
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) orientou pessoalmente, por telefone, a saída de Juscelino Filho (União Brasil-MA) do Ministério das Comunicações.A informação foi confirmadapelo Planalto ao Portal iG.
A ligação aconteceu no início da tarde desta terça-feira (8) e, segundo a Secom, teve como objetivo preservar o governo e permitir que o agora ex-ministro possa se concentrar em sua defesa fora da Esplanada.
A demissão foi oficializada poucas horas depois, em meio à intensificação das pressões políticas dentro e fora do Palácio do Planalto.
Juscelino Filho deixa o cargo após 2 anos e 3 meses à frente da pasta. Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal por suspeita de corrupção.
O caso envolve o desvio de emendas parlamentares quando era deputado federal. Segundo a acusação, Juscelino teria direcionado verbas para a prefeitura de Vitorino Freire (MA), administrada por sua irmã, Luanna Rezende, em troca de propina.
O afastamento foi articulado em reunião ocorrida no mesmo dia, na residência do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, com a presença da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), e de lideranças do partido.
Após a saída de Gleisi, dirigentes da sigla decidiram fechar o acordo para a exoneração de Juscelino, que retornará à Câmara dos Deputados. O União Brasil deverá indicar um novo nome para o Ministério das Comunicações, respeitando o arranjo político firmado com o governo.
Juscelino Filho enviou carta aberta

Na carta aberta divulgada à imprensa, Juscelino afirmou que “hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública. Solicitei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva meu desligamento do cargo de ministro das Comunicações. Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando.”
O ex-ministro também disse que pretende se dedicar à sua defesa, classificando as acusações como infundadas.
Ele exaltou o apoio de Lula durante sua gestão e apresentou um balanço de ações à frente do ministério, como a expansão da banda larga em escolas, a reativação do Fust e o avanço na digitalização de serviços.
Com a denúncia formalizada, a permanência de Juscelino no governo tornou-se insustentável. A orientação de Lula, confirmada por fontes do Planalto, seguiu a linha adotada pelo presidente em outros episódios semelhantes: não manter ministros sob acusação formal da Justiça.