou andando um pouquinho, agora que o vento diminuiu um pouco na área onde eu estou, para mostrar para vocês como o trânsito está acontecendo por aqui. Polícia e bombeiros estão evitando que as pessoas passem com o carro a partir dessa área aqui para frente. Tem um carro da polícia bloqueando essa passagem. Os carros estão dando meia volta. A não ser quem tenha necessidade extrema de passar desse ponto, não há autorização”, relata.
A cada hora, a cidade ficava mais deserta. Além da população, o comércio de Pasadena também recebeu alertas. Em um shopping, nada abriu as portas. Restaurantes, supermercados, farmácias: tudo ficou fechado por causa da proximidade com o fogo e com a fumaça. Não abriram as portas nesta quarta-feira (8), não devem abrir nesta quinta-feira (9), e agora os comerciantes aguardam as orientações das autoridades para saber como serão os próximos dias.
Um senhor retirou o que podia do mercadinho dele e contou que dali seguiria para um lugar seguro, com alimentos e alguns produtos.
Estúdios de cinema cancelaram gravações e exibições de filmes que eram essenciais para a divulgação no auge da temporada de prêmios do cinema, entre eles, o Oscar.
A atriz Fernanda Torres ficou em Los Angeles depois do Globo de Ouro para uma exibição especial do filme “Ainda Estou Aqui”. O evento foi cancelado. Fernanda postou uma foto com a legenda:
“Da minha janela, vejo Los Angeles em chamas”.
Atualização
De Pasadena, na região metropolitana de Los Angeles, o correspondente Ismar Madeira atualizou a situação na noite desta quarta-feira (8). Um milhão de casas estão sem eletricidade no estado nas áreas atingidas pelo incêndio.
O presidente Joe Biden decretou estado de emergência. E a prefeitura da cidade de Santa Monica publicou uma nova ordem para a população deixar suas casas. É que mesmo em regiões em que o fogo não está tão perto, a fumaça, quando o vento bate, pode fazer mal à saúde das pessoas. Essa fumaça tem chegado próximo de Los Angeles, que fica a cerca de meia hora, 40 minutos de Pasadena. De lá é possível ver a fumaça – como a Fernanda Torres registrou – e o fogo. A grande preocupação é: como será possível controlar esse fogo já que os ventos estão fazendo com que ele se alastre com muita velocidade?
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