Apagão em Gaza atrasa atendimento a feridos e deixa famílias incomunicáveis

apagao-em-gaza-atrasa-atendimento-a-feridos-e-deixa-familias-incomunicaveis

Um apagão quase total das comunicações teve impacto no trabalho dos médicos em Gaza, com os paramédicos incapazes de chegar aos feridos e os hospitais incapazes de se comunicarem entre si.

Mohamad Al-Rayan, médico do hospital Al Aqsa Martyrs, no centro de Gaza, disse que os médicos enfrentaram atrasos no atendimento às pessoas feridas pelos ataques aéreos israelenses durante a noite.

Veja também: Exército de Israel entra com tanques pelo 3º dia em Gaza

“Os paramédicos não conseguiram chegar (aos feridos), porque não tinham comunicação com eles. Havia algumas soluções para o problema, mas a situação era muito difícil e perigosa. Os feridos chegaram ao hospital muitas horas depois, (porque) não conseguimos alcançá-los de forma rápida e direta”, disse.

Ele disse à CNN que os hospitais em Gaza também perderam contato entre si, dificultando ainda mais a transferência de pacientes que necessitam de cirurgia especializada entre hospitais.

Famílias estão incomunicáveis

O produtor da CNN em Gaza, Ibrahim Dahman, disse que está com dificuldades para entrar em contato com seus familiares no território por conta do apagão.

“Não consigo contatá-los e não sei nada sobre eles”, disse Dahman em uma das várias curtas mensagens de voz enviadas a colegas da CNN no sábado (28), usando um telefone com chip estrangeiro, que permite uma conexão intermitente via WhatsApp.

“Mesmo que eles fossem bombardeados, mortos ou feridos, eu não saberia de nada”, disse ele.

Desde que fugiu da cidade de Gaza com a esposa e os filhos, no dia 9 de outubro, Dahman tem usado o WhatsApp para se comunicar com amigos, familiares e colegas.

Agora ele diz que “não há internet em toda a Faixa de Gaza” – outro motivo de preocupação para ele e para as outras famílias com quem ele abriga na cidade de Khan Younis, no sul do país.

“Todo mundo está triste, todo mundo está com medo. Este é um grande choque para todos”, disse Dahman.

Jawwal e Ooredoo, duas empresas de telefonia móvel que operam em Gaza, e Paltel, uma operadora de linha fixa, disseram em declarações separadas no sábado que seus serviços em Gaza continuam inoperantes.

Profissionais de saúde, pacientes e civis passaram a noite “na escuridão e no medo”, diz OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse neste sábado que profissionais de saúde, pacientes e civis em Gaza passaram a noite “na escuridão e com medo”.

“Durante uma noite de intensos bombardeamentos e incursões terrestres em Gaza, com relatos de hostilidades ainda em curso, os profissionais de saúde, os pacientes e os civis foram sujeitos a um total apagão de comunicação”, escreveu a OMS numa publicação no X.

Segundo a OMS, os hospitais em Gaza estão funcionando na capacidade máxima, incapazes de receber novos pacientes, ao mesmo tempo que “abrigam milhares de civis”.

“Há mais [pessoas] feridas a cada hora”, disse a OMS. “Mas as ambulâncias não conseguem alcançá-los durante o blecaute de comunicações. Os necrotérios estão lotados. Mais da metade dos mortos são mulheres e crianças.”

A OMS reiterou o seu apelo a um “cessar-fogo humanitário imediato”, escrevendo que também deve ser garantida uma passagem segura para “suprimentos médicos, combustível, água e alimentos desesperadamente necessários para dentro e através de Gaza”.

“A OMS apela à humanidade de todos aqueles que têm o poder de o fazer para que ponham fim aos combates agora, em linha com a resolução da ONU adotada ontem, apelando a uma trégua humanitária, bem como à libertação imediata e incondicional de todos os civis mantidos em cativeiro”, completou.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Apagão em Gaza atrasa atendimento a feridos e deixa famílias incomunicáveis no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.