
Jovem de 27 anos foi morta por Walisson Alves dos Santos, que não aceitava o fim do relacionamento, em Brotas (SP). Ele tentou se matar e está internado em Jaú. Laís Faustino dos Santos, 27 anos, foi assassinada pelo ex-companheiro em Brotas
Arquivo pessoal
Uma mulher alegre, sorridente, trabalhadora e que sempre cumprimentava a todos. Assim, com um sorriso no rosto, a jovem Laís Faustino dos Santos, de 27 anos, é lembrada por quem a conhecia, em Brotas (SP).
Ela foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro, na frente da filha de 7 anos, no domingo (6). O corpo dela foi enterrado na terça (8) em Eunápolis (BA). (veja abaixo quem era a jovem).
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Walisson Alves dos Santos, 34 anos, não aceitava o fim do relacionamento e tentou se matar após o crime. Ele está internado sob escola policial na Santa Casa de Jaú e o estado de saúde dele não foi informado. (Veja abaixo como foi o crime)
“A Laís era uma pessoa maravilhosa. Apesar de tudo que ela passava calada e quieta, era uma pessoa de um coração gigante que não via tempo ruim. Ela tinha uma vida com a filhinha dela, era uma ótima mãe. Foi uma perda muito forte”, contou uma amiga que preferiu não se identificar.
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Uma vaquinha online foi realizada para o translado do corpo da vítima para Eunápolis (BA), cidade natal dela, na segunda-feira (7). Parte do valor de R$ 10 mil foi pago pela empresa onde Laís trabalhava como atendente de crédito.
A filha dela foi levada para a Bahia pelo pai biológico e a irmã da vítima na segunda (7).
Quem era Lais Faustino
Mulher de 27 anos é morta a tiros por ex-namorado na frente da filha em Brotas
Uma colega de trabalho disse que Lais era uma trabalhadora muito competente e que nunca faltava do serviço. A cliente Silmara Ferreira se lembra da jovem sempre alegre e pronta para o atendimento.
“Era uma moça sempre sorridente e alegre. Sempre nos atendia sorrindo. Era uma pessoa linda, mãe e jovem batalhadora. Um absurdo o que aconteceu com ela. Se eu soubesse o que passava, teria ajudado ela a ir embora antes. Até quando mulheres serão mortas por covardes? A lei Maria da Penha precisa ser fortalecida de forma mais severa”, disse Silmara.
Relacionamento abusivo
O feminicídio comoveu a pequena cidade de quase 24 mil habitantes. Uma amiga, que preferiu não se identificar, comentou que a vítima tinha um relacionamento abusivo e de dependência emocional com o ex-companheiro.
Ela terminou o relacionamento em dezembro de 2024 e o ex não aceitava a separação. Nos últimos dias, ele ligava para o serviço dela a ameaçando, além de fazer ligações e vídeo chamada para o celular.
Laís Faustino é lembrada como uma pessoa alegre e que não via tempo ruim. Ela foi vítima de feminicídio em Brotas
Redes sociais
A vítima havia feito um acordo com a empresa para ser demitida e iria se mudar para Eunápolis ainda em abril por causa do comportamento possessivo do ex.
“Na sexta ela me pediu pra vender os móveis e ir pra Bahia, há uns 15 dias atrás ele tinha ligado ameaçando no trabalho que ela estava com caso com cliente, com gerente, com todos. Se ela falasse “Oi”, já era motivo dela já ter um caso com alguém. Tinha possessão e surto de ciúmes doentio. Não deixava ter amizades”, contou a amiga.
Segundo a colega, Laís se mudou para Brotas com Wallison há dois anos, vindos da Bahia. Ela trabalhou em um supermercado da cidade e ultimamente era atendente de crédito. O ex era caminhoneiro.
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Agressões e PM na casa
O empresário Wesley Tiago da Silva Gaudêncio, vizinho de Laís, disse que ouviu a vítima ser agredida três dias antes do feminicídio e chegou a chamar a Polícia Militar.
Ele relatou que as discussões começaram na terça-feira (1º) quando Walisson começou a ir à casa da vítima. Ele ofendia a mulher e queria a todo momento ver o celular dela.
Na quinta-feira (3) houve uma nova discussão e o homem partiu para agressão.
“Eu escutava ele falando: ‘agora estou filmando essa vagabunda’ e obrigava ela a ficar de joelhos. Quando foi 15h30, que acho foi quando ele acordou, ele foi pra cima dela. Eu escutava ela batendo na parede que dá no fundo do quarto dela, eu escutava ele empurrando ela, ela começou a gritar e chamei a polícia. A polícia conversou com ele, foi embora e ela entrou pra dentro. No sábado de madrugada, o pessoal falou que ele tentou entrar 1h, mas chamaram a polícia e ele saiu correndo. E no domingo aconteceu essa tragédia”, disse.
Em uma mensagem trocada com a mulher, o empresário contou para ela que ligou para a PM para evitar que ela fosse agredida. Lais agradeceu e afirmou que ele estava sob efeito de drogas e acordou alterado. “Deus abençoe que ele não retorne, ele é uma pessoa muito boa, mas se transforma quando está assim”, escreveu.
Uma amiga comentou que Laís não acreditava que o homem fosse capaz de matá-la.
“Ela era muito dependente emocional e nunca imaginava que ele ia chegar nesse ponto. Achava que nunca faria algo desse tipo. Chegou a dizer que ele não era um monstro. Estamos arrasadas”, contou.
Veja o print da conversa:
Print mostra troca de mensagem entre empresário e mulher assassinada pelo ex em Brotas
Reprodução
O crime
Segundo a polícia, uma vizinha disse ter ouvido uma discussão entre a vítima e o atirador no quintal dos fundos.
A testemunha contou que o homem ofendia a ex e exigia que ela mostrasse o telefone celular, o que foi negado. Na sequência escutou entre três e quatro disparos de tiros.
Segundo informações do boletim de ocorrência, a Guarda Civil Municipal (GCM) foi chamada e quando chegou ao local encontrou a vítima e o suspeito caídos no corredor externo aos fundos da residência, ambos com ferimentos por projéteis de arma de fogo na região torácica.
Lais Faustino dos Santos, de 27 anos, foi morta pelo ex Walisson Alves dos Santos, em Brotas
Reprodução
Um revólver calibre 38 com uma munição intacta e cinco deflagradas foi encontrado próximo ao corpo de Walisson. No bolso dele foram encontradas outras seis munições intactas.
Tanto a mulher quanto o homem foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e encaminhados ao Hospital Santa Therezinha.
A vítima, no entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu antes mesmo de dar entrada na unidade hospitalar. Já o suspeito permaneceu internado em virtude da gravidade das lesões.
O relatório médico preliminar indicou que a vítima sofreu ao menos nove lesões causadas por projéteis de arma de fogo, localizadas nas regiões torácica, antebraço e punho.Já o exame médico do suspeito revelou uma lesão no peito. Devido à gravidade do ferimento, ele foi transferido para o hospital de Jaú e ainda não foi interrogado pela Polícia Civil.
Nota de pesar
A Prefeitura de Brotas publicou uma nota de pesar na segunda-feira (7) em solidariedade à família da vítima, que tinha uma filha de 7 anos.
“Desde o momento do crime, a Guarda Municipal e nossa equipe estão à disposição, oferecendo apoio à criança, que aguarda a chegada de parentes, sendo amparada pelo Conselho Tutelar e sua babá. Lamentamos profundamente a perda de Laís e estamos comprometidos em garantir que sua filha receba toda a assistência necessária neste momento tão difícil. Reiteramos nosso apoio e que a justiça seja feita.”, diz a nota.
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