Música de Zélia Duncan foi ‘ingrediente’ para inclusão da inconfidente Hipólita Jacinta no Livro dos Heróis da Pátria


Hipólita Jacinta Teixeira de Melo foi quem avisou os inconfidentes da prisão de Tiradentes. Ela ainda financiou ações do movimento e disponibilizou a própria residência para encontros e reuniões, no fim do século XVIII. “Hipólita, Hipólita, insólita a tua coragem
Na margem da história de ontem
Que hoje se ajeita nos fatos”
O trecho acima é da música “Dona Hipólita Jacinta”, escrita por Zélia Duncan, com participação de Ana Costa.
Ela foi fundamental para que Hipólita Jacinta Teixeira de Melo entrasse no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A determinação foi sancionada pelo presidente Lula (PT) neste mês de janeiro. Ela participou ativamente da Inconfidência Mineira e é considerada uma das lideranças do movimento, ocorrido no fim do século XVIII contra o domínio português.
A historiadora Heloísa Starling disse no podcast Gerais no g1 que a canção de Zélia e Ana estavam nos documentos que pediam a entrada da inconfidente no livro. (ouça acima)
Mineira Hipólita Jacinta Teixeira de Melo se torna oficialmente heroína da pátria
A iniciativa é de de autoria do deputado federal Jonas Donizette (PSB-SP). Durante a tramitação do projeto no Senado, o projeto teve como relator o senador Cid Gomes (PSB-CE).
“Acho que é a primeira vez que uma música serve de ‘ingrediente’ para uma política pública deste tipo”, disse Heloísa.
O memorial reúne nomes de brasileiros e brasileiras que dedicaram a vida à pátria e contribuíram de alguma forma para a liberdade e a democracia do país, como Zumbi dos Palmares, Ulysses Guimarães, Maria Filipa de Oliveira, Dandara dos Palmares, Machado de Assis e Chico Mendes.
“Hipólita estava nesse lugar da mulher invisível e que fez tanto no seu tempo e foi apagada pelo fato ser mulher”, falou Zélia.
Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria
Agência Senado/ Moisés Nazário
Quem foi Hipólita
Nascida em Prados, no Campo das Vertentes, em 1748, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo participou ativamente da Inconfidência Mineira, apesar de o protagonismo dela ter sido ignorado por registros históricos.
A mineira, que fazia parte da elite de Vila Rica, colaborou para a comunicação entre os inconfidentes, financiou ações do movimento e disponibilizou a própria residência para encontros e reuniões.
Foi ela quem escreveu a carta dando notícias da prisão de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e orientando os conjurados a iniciar um levante militar.
“Ela não só participa da conspiração, como ela é uma liderança na medida em que ordena e é obedecida. Então, é uma mulher extraordinária. Completamente transgressora. […] É a mulher que vai para a cena pública e fala com a voz própria sobre a liberdade, sobre a República, sobre a independência. Isso é a transgressão mais difícil para a mulher até hoje”, afirmou a historiadora e professora Heloísa Starling.
A rebelião acabou debelada, e os líderes do movimento, presos. O governo das minas da época mandou apreender todos os bens de Hipólita.
Em 2023, ela se tornou a primeira mulher a ter uma lápide no Panteão dos Inconfidentes, em Ouro Preto, Região Central de MG. Devido à falta de documentação, não se sabe onde os restos mortais da inconfidente estão nem como era a fisionomia dela.
Hipólita Jacinta entra para o Panteão dos Inconfidentes
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