O impacto do transporte e da logística de última milha de e-commerces

O impacto do transporte e da logística de última milha de e-commerces

A logística de última milha visa entregas rápidas que fidelizam clientes. A otimização de rotas melhora a experiência, mas há desafios como a busca por soluções sustentáveis para reduzir emissões – Foto: Divulgação

A logística de última milha lida com a entrega de produtos ao consumidor final. Esse segmento apresenta desafios únicos, como a redução de custos e a otimização do tempo de entrega.

Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o comércio eletrônico no Brasil deverá registrar um crescimento de 10% em 2025, atingindo um faturamento estimado em R$ 224,7 bilhões.

A crescente expansão do e-commerce intensifica a necessidade de um sistema logístico ágil e adaptável e levanta questões importantes sobre como as empresas podem atender às crescentes expectativas dos clientes.

De acordo com a Statista, até 2027, o mercado global de entregas de última milha deverá crescer para mais de 200 bilhões de dólares. Esse crescimento é impulsionado pelo aumento no volume de pedidos online.

Já segundo levantamento do The Business Research Company, o tamanho do mercado global de logística de última milha em 2025 é de US$ 202,01 bilhões e ainda vai crescer 12,6% até 2029.

Como funciona a logística de última milha e a importância

A logística de última milha se refere ao procedimento de entrega dos produtos ao consumidor final, ou seja, desde o centro de distribuição até o destinatário. Logo, ela é uma parte primordial da cadeia de suprimentos.

A eficiência nesta fase é necessária para garantir que os produtos cheguem ao cliente de forma rápida e em boas condições. Segundo a SAP, multinacional alemã do setor de tecnologia, 65% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por entregas mais rápidas. Os desafios incluem o aumento da demanda e a necessidade de atender a prazos curtos.

Dentre as soluções adotadas, está a utilização de tecnologias como geolocalização. A logística de última milha pode impactar a experiência do consumidor, o que reforça a necessidade de um planejamento apropriado.

A ascensão do e-commerce no Brasil tem modificado a dinâmica da logística de última milha. As organizações precisam se adaptar a um mercado bastante dinâmico. As expectativas dos clientes aumentaram, exigindo prazos mais curtos e alternativas de entrega flexíveis.

A logística de última milha se refere ao procedimento de entrega dos produtos ao consumidor final, ou seja, desde o centro de distribuição até o destinatário – Foto: Divulgação

Consequentemente, as empresas têm investido em soluções inovadoras, como o uso de entregadores autônomos e parcerias com serviços de entrega locais. A utilização de pontos de coleta também se torna cada vez mais comum, permitindo maior conveniência para o consumidor.

Principais desafios no Brasil

A logística de última milha no Brasil enfrenta uma série de desafios que impactam a eficácia e a boa aceitação do consumidor. Com um cenário urbano complexo e uma demanda crescente por entregas rápidas, as empresas precisam se adaptar constantemente.

Custos elevados

Os custos de entrega na última milha são significativamente altos no Brasil, devido a fatores como a infraestrutura deficiente, tarifas de transporte e a necessidade de uma frota diversificada para atender diferentes tipos de entregas.

Segundo o Datafrete, o custo logístico representa 13,7% do PIB no Brasil, comparado a 8% nos EUA. Além disso, 75% dos consumidores abandonam compras online devido ao alto custo do frete. Esses custos podem ser exacerbados em áreas remotas ou de difícil acesso.

Expectativas de entrega rápida

Os consumidores brasileiros estão cada vez mais exigentes em relação à rapidez das entregas, influenciados por grandes players do e-commerce internacional e mesmo nacional que oferecem alternativas de entrega ainda no mesmo dia ou até mesmo em poucas horas.

Essa expectativa impõe uma pressão adicional para empresas do ramo de logística, que precisam ajustar suas transações para atender essa demanda sem comprometer a qualidade do serviço.

Gestão de devoluções

A gestão de devoluções é um aspecto crítico na logística de última milha. O processo de retorno de produtos pode ser complexo e custoso, exigindo uma logística reversa eficaz. A falta de um sistema ágil para lidar com devoluções pode resultar em insatisfação do cliente e aumento de custos operacionais.

Congestionamento urbano

O congestionamento nas grandes cidades brasileiras é um desafio permanente. O alto tráfego pode atrasar as entregas, aumentar os custos e dificultar a otimização das rotas.

As empresas precisam encontrar soluções criativas, como o uso de veículos elétricos, para contornar esses obstáculos e garantir entregas mais rápidas.

Tendências e inovações em logística de última milha

A logística de última milha é impulsionada por avanços tecnológicos e por uma crescente demanda por soluções sustentáveis. Estes elementos geram melhorias na eficiência operacional e na experiência do consumidor.

Uso de bicicletas elétricas

O uso de bicicletas elétricas está se consolidando como uma solução viável para a logística de última milha, em especial em regiões urbanas densas. O iFood Pedal, por exemplo, está disponível nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília.

Essas bicicletas oferecem uma alternativa sustentável e ágil, permitindo que as entregas sejam realizadas em locais de difícil acesso e em tempos reduzidos. Além disso, as bicicletas elétricas ajudam a reduzir os custos operacionais, já que demandam menos investimento em combustível e manutenção em comparação com veículos motorizados.

A adoção de bicicletas elétricas também está alinhada com a crescente demanda por práticas de entrega ambientalmente sustentáveis.

Pontos de coletas e lockers

Os lockers inteligentes estão se tornando uma tendência no Brasil, oferecendo conveniência tanto para consumidores quanto para empresas. Eles permitem que os clientes retirem suas encomendas em horários que melhor se adequem às suas rotinas, eliminando a necessidade de tentativas de entrega.

Os lockers inteligentes estão se tornando uma tendência, oferecendo conveniência tanto para consumidores quanto para empresas – Foto: Divulgação

Além disso, os lockers inteligentes ajudam a otimizar o fluxo de entregas nas cidades, o que diminui o número de veículos nas ruas e contribui para a redução do congestionamento urbano. As empresas podem instalar esses armários em pontos estratégicos, como shoppings ou centros comerciais.

Uso de sistemas de geolocalização

A geolocalização é uma ferramenta indispensável na logística de última milha, permitindo um rastreamento preciso das entregas. Com essa tecnologia, as empresas podem otimizar suas rotas.

Adicionalmente, a geolocalização oferece aos consumidores a capacidade de monitorar o status de suas entregas a qualquer momento, elevando o nível de transparência e a confiança no serviço.

A integração da geolocalização com outras tecnologias, como inteligência artificial, pode ainda proporcionar insights importantes sobre padrões de entrega e preferências dos clientes.

Uso de drones

Os drones estão emergindo como uma solução versátil. Eles podem fazer entregas em áreas de difícil alcance e realizar entregas em curtas distâncias em questão de minutos, e isso reduz o tempo de espera para os consumidores.

Enquanto a tecnologia avança e a regulamentação se adapta, espera-se que os drones desempenhem um papel cada vez mais significativo na logística de última milha e no  transporte de e-commerce.

Uso de sistemas de gestão inteligentes

A adoção de sistemas de gestão inteligentes é uma tendência que cresce na logística de última milha, permitindo que as empresas automatizem e otimizem seus processos.

Esses sistemas fazem uso de dados em tempo real para gerenciar inventários, rotas e recursos, resultando em uma operação menos suscetível a erros. A integração de sistemas de gestão com outras tecnologias, como IoT (Internet das Coisas) e IA, proporciona uma visão holística da cadeia logística.

Uso de redespacho

O redespacho é uma estratégia logística que está ganhando destaque. Essa prática consiste em transferir a carga de um veículo para outro em um ponto estratégico, facilitando a distribuição em áreas urbanas densas.

Com o redespacho, as empresas podem reduzir os custos de transporte e melhorar a eficiência, uma vez que os veículos menores podem acessar locais que os caminhões maiores não alcançam.

Veículos elétricos e autônomos

O uso de veículos elétricos na logística de última milha é uma resposta direta ao aumento das preocupações ambientais.

A introdução de veículos autônomos ainda está em desenvolvimento, mas promete transformar o modelo de operações. Apesar dos desafios regulatórios e tecnológicos, eles têm o potencial de otimizar a entrega.

Parcerias com transportadoras locais

As parcerias com transportadoras locais são cada vez mais relevantes na logística de última milha. Essas colaborações permitem que empresas ampliem sua capacidade de entrega, focando em líderes regionais que compreendem melhor os desafios locais.

Essas transportadoras muitas vezes possuem um histórico de eficiência e conhecimento do mercado que facilita a realização de entregas. Isso resulta em um aprimoramento na rapidez das entregas.

Impactos no setor de e-commerce

Um dos impactos da logística de última milha é a satisfação do consumidor. Uma entrega rápida não apenas fideliza os consumidores, mas também gera uma boa impressão sobre a marca, que se traduz em recomendações e repetição de compras.

Para garantir essa eficiência, a otimização de rotas por meio de sistemas de rastreamento e monitoramento em tempo real é fundamental, pois ajuda a minimizar atrasos e a proporcionar uma experiência mais fluida de entrega.

Quando os clientes têm suas expectativas atendidas, a probabilidade de se tornarem clientes fiéis aumenta consideravelmente.

Por outro lado, o aumento da demanda por entregas rápidas pode trazer outros impactos negativos, como o aumento do trânsito nas áreas urbanas e a consequente elevação das emissões de dióxido de carbono.

À medida que mais veículos circulam para atender a essa demanda, a poluição ambiental se torna um dilema e uma preocupação que cresce a cada dia, exigindo que as empresas busquem soluções sustentáveis.

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