Juros futuros sobem puxadas por dólar, exterior e receio sobre crédito

As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira (26) em alta firme, acompanhando o avanço do dólar ante o real e a elevação dos rendimentos dos Treasuries no exterior, com o mercado local apreensivo ainda em relação ao controle da inflação após o governo agir para impulsionar o crédito.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 15,16%, ante o ajuste de 15,117% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 15,135%, ante o ajuste de 15,031%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,98%, ante 14,815% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,95%, ante 14,804%.

O primeiro fator de sustentação para as taxas futuras no Brasil vinha do exterior, onde os yields dos Treasuries subiam na esteira de um movimento de realocação de carteiras no encerramento do primeiro trimestre e dos receios em torno da política tarifária do governo Trump nos EUA.

O presidente Donald Trump convocou uma entrevista coletiva para anunciar taxas sobre automóveis nesta quarta-feira, e ainda há dúvidas sobre como serão aplicadas as tarifas recíprocas prometidas para 2 de abril.

Outro motivo de influência sobre a renda fixa era o avanço do dólar ante o real — um fator de pressão para a inflação brasileira e, consequentemente, para as taxas de juros.

“No câmbio estamos realizando um pouco a baixa de ontem, com o dólar mais forte aqui. Há também ansiedade com a questão das tarifas nos EUA, que estavam programadas para o dia 2, mas Trump indicou que pode anunciar mais tarifas ainda”, pontuou o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia.

“Além disso, o Banco Central está querendo esfriar a economia, enquanto o governo está querendo meios para estimular a atividade”, acrescentou, citando especificamente o programa de estímulo ao crédito consignado para o trabalhador privado, lançado este mês.

Estimativa do governo é de 19 milhões de empregados celetistas optem pela consignação dos salários em até quatro anos com o programa, o que pode representar mais de R$ 120 bilhões em empréstimos contratados, contra estoque atual de R$ 40 bilhões.

Nos últimos dias, agentes do mercado ouvidos pela Reuters vêm citando certo desconforto com os eventuais impactos da iniciativa, que na visão deles pode estimular a economia por um lado, mas dificultar o trabalho do BC de controle da inflação por outro.

Neste cenário, o mercado vai gradativamente aumentando as apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, embora não vá subir a Selic em 100 pontos-base em maio, deva aplicar aumentos ainda fortes, de 75 ou 50 pontos-base para controlar a inflação. Atualmente a Selic está em 14,25% ao ano.

Na última terça-feira (25), o mercado de opções de Copom da B3 precificava 66,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 67,00% na véspera) e 20,50% de chances de elevação de 75 pontos-base (17,00% na véspera), contra apenas 7,00% de probabilidade de alta de apenas 25 pontos-base (9,00% na véspera).

Para a decisão seguinte, de junho, as apostas são de 32,88% de chances de alta de 25 pontos-base, 32,88% de possibilidade de alta de 50 pontos-base e 26,11% de chances de manutenção.

Às 17h01, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 4 pontos-base, a 4,35%.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Juros futuros sobem puxadas por dólar, exterior e receio sobre crédito no site CNN Brasil.

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