Nunca estivemos tão perto de saber o mandante, diz Freixo à CNN sobre caso Marielle

O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, disse, nesta segunda-feira (24), em entrevista exclusiva à CNN, que nunca se esteve tão perto de descobrir os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.

“A Polícia Federal tem muita competência, qualidade técnica para saber onde as provas estão levando. Só me cabe, como cidadão e pessoa que trabalhou com a Marielle por tantos anos, esperar o resultado da investigação e o resultado do trabalho, tanto da polícia quanto do Ministério Público. O ministro Flávio Dino falou da participação das milícias. As milícias do Rio de Janeiro elas têm uma metástase, estão em todos os lugares, é muito difícil que um crime como esse não tenha envolvimento da milícia”, declarou Freixo.

“Mas nós temos que saber quem é o mandante. Que grupo político mandou matar, qual a razão. A gente só vai saber a razão quando souber o mandante. Eu acho que nunca estivemos tão perto de saber. Isso é muito importante para qualidade da ação da polícia, para a segurança pública e os direitos humanos no Brasil”, prosseguiu.

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Segundo Freixo, após a Polícia Federal assumir o caso, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a questão é tratada de outra maneira, com um melhor nível de entrega, de diálogo, de satisfação e capacidade técnica.

“Foram muitos anos de expectativa. Foram cinco delegados da Polícia Civil trocados ao longo da investigação pelo Governo do Rio de Janeiro. Então, houve um descaso muito grande com um caso muito importante, tão relevante para a democracia brasileira. Estamos falando de uma vereadora eleita, assassinada covardemente, por alguma razão política, que nós não sabemos qual é. Existem várias linhas, todas têm que ser investigadas, nenhuma linha pode ser abandonada”, explicou Freixo.

A investigação do caso Marielle ganhou um novo capítulo, nesta segunda-feira, por conta das revelações do ex-policial militar Élcio Queiroz em delação premiada. 

Preso desde março de 2019, Queiroz – acusado de dirigir o carro usado na noite do crime – confirmou a sua participação, além de apontar outras pessoas como coparticipantes do crime.

As declarações, que foram colhidas no presídio federal de Brasília, levaram à Operação Élpis, da Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que cumpriu um mandado de prisão preventiva contra o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa e sete mandados de busca e apreensão.

O que foi dito na delação sobre o assassinato de Marielle e Anderson

Maxwell seguia os passos de Marielle, se desfez de armas e levou o carro utilizado no crime para desmanche;
Ronnie Lessa foi de fato quem disparou os tiros que mataram Marielle e Anderson.

Em seu depoimento, Élcio Queiroz afirmou que Ronnie Lessa – sargento reformado que, assim como ele, está preso desde março de 2019 – foi o autor dos disparos que mataram Anderson e Marielle, após a vereadora participar de um evento na Casa das Pretas, no bairro carioca da Lapa.

Élcio narrou também a participação de um terceiro indivíduo, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa.

Conhecido como Suel, ele fazia “campana” seguindo os passados de Marielle, e ainda teria ajudado a esconder armas de Ronnie Lessa e levado o carro utilizado na noite do crime para um desmanche. O ex-bombeiro já havia sido preso, em junho de 2020, por obstrução de Justiça, acusado de atrapalhar as investigações da morte da vereadora e do motorista, mas cumpria a pena em regime domiciliar.

“Maxwell auxilia no crime tanto antes, na manutenção e guarda do carro, na vigilância da vereadora. Após o crime, ele auxilia os executores a trocar as placas do veículo, auxilia também ao contatar a pessoa que foi responsável por se desfazer do carro. E Maxwell era quem auxiliava na manutenção da família do Élcio. Ele vinha auxiliando os executores a se eximirem da sua participação do crime. Ele solto continuaria a se desfazer de provas, com indícios de movimento do Maxwell em atividades de organização criminosa”, disse o promotor Eduardo Morais.

“Conseguimos, em um trabalho conjunto com o MP, exaurir e determinar com muita precisão, e com lastro probatório muito importante e firme, como foi aquele dia 14 de março de 2018”, disse o superintendente regional da PF, Leandro Almada da Costa, em entrevista coletiva, no Rio de Janeiro.

O superintendente ainda disse que, com a delação, “um pacto de silêncio foi rompido” com a delação.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Nunca estivemos tão perto de saber o mandante, diz Freixo à CNN sobre caso Marielle no site CNN Brasil.

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