“Algo pessoal”, diz Bolsonaro ao virar réu por tentativa de golpe

Jair Bolsonaro falou com os jornalistasAgencia Brasil/reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) falou com a imprensa nesta quarta-feira (26) logo após aconclusão do julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federalsobre a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Ele classificou as acusações como “infundadas”.

“Hoje resolvi não ir. Eu sabia o que iria acontecer. Eu espero colocar hoje um ponto final. Parece que tem algo pessoal contra mim. A acusação é muito grave e são infundadas. Não é da boca para fora”, desabafou.

O julgamento resultou na aceitação da denúncia, que transformou Bolsonaro e outros sete acusados em réus por tentativa de golpe de Estado.

Horas antes do pronunciamento, Bolsonaro expressou sua opinião no X sobre o andamento do processo, criticando a celeridade com que foi conduzido.

“Estão com pressa. Muita pressa. O processo contra mim avança a uma velocidade 14 vezes maior que o do Mensalão e pelo menos 10 vezes mais rápida que o de Lula na Lava Jato”, afirmou, destacando a rapidez do julgamento em comparação com outros casos de grande relevância política no Brasil.

Ele também fez críticas ao que considera ser uma motivação política por trás do julgamento, sugerindo que a ação não é jurídica, mas uma tentativa de barrar sua candidatura nas eleições de 2026.

“A própria imprensa noticia, abertamente e sem rodeios, que a motivação não é jurídica, mas política: o tribunal tenta evitar que eu seja julgado em 2026, pois querem impedir que eu chegue livre às eleições porque sabem que, numa disputa justa, não há candidato capaz de me vencer”, escreveu.

Bolsonaro alegou que o processo está sendo conduzido de forma direcionada e com um “resultado definido de antemão”.

“A julgar pelo que lemos na imprensa, estamos diante de um julgamento com data, alvo e resultado definidos de antemão. Algo que seria um teatro processual disfarçado de Justiça – não um processo penal, mas um projeto de poder que tem por objetivo interferir na dinâmica política e eleitoral do país”, afirmou o ex-presidente.

Ele também criticou a rapidez do julgamento, que, segundo ele, não tem precedentes.

“Todos dizem que o processo se encerrará até o final de 2025, mesmo não havendo precedentes para tamanha celeridade em um caso dessa dimensão. E por quê? Porque todos sabem que o que está em curso é, na verdade, uma espécie de atentado jurídico à democracia”, escreveu.

Para ele, o julgamento é um “julgamento político” conduzido por um relator comprometido, com o intuito de “se vingar” e “me prender”, retirando-o da disputa eleitoral.

Bolsonaro reclamou do processo estar sendo acelerado, o que, segundo ele, revela o medo de sua candidatura e das urnas.

“A ironia é que, quanto mais atropelam regras, prazos e garantias para tentar me eliminar, mais escancarado fica o medo que eles têm das urnas e da vontade do povo. Se realmente acreditassem na democracia que dizem defender, me enfrentariam no voto, não no tapetão”, escreveu.

Por fim, o ex-presidente fez referência à percepção internacional sobre o processo, comparando o Brasil a regimes autoritários.

“A comunidade internacional acompanha de perto o que está acontecendo no Brasil. Juristas, diplomatas e lideranças políticas já reconhecem o padrão: é o mesmo roteiro que se viu na Nicarágua e na Venezuela. Perseguição seletiva, acusações vagas de ‘extremismo’ ou de ‘ameaça à democracia’ e a tentativa de eliminar a oposição por via judicial”, concluiu Bolsonaro.

Julgamento

Ministros julgaram o ex-presidente Jair BolsonaroReprodução/Youtube

No julgamento, a Primeira Turma do STF decidiu por unanimidade que Bolsonaro e outros sete acusados serão réus no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023.

A denúncia apresentada pela PGR aponta uma série de ações sugerindo uma tentativa coordenada de subverter o Estado Democrático de Direito, com o envolvimento de figuras-chave do governo Bolsonaro e seus aliados.

Entre os acusados estão o ex-presidente Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, além de outros militares de alta patente, incluindo o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno.

A acusação alega que esses indivíduos tentaram subverter os resultados das eleições de 2022 e garantir que Bolsonaro permanecesse no poder.

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