Explosão de celular: como baterias de aparelhos que você tem em casa podem estar sujeitas a riscos


Baterias de lítio geram energia sem ocupar muito espaço, mas são sensíveis a danos ou ao mau uso. Elas também são usadas em bicicletas, patinetes e veículos elétricos. Celular explode no bolso de calça de mulher em Anápolis (GO)
TV Globo/Reprodução
Um celular explodiu no bolso da calça de uma jovem enquanto ela fazia compras em Anápolis (GO) na semana passada. A estudante contou que o aparelho e o carregador eram originais e não tinham sinal de defeito.
Após o acidente, Stella Barralho precisou fazer duas raspagens para estimular a regeneração da pele e evitar infecções. Ela mostrou ao Fantástico as roupas e itens queimados.
“Eu não consigo mais ficar tão perto de celular”, diz. “Eu não consigo ter essa proximidade, a confiança que eu tinha. Eu não tenho tido contato com o aparelho igual antes.”
Mas como pode um celular explodir assim, de repente?
O problema é maior do que o celular: o risco vem do lítio. Baterias desse tipo geram energia sem ocupar muito espaço, mas são sensíveis a danos ou ao mau uso.
Todos os eletrônicos são feitos para funcionar numa temperatura de até 40ºC, 45ºC, então o calor excessivo pode acabar danificando a camada de proteção da bateria. E, se o lítio entrar em contato com o ar, pode causar uma combustão. Foi o que aconteceu no caso da Stella.
A Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) deixa claro que o número de acidentes ainda é pequeno, considerando a quantidade de aparelhos no Brasil. Mas, desde que a contagem começou, a média é de 12 mortes por ano.
Baterias de lítio também são usadas em bicicletas e motos elétricas, em patinetes e carros elétricos. Maria Clara Ribeiro e o marido escaparam por pouco de um incêndio que começou enquanto eles carregavam a bateria da scooter na Barra, Zona Oeste do Rio.
O casal chegou a acordar com os gritos dos vizinhos. O cachorro também não deixou os dois voltarem a dormir. Tofe latia a centímetros do rosto deles, puxava o cobertor com dentes.
“Bem atípico. Quando o meu marido abriu a porta, ele já viu aquela coisa laranja na sala. Foi lá pra ver o que era, já estava pegando fogo”, conta Maria.
A destruição foi quase total, mas o casal recebeu ajuda dos vizinhos para reconstruir o apartamento.
Um casal do Leblon, na Zona Sul do Rio, viveu a mesma rotina de perícias. A bateria da bicicleta também explodiu na tomada.
Alguns condomínios tentam criar pontos de recarga na área comum, mas o perigo pode ser ainda maior se a instalação for perto da tubulação de gás.
Segundo Edson Martinho, diretor executivo da Abracopel e especialista em segurança elétrica, o problema pode acontecer com qualquer carregador, mas o risco é muito maior com os piratas porque não têm um sistema de proteção contra a sobrecarga.
Ele explica: “A caixa d ‘água, você tem lá a boia, vai colocando água, chega uma hora que ela trava. O carregador que não é original, ou a própria bateria que não é original, eles não têm esse sistema. Então, eles ficam mandando água, ou seja, no caso, elétrons para a bateria, vão mandando, mandando, até a hora que transborda. No caso da bateria, ela enche e isso vai gerar um aquecimento excessivo, vai gerar aquele estufamento e aí pode explodir.”
Edson disse que os incidentes costumam acontecer com o aparelho plugado — por isso vale evitar carregar por mais tempo do que o necessário.
Um superaquecimento fora da tomada é ainda mais raro, mas aconteceu dentro de um ônibus em Guarapari, Região Metropolitana de Vitória. A fumaça vinha do bolso de uma passageira.
“Eles começaram a gritar ‘o ônibus tá pegando fogo!’ e eu falando ‘me ajuda, gente, a tirar o celular do meu bolso'”, lembra a diarista Maria de Fátima Araújo.
O abafamento aumenta o risco de fuga térmica. Quando as baterias não conseguem dissipar o calor que geram, acontecem incêndios e até explosões. Um aparelho quente demais precisa ser desligado.
A Abracopel recomenda atenção aos danos físicos: se a bateria rachar ou sofrer impacto forte, como uma queda, pode acontecer um vazamento.
“A regra que nós falamos do celular se aplica à tablet, notebook, bicicleta elétrica, patinete elétrico e veículo elétrico. Ou seja, todos têm o mesmo tipo de bateria. Cada um tem a sua proteção. Então, uma bateria pequenininha é protegido um pouquinho. Uma bateria um pouco maior vai ter uma proteção um pouco maior”, resume o especialista Edson.
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