Matrículas em universidades com bolsas do Prouni diminuem na última década


São muitos os exemplos de estudantes em todo o país que, com a ajuda do ProUni, conseguiram melhorar de vida graças ao diploma do ensino superior. Descompasso afeta bolsas do Prouni
Ao longo da última década, as matrículas em universidades com bolsas do Prouni diminuíram.
O estudante Eduardo Almeida teve que adiar o sonho de virar professor de Física. Depois de se formar no ensino médio, ele foi trabalhar para ajudar a mãe a pagar as contas e só conseguiu se matricular em um cursinho popular no segundo semestre de 2024.
“No ano de 2024, eu peguei para trabalhar. Só que isso acabou me prejudicando muito. Eu só percebi o quanto isso me prejudicou depois que eu entrei no cursinho”, conta Eduardo Almeida.
Uma das opções de Eduardo é entrar em uma universidade pelo Prouni. Desde 2005, o programa concede bolsas integrais e de 50% em instituições particulares para estudantes de baixa renda com uma nota mínima no Enem. A oferta de bolsas é proporcional à quantidade de alunos que pagam a mensalidade.
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Em duas décadas, quase 3,5 milhões de estudantes foram beneficiados. São muitos os exemplos de estudantes em todo o país que, com a ajuda do Prouni, conseguiram melhorar de vida graças ao diploma do ensino superior.
Mas o programa vive hoje um descompasso que preocupa os especialistas. Apesar do recorde na oferta de bolsas, as vagas não estão sendo preenchidas como antes. Das 620 mil bolsas oferecidas em 2024, menos de 30% foram usadas. O índice de bolsas sem uso subiu de cerca de 18%, dez anos atrás, para 72% em 2024, de acordo com o Sindicato das Instituições Privadas de Ensino Superior. E as matrículas via Prouni caíram 32%.
Matrículas em universidades com bolsas do Prouni diminuem na última década
Jornal Nacional/ Reprodução
A especialista em educação Claudia Costin afirma que uma das explicações é a pandemia, que obrigou muitos jovens a mudar os planos:
“O jovem se desengajou dos seus estudos. Durante a pandemia, passou a ganhar dinheiro, a colocar dinheiro em casa e se sentiu valorizado dentro da família por conta disso. Estamos falando de entregador de pizza, entregador de comida, trabalhos que, sim, colocam uma certa renda em casa, mas não fazem com que esse jovem, e até o país, olhando em um sentido mais amplo, avance mais”, afirma.
A presidente do Sindicato das Instituições Particulares, Lúcia Teixeira, afirma que, além disso, ofertas de bolsas subiram em cursos que têm pouca demanda.
“A gente vê que o aluno quer buscar, ele quer essa bolsa, não é? Mas ele enfrenta algumas dificuldades até para ter acesso. Às vezes, o aluno também consegue a bolsa, mas ele precisa de uma ajuda para se movimentar, para se alimentar”, diz Lúcia Teixeira, presidente do Semesp.
A conclusão de especialistas é que é preciso aumentar a divulgação do Prouni e os estímulos para permanência desses alunos na universidade.
“Ter concluído o ensino superior, não só ter acesso ao ensino superior, mas ter concluído, melhora as suas condições de empregabilidade e de não ser substituído por ‘robôs’. É importante que eles prossigam com a sua escolaridade”, diz Claudia Costin.
O Ministério da Educação declarou que trabalha para promover a permanência dos alunos nas universidades e que reajustou em cerca de 20% a “Bolsa Permanência” para estudantes quilombolas e indígenas do Prouni e para alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica de instituições federais.
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