
Uma vila com menos de 300 habitantes está chamando a atenção da comunidade médica mundial após registrar uma taxa anormal de ELA (esclerose lateral amiotrófica). Localizada nos Alpes Franceses, Montchavin, é conhecida por chalés de madeira e pistas de esqui.

Montchavin, na França, está sofrendo com alto número de casos de esclerose lateral amiotrófica – Foto: Pexels/ND
Para quem não sabe, ELA, também chamada de “doença de Lou Gehrig”, é uma doença neurodegenerativa rara e fatal. Sua incidência, normalmente é de dois a três casos por 100 mil habitantes ao ano, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
No entanto, entre os 300 habitantes de Montchavin, foram identificados cerca de 16 casos desde 2005 — uma taxa significativamente acima da média global.
A neurologista Emmeline Lagrange, do Hospital Universitário de Grenoble, na França, lidera a investigação. Ela foi alertada inicialmente por um caso em 2009 e, ao aprofundar a pesquisa, descobriu que se tratava do quarto diagnóstico no vilarejo.
Desde então, a especialista catalogou uma série de ocorrências entre 2009 e 2019, envolvendo pacientes com idades entre 39 e 75 anos, sem histórico genético familiar da doença.
O que é esclerose lateral amiotrófica?
A esclerose lateral amiotrófica é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios motores responsáveis por movimentos voluntários.

A esclerose lateral amiotrófica afeta os neurônios motores responsáveis por movimentos voluntários – Foto: Canva/ND
Com o tempo, os pacientes perdem a capacidade de falar, engolir e até respirar. Não há cura conhecida, e em 90 a 95% dos casos, a causa é considerada “esporádica”, ou seja, sem componente genético identificado.
Conforme um estudo publicado pela revista científica Nature Reviews Neurology, fatores ambientais como exposição a metais pesados, poluentes atmosféricos e compostos industriais estão associados a um risco aumentado de desenvolver a doença.
Além disso, vale destacar que os veteranos militares dos Estados Unidos demonstram um risco de 50% maior de desenvolver a esclerose lateral amiotrófica em comparação à população geral, segundo o Instituto de Medicina do país.
Investigação ambiental em vilarejo dos Alpes
Sem encontrar ligações genéticas entre os moradores afetados, Emmeline e sua equipe voltaram-se para o meio ambiente local. Diversos testes foram realizados na água potável, no solo e até no ar das residências.
Além disso tudo, os pesquisadores ainda investigaram a possível presença de radônio — gás radioativo de origem natural — e de resíduos tóxicos, como chumbo, já que a região abriga uma antiga mina desativada.

Sem encontrar ligações genéticas nos moradores afetados, os pesquisadores investigadores analisaram o meio ambiente local – Foto: Divulgação/Alpine365
Também foram analisados produtos químicos utilizados nas máquinas de neve artificial, comuns nas estações de esqui. Apesar de a vila possuir algumas pistas, nenhum fator de risco comum a todos os pacientes foram identificados até o momento.
O caso ainda permanece sem explicação conclusiva, segundo os pesquisadores.