Francisco quer quebrar tradição dos funerais dos papas

Que o Papa Francisco é indiscutivelmente diferente dos seus antecessores, já ficou claro em vários momentos de seu papado, em posicionamento e declarações. E outra tradição que ele pretende quebrar é em relação a seu sepultamento.

Ao contrário dos demais papas que o antecederam, Francisco não será enterrado com a maioria, nas grutas sob a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

O Papa Francisco revelou, no final de 2023, que “já preparou” seu túmulo na basílica de Santa Maria Maggiore, no bairro de Esquilino, em Roma, a maior igreja mariana de Roma e a primeira igreja do Ocidente dedicada a Maria em honra a Jesus Cristo. A igreja de Santa Maria é frequentada pelo Papa Francisco antes e depois de cada viagem.

Desde que São Pedro foi concluído em 1626, 24 de 31 – mais de três quartos – papas foram enterrados em suas grutas. Tradicionalmente, os papas falecidos são exibidos em uma plataforma elevada na basílica.

Papa Francisco afirmou que quer uma cerimônia mais simples. Novos ritos emitidos no ano passado disseram que Francisco será colocado para descansar em um único caixão de madeira forrado de zinco.

Seus antecessores, há séculos, são enterrados em um caixão especial. O Papa Bento XVI, por exemplo, foi enterrado em três caixões – incluindo um feito de chumbo – aninhados dentro um do outro. Hoje seu corpo se encontra enterrado em uma cripta debaixo do prédio.

Bento XVI ficou no mesmo túmulo que até 2011 foi ocupado por seu antecessor João Paulo II, que morreu em 2005. A tampa de madeira no caixão mais externo de Bento foi decorada com uma cruz de metal, o emblema de seu papado de quase oito anos e uma inscrição em latim, observando que ele havia vivido 95 anos, oito meses e 15 dias quando morreu em 31 de dezembro de 2022.

A inscrição também registra a data em que seu papado terminou quando ele se aposentou, em 28 de fevereiro de 2013, e se tornou Papa Emérito. Ele foi o primeiro papa em seis séculos a se aposentar.

As moedas cunhadas durante seu pontificado e suas estolas de pálio, a roupa religiosa usada sobre as vestes do papa, também foram colocadas no caixão.

Já os restos mortais do Papa João Paulo II foram transferidos para uma capela no andar principal da basílica depois que ele foi beatificado em 2011.

João XXIII, que morreu em 1963, foi enterrado em um sarcófago de mármore sob a Basílica de São Pedro. Desde 2001, seu corpo embalsamado está em exibição sob o altar de São Jerônimo, em São Pedro. Seu rosto estava coberto com uma fina camada de cera.

Momento de apreensão

Apesar do Papa Francisco ter dito também que não está com pressa de se aposentar, as suas decisões sobre seu sepultamento voltaram à pauta, porque, de acordo com publicação do Mail OnLine, o pontífice teria dito a confidentes que ele pode não sobreviver à pneumonia que ele vem tratamento. Francisco está internado desde a última sexta-feira (14) no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma. Inicialmente, foi diagnosticado com bronquite, mas a evolução da doença levou à descoberta de uma infecção polimicrobiana nas vias respiratórias. Na noite de terça-feira (20), exames mais detalhados, incluindo uma tomografia, identificaram a pneumonia bilateral.

O Vaticano tem divulgado boletins médicos com atualização do seu estado de saúde. O último boletim desta quarta-feira (19), afirma que houve “leve melhora” no quadro inflamatório, e sua situação segue “estável”.

A infecção é de particular preocupação porque o Papa teve parte de um de seus pulmões removidos quando ele tinha 21 anos.