PF abre inquérito para apurar possível vazamento no caso “Abin paralela”

A Polícia Federal abriu um inquérito, nesta terça-feira (1º), para apurar eventual vazamento de informações do inquérito da “Abin paralela”, que apura uma estrutura ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O inquérito apura que servidores cedidos teriam utilizado ferramentas e serviços da agência para a prática de ações ilícitas no governo passado.

A abertura desse novo inquérito sobre possível vazamento ocorre após a revelação, feita pelo portal UOL nessa segunda-feira (31), de que um servidor da Abin depôs à PF e afirmou que a agência realizou uma operação hacker contra o governo do Paraguai durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A CNN confirmou a informação.

De acordo com os depoentes, foi utilizado o programa Cobalt Strike para invadir dispositivos do governo paraguaio. Essa ferramenta é usada para intrusão em computadores e teria sido empregada para obter dados relacionados à negociação da Usina Hidrelétrica de Itaipu, incluindo valores negociados para a venda de energia gerada pela binacional.

Os servidores afirmam que os ataques não partiram do Brasil, mas foram realizados a partir do Chile e do Panamá, após a instalação de usuários virtuais nessas localidades.

Um integrante da cúpula da PF disse à CNN que é necessário esclarecer se o atual diretor da Abin tinha conhecimento da operação e se consentiu com a ação.

A Abin ainda não se pronunciou sobre o caso.

Itamaraty nega

O Ministério das Relações Exteriores negou, também nessa segunda, que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha feito uma ação hacker contra o governo do Paraguai. Segundo o Itamaraty, não existe qualquer medida de inteligência adotada contra o país vizinho.

Em nota, o governo disse reiterar o “compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e no mundo”.

O governo ainda alegou que a citada operação mencionada foi autorizada em junho de 2022, mas tornada sem efeito pelo então diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, no início do terceiro mandato de Lula, quando a atual gestão teria tomado conhecimento do caso. Naquela época, o atual diretor-geral da Abin encontrava-se em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal.

“O governo do presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria”, informou o Itamaraty.

Este conteúdo foi originalmente publicado em PF abre inquérito para apurar possível vazamento no caso “Abin paralela” no site CNN Brasil.

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