Antologia ‘Mundo afro’ evidencia a pluralidade rítmica do som dos blocos afro e grupos de afoxé de Salvador


Produzido por Alê Siqueira, o disco reúne 21 gravações inéditas de Cortejo Afro, Didá, Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê, Malê Debalê, Muzenza e Olodum. Integrantes do grupo de afoxé Filhos de Gandhy, fundado em fevereiro de 1949 e o mais antigo do gênero no Brasil
Manuela Cavadas / Divulgação
♫ NOTÍCIA
♪ Polos de resistência e reserva do orgulho negro e da ancestralidade afro-brasileira na Bahia, os blocos afro e grupos de afoxé de Salvador (BA) construíram repertório de alta qualidade que se tornou um dos mananciais do cancioneiro dos ritmos englobados genericamente sob o rótulo de axé music.
Uma amostra dessa mina de músicas é dada pela antologia Mundo afro, disco que apresenta 21 gravações de sete importantes entidades desse universo afro-baiano. Cortejo Afro, Didá, Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê, Malê Debalê, Muzenza e Olodum figuram na antologia com três gravações inéditas, cada um, feitas com produção musical de Alê Siqueira.
O álbum Mundo afro foi gravado em novembro de 2024 na sede do Malê Debalê, em Salvador (BA), cidade natal do primeiro bloco afro fundado no Brasil – o Ilê Aiyê, criado em 1º de novembro de 1974 – e também berço do mais antigo grupo de afoxé, o Filhos de Gandhy, formado em 18 de fevereiro de 1949.
O bloco afro Muzenza, surgido em 1981, propaga na Bahia a cultura jamaicana do reggae e do rastafarianismo
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Em rotação nos players digitais desde ontem, 18 de fevereiro, dia do 76º aniversário do Filhos de Gandhy, o álbum tem prevista para maio uma edição em LP duplo.
No entender do produtor Alê Siqueira, o disco Mundo afro apresenta panorama plural da diversidade do percussivo universo musical afro-baiano. “Cada bloco tem a própria linguagem, toques e convenções particulares que lhes dão um sotaque e uma identidade poética única, mas sempre ligados às tradições matriciais africanas”, sintetiza Alê Siqueira.
Se o grupo Filhos de Gandhy desfila na cadência do ijexá, o Olodum – criado em 25 de abril de 1979, um mês após o Malê Debalê, fundado em 23 de março de 1979 – investe nos ritmos afro-caribenhos e no samba-reggae, gênero cuja batida foi originalmente sintetizada por ritmistas do Muzenza, bloco afro fundado em 5 de maio de 1981 com inspiração no rastafarianismo, na ideologia do reggae e na cultura jamaicana.
Capa do disco Mundo afro’, já disponível em edição digital e previsto para ser lançado em maio no formato de LP duplo
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♪ Eis as 21 músicas do disco Mundo afro com os respectivos compositores e intérpretes:
1. Reza, benzedura e simpatia (Aloísio Menezes, Portella Açúcar e Silvino Neto) – Cortejo Afro
2. Neguinho afrofuturista (Jorge Alfredo e João Santana) – Didá
3. Alfazema (Magary Lord, Peu Meurray e Antonio Leonardo) – Filhos de Gandhy
4. Matriarca do Curuzu (Paulo Natividade) – Ilê Aiyê
5. Negros sudaneses (Lazinho Boquinha) – Malê Debalê
6. Grito de liberdade (Adailton Poesia e Valter Farias) – Muzenza
7. Olodum firme na estrada (Paulo Jorge) – Olodum
8. Ajeumbó (Aloísio Menezes, Portella Açúcar e Silvino Neto) – Cortejo Afro
9. Uma nega (Neguinho do Samba) – Didá
10. Axé, paz e amor (Fito Evolução) – Filhos de Gandhy
11. Nzinga brasileira (Sandro Teles e Mário Pam) – Ilê Aiyê
12. Que diz meu povo (Miguel Arcanjo) – Malê Debalê
13. Jah Jah Muzenza (George Nascimento Chocolate) – Muzenza
14. Olodum Fulalá (Marquinhos Marques, Bida e Bira Afrosambah) – Olodum
15. Yabás (Valmir Brito) – Cortejo Afro
16. Didá mulher guerreira (Bira Cachoeira) – Didá
17. Dandarerê (Mestre Regy) – Filhos de Gandhy
18. Filhos do Barro Preto (Rita Mota) – Ilê Aiyê
19. Sorri negão (Dico Rasta) – Malê Debalê
20. Negro lindo (Adailton Paixão e Zildo) – Muzenza
21. Dumdum – O pulso toque do Olodum (Valmir Brito, Reginaldo Dias e Rui Poeta) – Olodum
Didá, banda feminina formada em 13 de dezembro de 1993, figura na antologia Mundo afro’
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