Vereadores de Barra do Piraí (RJ) rejeitam impedimento de prefeito que defendeu castrar mulheres

A Câmara Municipal de Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, rejeitou impeachment contra o prefeito Mário Esteves (sem partido), que sugeriu “castrar” mulheres como medida de diminuição da taxa de natalidade no município.

A sessão de admissibilidade do processo de impedimento foi realizada nesta terça-feira (19), e o placar foi de 7 votos contra e 2 a favor.

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O pedido de cassação do prefeito foi apresentado pela vereadora Kátia Miki (Cidadania), que classificou a fala do prefeito como violação dos direitos reprodutivos e insulto.

“Viola os direitos reprodutivos das mulheres e a sua liberdade, insinuando a ilegal criação de políticas de controle de natalidade, mostrando seu total desconhecimento da lei do planejamento familiar e da Constituição Federal”, disse

“Essa fala não agride apenas as mulheres, mas viola as famílias. É um insulto às mulheres diretamente, mas também, uma ofensa aos companheiros dessas mulheres, aos pais, aos avós, aos irmãos dessas mulheres. Todos aviltados de uma só vez”.

Esteves chegou a pedir desculpas em vídeo publicado nas redes sociais e alegou que cometeu um “equívoco” ao trocar o termo “laqueadura” por “castrar”.

Ele disse que sua intenção era colocar em discussão o planejamento familiar, a gravidez na adolescência e propor ações preventivas e educativas, que orientam a população sobre métodos para evitar a gravidez não planejada.

As explicações não convenceram o Solidariedade, partido ao qual o Esteves era filiado. A Direção Estadual decidiu, por unanimidade, expulsá-lo da legenda.

O Solidariedade afirmou em nota que o prefeito externou fala misógina, demonstrando desrespeito às mulheres.

A CNN solicitou à vereadora Kátia Miki (Solidariedade) declaração sobre a rejeição do impeachment, mas até a publicação desta reportagem não houve retorno.

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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou, na segunda-feira (18), uma investigação que vai analisar o discurso do prefeito e avaliar eventual responsabilidade, inclusive no âmbito da improbidade administrativa.

A promotoria vai apurar se a gestão de Esteves adotou medidas de controle populacional, avaliando a quantidade de cirurgias de laqueadura e vasectomia e os critérios para aprovação desses procedimentos.

Também serão observados o funcionamento da distribuição de preservativos e outros métodos contraceptivos pela rede municipal de saúde.

*Publicado por Pedro Jordão, da CNN em São Paulo

Este conteúdo foi originalmente publicado em Vereadores de Barra do Piraí (RJ) rejeitam impedimento de prefeito que defendeu castrar mulheres no site CNN Brasil.

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