Após senador falar em enforcar Marina Silva, Janja defende ministra e diz que é ‘de doer ouvir seis segundos de asneiras’ de Plínio Valério

Janja afirmou que Marina tem “uma história de vida e de trabalho que inspira pessoas ao redor do mundo há décadas”; Valério disse que fez uma brincadeira em sua declaração, mas não se arrependeu. A primeira-dama Janja da Silva saiu em defesa da ministra Marina Silva (Rede-SP) após o senador Plínio Valério (PSDB-AM) dizer que teve vontade de enforcar a ministra do Meio Ambiente. Janja afirmou que Marina tem “uma história de vida e de trabalho que inspira pessoas ao redor do mundo há décadas” e que é “de doer ouvir seis segundos de asneiras” de de Plínio Valério.
“Uma mulher gigante, que um homem com a ignorância do senador Plinio Valério jamais vai conseguir enxergar. Sua fala carregada de ódio, misoginia e de um desconhecimento sem tamanho é um reflexo de sua pequenez. É esse comportamento masculino que mata nossas mulheres diariamente”, escreveu a primeira-dama em uma rede social.
Como Plínio Valério falou de Marina Silva?
A fala original do parlamentar, que gerou toda a situação, aconteceu na sexta-feira (14), durante um evento no Amazonas. Na ocasião, ele fazia referência a uma sessão da CPI das ONGs em que Marina Silva falou com os parlamentares por cerca de seis horas. “Imagina vocês o que é ficar com a Marina 6 horas e 10 minutos sem ter vontade de enforcá-la?”, disse.
Na tarde da quarta-feira (19), Valério comentou sua declaração no Senado. Ele disse que fez uma brincadeira.
“Na CPI das ONGs, a ministra Marina esteve na CPI. Foram 6 horas e 10 minutos que eu a tratei com educação. Ela provocou e eu não entrei nisso, com toda educação. Por ser mulher, ministra, por ser negra, por ser frágil, foi tratada com toda delicadeza. Ela sabe disso. Um ano se passou e eu fui receber uma medalha e na brincadeira, em torno de brincadeira, eu falei: ‘Imagina vocês o que é ficar com a Marina 6 horas e 10 minutos sem ter vontade de enforcá-la?’. Todo mundo riu, eu ri, brinquei”, justificou.
Mas afirmou que não se arrependeu:
“Foi brincadeira. Se você perguntar, você faria de novo? Não. Mas se arrependo? Não. Foi uma brincadeira. Agora, o que me encanta é o Senado ficar sensibilizado com uma frase”, argumentou.
O presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (União-AP), fez uma reprimenda ao parlamentar na quarta-feira (19).
Alcolumbre afirmou ter recebido cobranças de parlamentares para se posicionar sobre o caso. Ele classificou a fala do senador como inadequada e agressiva, mesmo que tenha sido feita em tom de brincadeira:
“Não concordo com muitas posições ideológicas da ministra em relação ao país, mas acho que o meu querido colega, senador Plínio Valério, precisa fazer uma referência em relação a essa fala, até mesmo justificar se foi uma fala equivocada (…) Estamos vivendo um momento tão difícil que uma fala de um senador da República, mesmo de brincadeira, agride, infelizmente, o que nós estamos querendo para o Brasil”, disse o presidente do Senado.
Plínio Valério reafirmou que não se arrepende da declaração em que sugeriu “enforcar” a ministra e reclamou da reprimenda pública de Alcolumbre argumentando que o caso poderia ter sido tratado de maneira reservada pelos dois. Em resposta, no programa “Bom Dia, Ministra”, ainda na quarta, Marina disse que a declaração do parlamentar é de um “psicopata.
Gleisi também defende Marina
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann (PT-PR) também saiu em defesa da ministra Marina Silva. Ela disse que não é a primeira vez que as mulheres são atacas quando ocupam cargos com poder político relevante e pediu punição para atitudes do tipo.
“Toda solidariedade à ministra Marina Silva, vítima da violência política de gênero parte do senador Plínio Valério. Não é a primeira vez que mulheres são atacadas quando ocupam espaços políticos relevantes, e isso é ainda mais grave quando os ataques partem de pessoas com reponsabilidade institucional, como é o caso de parlamentares. Além do repúdio da sociedade, é a punição desses crimes, conforme a lei, que pode estancar as manifestações de ódio e violência política que atingem as mulheres e a própria democracia”, afirmou a ministra.
Leia declaração de Janja:
“A ministra Marina Silva é uma dádiva que o nosso país tem o privilégio de ter. Uma mulher pioneira na defesa do meio-ambiente e na luta por um mundo mais justo e sustentável. Tem uma história de vida e de trabalho que inspira pessoas ao redor do mundo há décadas.
Uma mulher gigante, que um homem com a ignorância do senador Plinio Valério jamais vai conseguir enxergar. Sua fala carregada de ódio, misoginia e de um desconhecimento sem tamanho é um reflexo de sua pequenez. É esse comportamento masculino que mata nossas mulheres diariamente.
Se para ele é difícil ouvir uma mulher tão inteligente falar durante seis horas, para nós é de doer ouvir seis segundos de asneiras vindo de sua boca. Toda minha solidariedade, afeto e admiração à minha querida amiga e Ministra Marina Silva. Você é gigante e não está sozinha!”
Leia a declaração de Gleisi Hoffmann
“Toda solidariedade à ministra Marina Silva, vítima da violência política de gênero parte do senador Plínio Valério. Não é a primeira vez que mulheres são atacadas quando ocupam espaços políticos relevantes, e isso é ainda mais grave quando os ataques partem de pessoas com reponsabilidade institucional, como é o caso de parlamentares. Além do repúdio da sociedade, é a punição desses crimes, conforme a lei, que pode estancar as manifestações de ódio e violência política que atingem as mulheres e a própria democracia.”
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