Pelo menos 70 morrem após ataque de drones a hospital no Sudão

Pelo menos 70 pessoas foram mortas após um ataque de drones atingir o último hospital em funcionamento em El-Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, no Sudão, na sexta-feira (24) à noite, de acordo com autoridades locais e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No momento do ataque, o hospital estava “lotado de pacientes recebendo cuidados”, afimrou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, no sábado (25), com o Ministério das Relações Exteriores do Sudão dizendo que as vítimas do ataque eram principalmente mulheres e crianças.

O ataque ao Hospital Universitário Materno Saudita em El-Fasher marca a mais recente escalada em uma série de violência na guerra civil de 20 meses do Sudão – uma disputa brutal de poder entre as Forças de Apoio Rápido paramilitares (RSF) e as Forças Armadas Sudanesas (SAF) que desencadeou uma das piores crises humanitárias do mundo e matou mais de 20 mil pessoas e deslocou mais de 11 milhões de outras, de acordo com as Nações Unidas.

O ataque aéreo de sexta-feira é um dos muitos que resultaram em várias vítimas civis. No mês passado, mais de 100 pessoas foram mortas depois que bombas atingiram um mercado lotado na cidade de Kabkabiya.

Adhanom não revelou quem foi o responsável pelo ataque de sexta-feira.

A SAF e a RSF, ambas lideradas por dois dos generais mais poderosos do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan e Mohamed Hamdan Dagalo – também conhecido como Hemedti – frequentemente acusam um ao outro de realizar ataques de drones em áreas civis.

O governador de Darfur, Mini Minnawi, culpou a RSF pelo ataque ao hospital, dizendo: “Ele exterminou todos os pacientes que estavam lá dentro”.

O Ministério das Relações Exteriores do Sudão também acusou a RSF pelo ataque, descrevendo o ataque como um massacre.

“Mais de 70 civis recebendo tratamento, a maioria mulheres e crianças, foram vítimas do massacre quando a milícia atacou o departamento de acidentes do hospital com drones”, declarou o ministério em um comunicado.

CNN solicitou um posicionamento da RSF, que não comentou as alegações até o momento.

O hospital saudita, a unidade pública restante de El-Fasher com capacidade para realizar cirurgias e tratar os feridos, já foi atacado anteriormente. Em agosto passado, um cuidador de paciente foi morto quando um ataque aéreo atingiu a ala cirúrgica do hospital. Outros cinco ficaram feridos naquele ataque.

A RSF controla grandes áreas de Darfur, incluindo grande parte das regiões oeste e central do país, pois compete ferozmente pelo controle da região com os militares sudaneses. El-Fasher é a última grande cidade em Darfur ainda não capturada pela RSF.

O chefe da OMS declarou que o ataque ao hospital de sexta-feira está tornando a vida das pessoas na região ainda mais difícil, pois “acontece em um momento em que o acesso à assistência médica já está severamente limitado” em Darfur do Norte “devido ao fechamento de unidades de saúde após intensos bombardeios”.

Adhanom pediu às partes em guerra que cessassem a luta e deixassem as unidades de saúde do Sudão em paz, acrescentando que, “acima de tudo, o povo do Sudão precisa de paz. O melhor remédio é a paz”.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Pelo menos 70 morrem após ataque de drones a hospital no Sudão no site CNN Brasil.

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