12 anos de pontificado: Francisco, o papa reformador

O papa Francisco passa o aniversário do pontificado em seu quarto no décimo andar do Policlínico Gemelli. Apesar de ser feriado hoje na Cidade do Vaticano, segundo fontes da Sala de Imprensa da Santa Sé, nenhuma comemoração está planejada nesta quinta-feira (13) para os 12 anos de pontificado.

Nesta manhã, uma missa de ação de graças por seus anos de papado foi celebrada na capela do hospital. Alguns fiéis trouxeram cartazes dando parabéns a Francisco lembrando da sua importante eleição.

Na manhã de sexta-feira (14) haverá uma missa para o pontífice na Capela Paulina no Palácio Apostólico às 10h30 (6h30 no horário de Brasília).

A cerimônia será celebrada pelo Secretário de Estado da Santa Sé, o cardeal Pietro Parolin e contará com a presença de embaixadores e do corpo diplomático credenciado junto à Santa Sé.

O Vaticano informou esta manhã que Francisco passou uma noite tranquila.

Segundo o boletim médico divulgado na quarta-feira à noite (12), as condições de Francisco são estáveis, embora a situação ainda permaneça muito delicada.

O quadro clínico do pontífice é complexo. A última radiografia do tórax confirma as melhoras observadas nos últimos dias, segundo o boletim médico. Presume-se que a situação da pneumonia da qual o pontífice sofre tenha melhorado, explicam fontes do Vaticano.

O líder da Igreja Católica, no entanto, continua recebendo oxigênio de alto fluxo por cânulas nasais durante o dia e usando máscara não invasiva à noite.

Ele passa os dias no hospital assistindo os exercícios espirituais da Quaresma que ocorrem na Sala Paulo VI, dentro da Cidade do Vaticano, além de tratamentos, orações, fisioterapia respiratória e motora.

Eleito para reformar

“Parece que os cardeais foram buscar o novo pontífice no fim do mundo” foram as primeiras palavras de Francisco ditas aos fiéis na sacada da Basílica de São Pedro.

Era 13 de março de 2013, quando foi eleito o primeiro papa latino-americano da história e também o primeiro jesuíta.

Naquela noite, Francisco, o bispo de Roma, ao lado do amigo brasileiro, o cardeal Dom Cláudio Hummes, já indicava quais seriam as linhas do seu pontificado: a Igreja deve ter misericórdia, olhar para os marginalizados, estar presente nas periferias, e nunca esquecer os pobres.

Ele foi eleito para reformar. Vale lembrar que antes da eleição, diversos escândalos financeiros e de abusos sexuais estavam manchando a imagem da Igreja.

Além disso, um fato inédito nos últimos 600 anos de história marcou a eleição de Francisco: a renúncia de Bento XVI. A decisão do papa alemão de renunciar ao trono pontifício provocou um “terremoto” na Igreja Católica.

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Em fevereiro de 2013, religiosos do mundo inteiro vieram a Roma para reuniões antes do conclave. Em 12 de março, 115 cardeais aptos para votar se reuniram a portas fechadas para eleger o 266º sucessor de Pedro.

Já no segundo dia de votação, na 5ª votação, o argentino Jorge Mario Bergoglio atingiu a quantidade de votos necessária.

A fumaça branca, que indica que há um escolhido, chegou às 19h06 (horário local).

Pouco mais de uma hora depois, às 20h12, o anúncio foi feito pelo Cardeal Protodiácono Jean-Louis Tauran na sacada externa da Basílica de São Pedro.

Começou então o pontificado de Francisco.


Papa Francisco após Conclave em 2013. • Getty Images

Reforma do governo central

Nestes 12 anos de pontificado, Francisco fez diversas reformas financeiras e administrativas no Vaticano. Uma das principais é a Reforma da Cúria Romana, o governo central da Igreja Católica.

Ele abriu a possibilidade que laicos, inclusive mulheres, possam comandar os dicastérios, ou seja, os ministérios da Santa Sé.

A reforma já está em prática com duas mulheres, ambas religiosas. Raffaella Petrini, nomeada Governadora do Estado da Cidade do Vaticano e Simona Brambilla, a primeira Prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada.

Rompendo barreiras

O papa quer também romper as barreiras da marginalização. “Quem sou eu para julgar uma pessoa homossexual” declarou em 2013. “Homossexualidade é pecado, mas não é crime” reiterou.

Desde que assumiu o papado, ele defende o acolhimento de divorciados na Igreja Católica, inclusive com a possibilidade de comunhão para aqueles que se casam de novo, postura criticada pelo clero ultraconservador. Aliás, muitos ultraconservadores até hoje não aceitaram nem a renúncia de Bento XVI.

Chefe de Estado

Francisco visitou 66 países. Como Chefe de Estado, lidera a habilidosa diplomacia do menor país do mundo.

Em 2014, colaborou na aproximação entre Cuba e Estados Unidos. Em 2016, teve um encontro histórico com o patriarca ortodoxo russo Kirill, mas a aproximação foi interrompida pelo apoio desta Igreja cristã da Rússia à invasão da Ucrânia.

Já em 2018, no campo diplomático, selou o Acordo Provisório entre a Santa Sé e a República Popular da China sobre a nomeação dos bispos.

Estilo de Francisco

O estilo do pontífice também trouxe mudanças à instituição milenar da Santa Sé. O argentino optou por viver em um apartamento sóbrio na Casa de Santa Marta, rejeitando o suntuoso Palácio Apostólico.

Ele almoça frequentemente com moradores de rua, lava pés de presidiários em cerimônias. Prefere usar uma linguagem franca e andar em carro popular.

O papa escolheu portar um crucifixo de prata e não de ouro, usando calçados pretos e não vermelhos como os dos antecessores. A Igreja de Francisco não tem luxo.

Francisco jesuíta

O papa abraça os princípios do Concílio Vaticano II, que na década de 1960 modernizou a Igreja Católica. Como jesuíta, ele propõe sínodos, assembleias de eclesiásticos e leigos, reunidos para avaliar os caminhos da Igreja.

Já realizou os sínodos sobre a Família, sobre os Jovens e sobre a Amazônia.

Francisco ressalta a importância da preservação ambiental, a necessária harmonia entre o homem e a natureza. Temas ecológicos tratados profundamente no documento Laudato Si, a segunda das quatro encíclicas que escreveu.

Mas, apesar dos 88 anos, da fragilidade física e a hospitalização, o pontífice segue sua missão, privilegiando as periferias do mundo.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em 12 anos de pontificado: Francisco, o papa reformador no site CNN Brasil.

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