Gripe aviária: o que se sabe sobre a doença no Brasil até agora?

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De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o mundo vive atualmente a maior pandemia de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), e a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais. Ave Atobá na Baía de Vitória (ES)
Vitor Jubini/Rede Gazeta
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) declarou estado de alerta de emergência devido a confirmação dos primeiros casos de influenza aviária (H5N1) confirmados em aves marinhas no Brasil. O comunicado foi publicado na tarde do dia 15 de maio.
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De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o mundo vive atualmente a maior pandemia de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), e a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o risco de contaminação entre humanos é muito baixo. No entanto, as infecções podem acontecer, principalmente, por meio do contato com aves contaminadas, vivas ou mortas. Não é recomendado tocar e nem recolher aves doentes.
Por isso, o ministério alerta que ao avistar aves doentes ou perceber um grande número de aves silvestres mortas, é preciso acionar o serviço veterinário local ou realizar a notificação por meio do Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias (e-Sisbravet).
Veja o que se sabe sobre a doença no Brasil até agora:
As aves infectadas afetam o setor alimentício do Brasil?
Aves em granja em Santa Maria de Jetibá, ES
Reprodução/TV Gazeta
Não. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as aves infectadas com gripe aviária no Espírito Santo não fazem parte do sistema industrial brasileiro, ou seja, os casos não afetam aves e ovos disponíveis nos supermercados e a seguridade alimentar da população. Desta forma, os produtores ainda não foram afetados e a produção segue normalmente.
Além disso, a influenza aviária não é transmitida pelo consumo de aves ou ovos.
Quais as primeiras aves registradas com gripe aviária no Brasil?
Aves silvestres da espécie Thalasseus acuflavidus.
Cláudio Dias Timm
De acordo com a nota do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicada no dia 15 de maio, dois animais eram da espécie Thalasseus acuflavidus, ave migratória conhecida trinta-réis-de-bando, e uma era a Sula leucogaster, também uma ave migratória, conhecida como atobá-pardo.
No sábado (20), a Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) confirmou a quarta ave silvestre com a doença no estado. Trata-se da espécie Thalasseus maximus, conhecida como trinta-réis-real
Onde as aves estavam quando foram resgatadas?
Refúgio da Vida Silvestre da Mata Paludosa (antigo Parque da Fazendinha), em Vitória (ES)
Paulo Ricardo Sobral/TV Gazeta
Segundo o Mapa, as aves trinta-réis-de-bando foram resgatadas em Marataízes, município localizado no Litoral Sul do Espírito Santo, e outra estava dentro de um parque municipal localizado em Jardim Camburi, em Vitória.
Estas duas aves foram levadas para a sede do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), localizada em Cariacica, na Grande Vitória, onde já se encontrava a ave migratória atobá-pardo desde janeiro para reabilitação. O atobá então foi infectado pelos trinta-réis-de-bando.
As três aves ficaram debilitadas e morreram dias depois da infecção.
Já a ave trinta-réis-real foi encontrada na zona rural de Nova Venécia, na Região Noroeste do Espírito Santo. Como a ocorrência foi em área não litorânea, a ação de vigilância foi ampliada também para os municípios de São Gabriel da Palha e Águia Branca, adjacentes onde a cidade onde o animal foi encontrado.
Alguém foi contaminado?
Até sábado (20), nenhuma pessoa foi contaminada.
No entanto, de acordo com o Ministério da Saúde, casos suspeitos foram monitorados. Isso porque, de acordo com a pasta, foram expostos ao vírus 33 funcionários do parque municipal Refúgio da Vida Silvestre da Mata Paludosa (antigo Parque da Fazendinha), em Jardim Camburi, onde uma das aves foi resgatada caída no chão. Um caso, que apresentava sintomas gripais, foi considerado suspeito.
No entanto, no sábado (20), o Ministério divulgou uma nota de que todos os 33 diagnósticos dos funcionários eram negativos para gripe aviária. Apesar disso, segundo a Prefeitura de Vitória o parque permanecerá fechado à população até a conclusão de análises ambientais. A gestão não informou deu uma previsão para a reabertura do local.
Também no sábado, o Ministério da Saúde também informou que outros três pacientes sintomáticos foram notificados no estado, sendo que a suspeita de gripe aviária já foi descartada no caso de um deles. Os outros dois tiveram amostras coletadas e aguardam resultado. Segundo protocolo de vigilância, os pacientes foram isolados e monitorados pelas equipes de saúde.
Quantas aves já foram sacrificadas?
Coruja-buraqueira (Athene cunicularia)
Evandro Gervásio
Até sábado (20), 30 aves foram sacrificadas.
Na quarta-feira (17), a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo (Seag) informou que 26 aves foram eutanasiadas (sacrificadas) para conter a disseminação do vírus da influenza aviária. Entre as espécies, segundo a pasta, havia atobás e trinta-réis, um biguá, uma coruja, um bem-te-vi, periquitos-rei e um papagaio-chauá.
Já na quinta-feira (18), o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) informou que duas quatro aves com suspeita da doença foram sacrificadas e duas foram à óbito naturalmente.
De acordo com o instituto, os animais foram resgatados nos municípios de Vitória, Guarapari, Linhares, no Litoral Norte, e em Nova Venécia, município da Região Noroeste.
Para onde os animais doentes são levados?
De acordo com o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema/ES), caso surjam novas aves com suspeita de gripe aviária, os animais serão levados para uma área específica e isolada, localizada em Vila Velha, na Grande Vitória, para que não haja risco de infecção a outros animais.
Quais medidas estão sendo tomadas?
Tosse
Marcelo Brandt/G1
A Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa) recomendou que algumas medidas no dia a dia devem ser intensificadas, como evitar locais fechados e aglomerados, que os espaços sejam bem ventilados e que as pessoas reforcem a higiene das mãos, por exemplo.
Em relação à gripe aviária, a Sesa pediu ainda:
Ao avistar aves doentes acione o serviço veterinário local ou realizar a notificação por meio do Sisbravet (clique aqui);
Evite o contato próximo e desprotegido com pessoas que apresentem sintomas gripais;
Mantenha os ambientes bem ventilados com porta e janelas abertas;
Evite aglomerações em ambientes fechados;
Pratique higiene das mãos e ter etiqueta respiratória ao tossir ou espirrar;
Caso precise manipular a ave, use máscara de proteção e luvas, acondicione em uma caixa e comunique ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) (clique aqui)
As aves migratórias podem contaminar as galinhas?
O médico veterinário especializado em animais silvestres Eduardo Lázaro explicou que a transmissão da gripe aviária para outros animais só é possível quando este contato é muito próximo.
Mariana Nedelcu/Arquivo REUTERS
Sim, mas para que isso aconteça o contato entre os animais deve ser muito próximo.
“Para uma ave passar gripe para a outra, elas precisam estar próximas. As chances desta ave marinha ir a uma granja é mais difícil. Lógico que as pessoas que cuidam destas aves devem ter cuidados sanitários, mas não é o momento de alarde”, afirma Eduardo Lázaro, médico veterinário especializado em animais silvestres.
O especialista também explica a relação da doença e a associação com as aves de granjas, como galinhas.
“Não devemos fazer a associação a galinhas. A doença foi encontrada em uma ave marinha, que é migratória. São aves que não são da região, como as galinhas, que são”, falou.
Quais os cuidados que os avicultores precisam ter?
Avicultores descartam aves para reduzir custos em granjas
Reprodução/TV TEM
A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves) informou que está reforçando as medidas sanitárias e orientações aos produtores de aves do estado a fim de evitar qualquer possível contaminação.
Entre as medidas estão:
Intensificar as medidas de biosseguridade na área de produção;
Proibir terminantemente qualquer tipo de visita às unidades de produção;
Evitar visitas em locais com aves silvestres;
Ausência de outras aves na propriedade;
Conferir cercamento de núcleo e telamento de galpão;
Manter o portão de acesso da propriedade fechado;
Desinfecção de veículos em pleno funcionamento;
Desinfecção de materiais que acessem a granja;
Uso de roupas e calçados exclusivos no acesso à granja;
Pedilúvio no acesso aos núcleos e aos galpões (solução desinfetante num recipiente);
Cuidados com a ração;
Cuidados com a água (fonte de qualidade, tratamento, reservatórios íntegros e cobertos);
Controle de pragas;
Restringir criação de aves pelos funcionários.
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