Mães e universitárias: coletivo da UFSC pede trocadores nos banheiros e acesso de filhos ao RU

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Ana Cláudia Lima, de 35 anos, é estudante da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) desde agosto de 2017, ano em que deu início ao bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais.

Além de estudante, Ana também é mãe de Ângelo Juliano, de 12 anos, e sentiu na pele as dificuldades de exercer a maternidade paralelamente às demandas da universidade.

mães da UFSC

da esquerda para direita: Sheila, Melissa e Ana Cláudia. – Foto: Júlia Venâncio/ND

A estudante de Ciências Sociais é uma das 100 mulheres que fazem parte do Coletivo MãEstudantes da UFSC. Com o objetivo de lutar por políticas públicas de acesso à inclusão e permanência das mães estudantes na universidade, o coletivo foi fundado em 2017 por um grupo de cinco mulheres.

“Elas (as fundadoras) participavam de outros movimentos estudantis e sentiam que a pauta das mães não era contemplada nos movimentos estudantis. Também sentiam um certo tipo de exclusão por conta de ser uma pauta muito específica.”

Sheila Reis, de 38 anos, é caloura de Medicina e mãe de Melissa, de 7 anos. Apesar de as aulas começarem apenas em agosto, a universitária já é uma das mulheres integrante do coletivo de mães estudantes da UFSC e menciona as dificuldades de conciliar os horários de aula da filha com a grade de seu curso, de período integral.

“Minha aula acaba às 18h e vou ter que sair da UFSC e estar na Palhoça para buscar a minha filha no mesmo horário. Ou seja, além de ter que conseguir uma escola integral, uma vez que não tem pela rede pública, eu ainda tenho que pagar alguém para me dar suporte de ficar com ela até eu chegar. Isso faz com que pessoas que façam o curso integral demorem muito mais para se formar.”

Objetivos do MãEstudantes

Entre as principais demandas do coletivo de mães universitárias está o acesso irrestrito de todas as crianças menores de idade e filhos de estudantes da graduação e pós-graduação ao RU (Restaurante Universitário).

Atualmente, apenas crianças de até 12 anos e filhos de pais isentos podem fazer refeições no RU. “A gente não tá pedindo a isenção, mas que as crianças tenham direito de ter carteirinha e possam entrar para fazer as refeições”, afirmam.

O contraturno escolar é outra demanda das mães estudantes da UFSC. Sem uma oferta gratuita para crianças acima de 6 anos, muitas mães acabam não tendo com quem deixar os seus filhos durante o horário de aula ou de trabalho.

“O contraturno é extremamente importante dos 6 aos 12 anos, quando não existe uma oferta de contraturno pública e os particulares são absurdamente caros. Muitas mães fazem curso de período integral e precisam trabalhar, não tendo com quem deixar as crianças. Então, as mulheres acabam levando as crianças para dentro da sala de aula” relata Ana.

O grupo defende que todos os centros da universidade tenham salas de amamentação e trocadores em todos os banheiros femininos e masculinos da UFSC.

 Rede de apoio

A psicóloga Deise Silva, acredita que há cobranças na sociedade em relação ao maternar de cada mulher.

“Hoje em dia, a cultura nos obriga, como mãe, de estar estudando, de ser uma boa mãe, de ser uma boa mulher, de fazer atividade física, de fazer isso ou aquilo e tem que dar conta de tudo.”

Para a especialista, seria importante que as universidades oferecessem espaços onde as mães pudessem deixar os filhos seguros enquanto estudam.

“A rede de apoio a qual as mulheres procuram provavelmente é de assistência da faculdade em si, de ter um lugar para deixar essas crianças o dia todo. De ter um local onde essa criança possa ficar e essa mãe possa trabalhar ou estudar”.

Ana Cláudia diz que o Coletivo MãEstudantes está lutando por esse espaço dentro na UFSC. Para ela, é uma questão de lutar pelo sonho de mulheres, mães e que estão na universidade.

É o nosso sonho de ter uma profissão, de ter uma vida digna, de ter um trabalho bem remunerado e de dar uma condição de vida melhor para os nossos filhos.”

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