CPMI do 8/01: relatório final culpa bolsonarismo e pede indiciamentos

Relatora da CPMI do 8 de janeiro, Eliziane Gama (PSD-MA)Reprodução: Redes Sociais

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro finaliza os trabalhos nesta terça-feira (17) com a leitura do relatório final, assinado pela relatora e senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O documento possui mais de 1.300 páginas e pede dezenas de indiciamento.

“As investigações aqui realizadas, os depoimentos colhidos, os documentos recebidos permitiram que chegássemos a um nome em evidência e a várias conclusões. O nome é Jair Messias Bolsonaro. Como se verá nas páginas que se seguem, a democracia brasileira foi atacada, massas foram manipuladas com discurso de ódio, milicianos digitais foram empregados para disseminar o medo”, disse Eliziane na introdução do relatório.

Segundo a relatora, os atos de 8 de janeiro estão ligados ao bolsonarismo.

“O 8 de janeiro é obra do que chamamos de bolsonarismo. Diferentemente do que defendem os bolsonaristas, o 8 de janeiro não foi um movimento espontâneo ou desorganizado. Foi uma mobilização idealizada, planejada e preparada com antecedência”, diz ainda na introdução.

De acordo com o presidente da comissão, Arthur Maia (União Brasil-BA) os pedidos de pedido de vista serão concedidos até às 9h de amanhã (18), quando o relatório final será votado em definitivo.

Após a aprovação do documento, ele deve ser encaminhado aos órgãos responsáveis de acordo com as condutas criminosas indicadas no relatório. Em geral, o texto é enviado ao Ministério Público e à Advocacia-Geral da União.

“Após eventual aprovação do nosso relatório, este documento será enviado à Procuradoria Geral da República e aos demais órgãos constituídos, no que couber, para as devidas providências. A nossa expectativa é que as investigações que iniciamos não se encerrem com a conclusão da CPMI do 8 de janeiro’, disse a relatora Eliziane Gama em entrevista exclusiva ao iG.

A comissão foi instalada no dia 25 de maio, aprovou mais de 180 requerimentos e realizou 20 oitivas. Entre os principais depoentes estão: o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid; o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques e o hacker Walter Delgatti Neto, mais conhecido como “hacker da Vaza Jato”.

As oitivas foram finalizadas no dia 3 de outubro com o empresário Argino Bedin, suspeito de ter financiado os atos golpistas. Havia a expectativa ainda da comissão ouvir Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e também foi candidato a vice-presidência na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, mas o depoimento foi cancelado. Era esperado também o depoimento da deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), ligada ao hacker Walter Delgatti.

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