Governo conta com apoio do Centrão e até do PL para aprovar urgência do novo regime fiscal

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contou com o apoio massivo de partidos de centro e centro-direita, como o PSD, Republicanos e MDB, e com dissidentes do PL (partido do ex-presidente Jair Bolsonaro) para ter uma vitória expressiva na votação do pedido para acelerar a votação do novo regime fiscal.

Enquanto siglas aliadas de menor expressão, como o PSOL e Rede, se posicionaram contra o texto, o governo teve grande apoio de partidos do Centrão, o que permitiu os 367 votos favoráveis ao texto, ante 102 contrários.

A CNN fez um levantamento com o posicionamento de todos os partidos na votação do requerimento de urgência para a votação do novo regime fiscal.

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O PSD e o MDB, que integram a base de apoio ao governo e contam com ministérios, entregaram 90% e 86% dos votos dos seus parlamentares presentes na sessão, respectivamente. Apenas dois deputados do PSD e três do MDB votaram contra o pedido de urgência.

Outro fator determinante para o resultado expressivo veio do Republicanos. Mesmo sem integrar a base de apoio ao governo, o partido deu 40 votos a favor do pedido (98% dos deputados presentes na sessão). Nenhum parlamentar da sigla foi contra o pedido.

O União Brasil, que, apesar de ter ministros na Esplanada dos Ministérios, se diz independente, deu 43 votos a favor do requerimento (73% dos deputados presentes na sessão). Nas últimas semanas, a bancada da legenda havia dado sinais de descontentamento com o governo federal.

Por fim, o Palácio do Planalto também contou com o apoio da ala governista do PL. Dos 95 deputados da legenda presentes na sessão de quarta (17), 29 apoiaram acelerar a tramitação do novo regime fiscal (31% dos parlamentares).

Sinal do Centrão ao Planalto

Integrantes do governo ouvidos sob reserva pela CNN veem a expressiva votação do requerimento de urgência do novo marco fiscal como um recado dos congressistas ao Palácio do Planalto.

Os 367 votos não têm sido utilizados como um parâmetro fiel da votação do mérito do novo regime fiscal, mas, sim, como um sinal dos parlamentares de que estão dispostos a ajudar o governo –desde que consigam as contrapartidas exigidas, como a concessão de cargos regionais na administração pública e a liberação de emendas.

Aliados do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela articulação política junto ao Congresso, dizem que os próximos dias serão fundamentais para consolidar a base de apoio ao governo em torno da agenda econômica encampada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Alguns aliados de Padilha têm dito nos bastidores que as negociações de liberação de cargos e emendas enfrentam dificuldades nos chamados “ministérios-fim”. Isso porque a Secretaria de Relações Institucionais por si só não conta com os recursos demandados pelos parlamentares. São outras pastas, como Ministério da Educação e das Cidades, por exemplo, que têm a capacidade de liberar essas emendas.

PL não vai punir dissidentes

Integrantes do PL ouvidos pela CNN afirmam que os 29 deputados que votaram a favor do requerimento de urgência do novo marco fiscal representam quase toda a ala governista do partido.

São esses os deputados que, desde o início do mandato de Lula, têm tentado manter uma interlocução junto ao Palácio do Planalto para garantir recursos para suas bases eleitorais.

Apesar de ser o principal partido da oposição (até por ter entre seus quadros o ex-presidente Jair Bolsonaro), o PL não deve punir os parlamentares que apoiarem o texto do governo Lula.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Governo conta com apoio do Centrão e até do PL para aprovar urgência do novo regime fiscal no site CNN Brasil.

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