União Europeia é ignorada ao pedir pausas na guerra e revela poder político limitado

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Depois de dois dias de reunião, os líderes da União Europeia não conseguiram negociar um pedido de um cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas, mas aprovaram o envio de mais recursos à Faixa de Gaza.

Os líderes europeus se reuniram entre quinta e sexta-feira (26 e 27), pela primeira vez de forma presencial desde os ataques perpetrados pelo grupo radical islâmico em 7 de outubro.

Depois de cinco horas de discussão na quinta, o bloco chegou a uma declaração conjunta apelando apenas a pausas humanitárias e à abertura de corredores humanitários na Faixa de Gaza, para passagem de ajuda sem entraves.

O texto ainda condena o Hamas, mas “destaca fortemente o direito de Israel de se defender de acordo com o direito internacional”.

A declaração foi precedida por dias de negociações complexas sobre se o bloco usaria o termo “pausa” no singular ou “pausas” no plural. Uma pausa humanitária no singular estaria muito próxima do conceito de cessar-fogo, já a expressão pausas diz respeito pequenas interrupções para escoamento de ajuda.

Países que assumiram uma posição pró-Israel se posicionaram contra o cessar-fogo, como Hungria, Áustria, República Checa e especialmente a Alemanha, que teve grande influência na declaração do bloco.

No fim, o texto falou em “pausas humanitárias”, especificando que seriam intervalos de algumas horas, para que a União Europeia possa “facilitar o acesso a alimentos, água, cuidados médicos, combustível e abrigo, garantindo que essa assistência não seja utilizada de forma abusiva por organizações terroristas”.

O fato de não pedir um cessar-fogo e apenas pausas desapontou países como Irlanda e Espanha, que defendiam um cessar-fogo.

Mas o primeiro-ministro interino espanhol, Pedro Sánchez, teve um de seus pleitos incluído no texto: a realização de uma conferência de paz dentro de seis meses para encontrar uma solução para o antigo conflito na região. No último minuto, uma nova linha foi acrescida à declaração da UE: “A União Europeia apoia a realização em breve de uma conferência internacional de paz.”

Pedido ignorado evidencia perda de influência do bloco

O pedido dos líderes da União Europeia para pausas no conflito entre Israel e o Hamas palestino ainda não foi ouvido. A ONU disse que a situação em Gaza é cada vez mais trágica e que “ninguém está seguro”.

O ministro Benny Gantz, membro do gabinete de guerra, disse que o país tomaria as suas próprias decisões sobre os planos de guerra em Gaza, “com base exclusivamente nos nossos próprios interesses”.

O pedido de pausa do bloco europeu solenemente ignorado reforça a perda de influência geopolítica da União Europeia, que se mostrou incapaz de evitar o avanço do conflito na Ucrânia e agora revela influência ainda mais limitada na guerra entre Israel e Hamas.

Por outro lado, o bloco ainda é relevante do ponto de vista financeiro. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen anunciou durante a reunião em Bruxelas que os 27 líderes concordaram em fornecer uma ajuda adicional de € 50 milhões (cerca de R$ 265 milhões, na cotação atual) à Faixa de Gaza.

O bloco é o principal fornecedor de ajuda do mundo para os palestinos e já enviou quase € 78 milhões (cerca de R$ 413 milhões, na cotação atual) neste ano e mais de € 930 milhões (cerca de R$ 4,93 bilhões, na cotação atual) desde 2000. Ao fazer o anúncio, Von der Leyen disse que “não há contradição entre mostrar solidariedade a Israel e fornecer ajuda humanitária a Gaza”.

A presidente da Comissão Europeia afirmou que as primeiras 56 toneladas métricas de ajuda da UE já foram entregues a Gaza por meio de dois voos para o Egipto. E o chefe da ajuda humanitária da União Europeia, Janez Lenarčič, disse, nesta sexta, que o bloco estava enviando mais seis aviões de carga de ajuda destinados a Gaza para o Egito.

Não ficou claro quando ou como os suprimentos chegariam, porque apenas 84 caminhões de ajuda foram autorizados a entrar em Gaza desde sábado (21), sendo que 100 caminhões entravam diariamente no território antes da guerra. E as negociações entre Israel, o Egito e a ONU sobre a ampliação do acesso foram paralisadas.

Veja imagens do conflito entre Israel e Hamas

Ucrânia

Os líderes europeus também mostraram na conferência em Bruxelas uma grande preocupação de que a guerra de Israel não afete os esforços do bloco sobre a guerra na Ucrânia.

Von der Leyen disse que fornecer ajuda a Kiev continua a ser uma prioridade para a União Europeia. Também afirmou que a Comissão propôs que o orçamento do bloco preveja mais € 50 bilhões (cerca de R$ 265 bilhões, na cotação atual) para a Ucrânia nos próximos quatro anos, além dos € 83 bilhões (cerca de R$ 440 bilhões, na cotação atual) já fornecidos desde a invasão russa, em fevereiro de 2022.

Os detalhes do orçamento serão decididos somente em dezembro, mas não sem discussões acaloradas. Hungria e Eslováquia já questionaram nesta semana o volume de recursos aventado. E conforme a guerra se arrasta para o 21º mês, sem previsão de data para acabar, as cobranças internas dos países do bloco sobre os gastos aumentam.

Este conteúdo foi originalmente publicado em União Europeia é ignorada ao pedir pausas na guerra e revela poder político limitado no site CNN Brasil.

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