Equipe do Ministério das Mulheres vai a MS acompanhar apuração de feminicídio de jornalista em Campo Grande

Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi esfaqueada, em casa, pelo ex-noivo, Caio Nascimento, na quarta-feira (12). Uma equipe do Ministério das Mulheres vai acompanhar em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a apuração de um caso de feminicídio.
Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi esfaqueada, em casa, pelo ex-noivo, Caio Nascimento, na quarta-feira (12).
Neste sábado (15), colegas de profissão fizeram uma homenagem à jornalista e reivindicaram melhorias no combate à violência contra a mulher.
A família acusa a polícia de não ter feito o atendimento adequado e pede a condenação de Caio Nascimento, que está preso preventivamente.
Caio já tinha outras seis medidas protetivas de ex-companheiras e respondia a 13 processos de violência contra a mulher.
Pouco antes de ser assassinada, Vanessa enviou áudios a uma amiga, questionando a forma como tinha sido atendida na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher.
“Eu fui falar com a delegada, tentar explicar toda a situação. O jeito que ela me tratou foi bem prolixo, sabe? Bem fria, seca. E ela toda hora me cortava. Eu falei assim: não, eu queria entender quem que é essa pessoa, ver o histórico dela. Ela pegou e falou para mim que não podia passar o histórico dele, mas que eu já sabia, porque ele mesmo tinha falado de agressões. Eu não posso te passar isso aí, é sigiloso… Sigilo. Assim, parece que tudo protege o cara, né? O agressor”, conta Vanessa em áudio.
A jornalista afirma que chegou a ser orientada a voltar pra casa em que morava com o ex-noivo, mesmo depois de registrar um boletim de ocorrência contra ele.
“Eu falei, mas eu preciso ir para minha casa, preciso tomar banho, faz dois dias que eu não tomo banho, que eu não troco de roupa. Aí ela: então vai para sua casa. Você já avisou ele? Manda uma mensagem falando para ele deixar a casa. Então, assim, eles não entendem, né, a dimensão do negócio”, diz.
Depois da divulgação dos áudios da jornalista, a Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul afirmou que “a polícia ofereceu todas as orientações e medidas existentes para a tutela da segurança e a vida da vítima. Que seguiu o protocolo operacional, inclusive, com a orientação de não voltar para casa e permanecer no alojamento da Casa da Mulher Brasileira, sugestão que não foi aceita pela vítima e não pode ser coercitiva”.
O governo de Mato Grosso do Sul disse que a Corregedoria da Polícia Civil está investigando o atendimento. E que é preciso identificar erros e planejar mudanças para por fim à morte de mulheres.
Uma equipe do Ministério das Mulheres chega ainda neste sábado (15) a Campo Grande para acompanhar as investigações. A nota do ministério afirma que Vanessa não poderia ter voltado para casa “sem a escolta da Patrulha Maria da Penha, de acordo com o protocolo de avaliação de risco para mulheres em situação de violência e que orienta o atendimento na Casa da Mulher Brasileira.”
Vanessa foi sepultada na sexta-feira (14), em Três Lagoas, cidade onde nasceu.
“Eu quero justiça sobre esse caso, que não fique sepultado como ela está lá agora”, diz Agmar Jacinto Ricarte, pai de Vanessa.
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