Casa Branca ameaça ‘abrir as portas do inferno’ contra cartéis de droga

O Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Mike Waltz, fala durante a Conferência Anual de Ação Política Conservadora (CPAC) no Gaylord National Resort Alex Wroblewski

Alex Wroblewski

A Casa Branca disse, nesta sexta-feira (21), que os cartéis de drogas “estão de sobreaviso” e ameaçou “abrir as portas do inferno” contra eles para garantir a segurança na fronteira com o México.

Desde que voltou ao poder em 20 de janeiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou guerra aos cartéis de drogas mexicanos, que ele acusa de fabricar fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais potente que a heroína, que causa milhares de mortes por overdose por ano nos Estados Unidos.

“Vamos abrir os portões do inferno contra os cartéis. Já é o bastante. Estamos protegendo nossa fronteira e os cartéis estão avisados”, disse o conselheiro de segurança nacional de Donald Trump, Mike Waltz, nesta sexta, em uma convenção ultraconservadora perto de Washington.

– “Patrulhas conjuntas” –

“Vocês viram imagens do Exército mexicano fazendo patrulhas conjuntas com nossa alfândega e polícia de fronteira e nosso Exército para proteger a fronteira dos EUA, porque sem uma fronteira, você não tem um país e não tem soberania”, acrescentou.

Nesta semana, os Estados Unidos designaram como organizações “terroristas globais” seis grupos mexicanos: o cartel de Sinaloa (fundado nos anos 1980 por Joaquín “El Chapo” Guzmán e Ismael “El Mayo” Zambada), o cartel Jalisco Nova Geração, Cartéis Unidos, o Cartel do Nordeste, o cartel do Golfo (também conhecido como CDG, a organização de Osiel Cárdenas Guillén) e a Nova Família Michoacana.

Washington também acrescentou à lista a gangue M-13 (ou Mara Salvatrucha) e o Tren de Aragua, grupo criado na Venezuela.

Essas designações “nos dão uma ferramenta valiosa para cortar qualquer associação que eles possam ter, não apenas com cidadãos americanos, mas com qualquer outra empresa ou indivíduo em todo o mundo que os esteja ajudando”, disse o chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, na noite de quinta-feira em uma entrevista no X.

Perguntado se permitiria o uso de força militar contra os cartéis, Rubio disse que “depende de onde eles estejam”.

“No caso do México, a preferência é sempre trabalhar em conjunto com nossos parceiros” no México e fornecer a eles “muitas informações sobre quem são e onde estão”, disse ele.

Mas “se, no final, essas pessoas representarem uma ameaça iminente aos Estados Unidos ou cruzarem nossas fronteiras (…), isso nos dará as ferramentas para ir atrás delas” usando “qualquer agência que tivermos disponível”, explicou.

Rubio não mencionou o Pentágono, mas citou a polícia federal dos Estados Unidos, o Departamento de Segurança Interna (DHS), o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) e a agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA).

– “Nunca subordinação” –

O México está disposto a colaborar, mas advertiu que não se submeterá.

“Podem colocar o nome que quiser (aos cartéis), mas com o México é coordenação, nunca subordinacão, não interferência e menos invasão”, afirmou na quinta-feira a presidente mexicana Claudia Sheinbaum em coletiva de imprensa.

“Não negociamos a soberania”, enfatizou a presidente, que recentemente ordenou o destacamento de 10.000 soldados na zona de fronteira, onde os cartéis operam.

A decisão fez parte de acordos fechados com Trump para que ele adiasse por um mês, até o início de março, a entrada em vigor de tarifas de 25% sobre as exportações mexicanas e canadenses.

De fato, o Canadá, como parte de seus compromissos com Washington para combater o narcotráfico, também declarou na quinta-feira como terroristas as mesmas organizações que os Estados Unidos, exceto o Cartel do Nordeste.

Telefonemas e reuniões entre altos funcionários dos Estados Unidos e do México ocorreram com frequência nas últimas semanas.

Houve pelo menos uma chamada telefônica entre Trump e Sheinbaum, que o republicano qualificou publicamente como uma mulher “maravilhosa”, e com quem aprendeu algo: a importância de realizar campanhas publicitárias para a prevenção do uso de drogas.

“Incrível! Essa foi uma grande conversa, porque vamos gastar centenas de milhões de dólares em publicidade sobre o quão ruins são as drogas, para que as crianças não as usem, que devoram o seu cérebro, destroem seus dentes, sua pele, tudo”, explicou Trump na quarta-feira, durante uma cúpula de investimentos em Miami.

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