O que era para ser um dia de diversão em família terminou em tragédia na última quinta-feira (10), quando um helicóptero turístico caiu no Rio Hudson, em Nova York, matando todos os seis ocupantes — entre eles, três crianças. Fotos divulgadas New York Helicopter Tours LLC mostram o sorriso dos ocupantes antes da tragédia. A bordo estavam Agustín Escobar (49 anos), executivo da Siemens, sua esposa Merce Camprubí Montal (40 anos), e os três filhos do casal, de 4, 8 e 10 anos.
Segundo o jornal DailyMail, eles haviam viajado de Barcelona para comemorar o aniversário da filha do meio, que completaria nove anos no dia seguinte. Merce também celebrava seus 40 anos, segundo autoridades locais.
Além dos cinco membros da família, o piloto, de 36 anos, também morreu no acidente.
O passeio de helicóptero, que decolou do heliporto de Wall Street, durou apenas 16 minutos antes da queda. A aeronave sobrevoava pontos turísticos como a Estátua da Liberdade e a Ponte George Washington, quando mergulhou nas águas do Hudson por volta das 15h15 (horário local).
Condições do acidente
Vídeos gravados por testemunhas mostraram o helicóptero voando de forma instável antes da queda. Em uma das imagens, uma das pás do rotor aparece se soltando. Especialistas apontam que o objeto pode ter atingido a cauda da aeronave, o que teria causado a perda total de controle.
Segundo o advogado e ex-piloto militar Jim Brauchle, isso configura um “evento irrecuperável”. Outros especialistas ouvidos por veículos como Fox 5 e DailyMail concordaram: uma vez que o rotor principal se solta ou corta a cauda, não há chance de pouso seguro.
Michael Roth, dono da empresa New York Helicopter, que operava o voo, disse que o piloto chegou a avisar por rádio que precisava pousar por falta de combustível, mas não retornou ao ponto de origem. Roth afirmou que jamais viu algo semelhante em seus 30 anos no setor.
Justin Green, advogado de aviação e ex-piloto dos Fuzileiros Navais dos EUA, falou em “falha mecânica catastrófica”. Segundo ele, o impacto foi imediato: “Eles morreram assim que o que aconteceu, aconteceu. É de partir o coração.”
Testemunhas relataram cenas dramáticas. “Parecia que o helicóptero estava se despedaçando no ar”, contou Bruce Wall, que estava na costa de Jersey City. Já Dani Horbiak disse ter ouvido barulhos que pareciam tiros, antes de ver a aeronave cair em pedaços no rio.
As condições climáticas incluíam céu nublado e rajadas de vento de até 40 km/h, mas a visibilidade era considerada boa. A água do rio estava a cerca de 10 °C.
Equipes de emergência trabalharam até a noite na remoção dos destroços. Partes importantes da aeronave ainda não haviam sido localizadas, e as buscas subaquáticas continuariam nesta sexta-feira, segundo o prefeito de Jersey City, Steven Fulop.
As seis vítimas foram retiradas da água, quatro delas já sem vida. As outras duas foram levadas ao hospital, mas não resistiram aos ferimentos.
Manifestação de autoridades
A tragédia comoveu autoridades dos EUA e da Espanha. O presidente regional da Catalunha, Salvador Illa, lamentou a perda dos cinco membros da família de Barcelona. Já o governo de Castilla-La Mancha relembrou que Escobar, natural de Puertollano, havia sido nomeado Filho Favorito da região em 2023.
Agustín Escobar atuava como CEO global de infraestrutura ferroviária da Siemens Mobility. Em 2022, chegou a presidir a Siemens Espanha. Merce Camprubí trabalhava na Siemens Energy em Barcelona, onde ocupava cargos de liderança na área de digitalização e comercialização global.
A tragédia reacendeu discussões sobre a segurança dos voos turísticos em Nova York. Desde 1977, ao menos 32 pessoas morreram em acidentes com helicópteros na cidade. O mais recente havia ocorrido em 2018, quando cinco passageiros morreram afogados após a queda de uma aeronave no East Rive.
