No G7, Lula condena invasão da Rússia à Ucrânia, mas pede “diálogo”

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste domingo (21.mai.2023), em reunião do G7, no Japão, condenar a invasão da Rússia à Ucrânia –mas pediu “diálogo” para solução do conflito.

“Tenho repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz. Nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Precisamos trabalhar para criar o espaço para negociações”, afirmou.

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As declarações do petista foram na sessão de trabalho “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”, com integrantes fixos e convidados do G7. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estava presente. Um encontro entre os 2 é articulado pelo Planalto.

“Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia”, disse Lula no Japão.

“Ao mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares”, completou o petista. Leia a íntegra da declaração (279 KB).

Em abril, Lula havia dito que a guerra na Europa era culpa de 2 países: Rússia e Ucrânia. Depois, recuou da declaração.

O presidente brasileiro também voltou a criticar mecanismos multilaterais da ONU (Organização das Nações Unidas).

“Em 1945, a ONU foi fundada para evitar uma nova Guerra Mundial. Mas os mecanismos multilaterais de prevenção e resolução de conflitos já não funcionam”, disse.

O encontro do grupo dos países mais industrializados do mundo –composto por Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido– está sendo realizado neste ano em Hiroshima.

Antes da sessão, Lula havia se reunido o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Os 2 líderes discutiram a retomada da “parceria estratégica” entre Brasil e Índia e o fim da guerra na Ucrânia. “Estamos do lado da paz”, escreveu Lula em seu perfil no Twitter.

Um encontro do petista com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é articulado pelo Planalto.

Mais cedo, Lula se reuniu com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, que participa também da cúpula do G7, e discutiram proteção ao meio ambiente e guerra na Ucrânia.

“Trudeau reforçou que está feliz com a volta do protagonismo brasileiro no debate ambiental no mundo. Vamos trabalhar juntos e acredito que podemos dobrar as relações comerciais entre nossos países”, escreveu o petista.

“Esse encontro com o primeiro-ministro do Canadá, para o Brasil, é extremamente importante porque nós temos uma relação comercial razoavelmente bem sucedida de praticamente US$ 10,5 bilhões. E o que é importante é que não tem vantagem para nenhum país, é mais ou menos igual. E nós achamos que Brasil e Canadá têm condições de dobrar as relações comerciais”, disse o presidente brasileiro na abertura do encontro.

CopyrightRicardo Stuckert/Planalto – 20.mai.2023

Na imagem, Lula e Trudeau em encontro na cúpula do G7, no Japão

Minutos antes do encontro com Trudeau, Lula havia ido ao parque Memorial da Paz de Hiroshima. O local relembra as vítimas da bomba atômica Little Boy, lançada sobre a cidade em 6 de agosto de 1945, na 2ª Guerra Mundial.

Assista (10min):

No 1º dia de participação no encontro, o petista também falou sobre meio ambiente e possíveis mudanças em organismos multilaterais, como o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

O petista integrou o painel “Trabalhando juntos para enfrentar crises múltiplas, incluindo alimentação, saúde, desenvolvimento e gênero”, seu 1º debate como convidado desta edição do G7 –grupo dos países mais industrializados, composto por Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido. Eis a íntegra do discurso (248 KB).

Além do Brasil, foram convidados para cúpula deste ano líderes de Austrália, Coreia do Sul, Comores, Ilhas Cook, Índia, Indonésia e Vietnã.

Veja no vídeo abaixo o momento em que líderes e convidados do G7 posam para foto oficial:

Assista (1min13s):


  • Leia mais: Sede do G7, Hiroshima é símbolo dos efeitos da guerra.

No 2º painel, com o tema “Esforços compartilhados em prol de um planeta sustentável”, o chefe do Executivo brasileiro afirmou que o mundo está próximo de uma crise climática “irreversível”.  Eis a íntegra do discurso (231 KB).

ENCONTROS BILATERAIS

Além dos painéis do G7, o presidente também participou de reuniões bilaterais. Os encontros, porém, não tiveram destaque nas mídias locais. 

Na 6ª feira (19.mai), prévia da cúpula, teve encontros com os premiês da Austrália, Anthony Albanese, do Japão, Fumio Kishida, e com o presidente da Indonésia, Joko Widodo.

Neste sábado (20.mai), o chefe do Executivo esteve com o presidente da França, Emmanuel Macron, com a diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, e com o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz.

Anthony Albanese, premiê da Austrália

  • como foi o encontro – a 1ª reunião bilateral de Lula no G7 teve como tópico a ampliação das relações bilaterais entre Austrália e Brasil, e a Copa do Mundo de Futebol Feminino, que será realizada de julho a agosto na Austrália e na Nova Zelândia. O petista também afirmou, por meio de seu perfil no Twitter, que foi convidado a visitar a Austrália;
  • o que disse a mídia australiana – veículos como o Sydney Morning Herald e o Daily Telegraph não destacaram o encontro bilateral com Lula. Sobre o G7, deram ênfase a acordos bilaterais firmados entre a Austrália e os Estados Unidos, como as tratativas para terceirizar parte da fabricação de armas norte-americanas no país e conter o avanço militar da China na região.

Copyright Ricardo Stuckert/PR – 19.mai.2023

Anthony Albanese (esq.) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (dir.)

Fumio Kishida, premiê do Japão

  • como foi o encontro – foi realizado com o intuito de discutir a retomada da ampliação das relações de empresários e empresas dos 2 países. O Japão também disse que avalia retirar a exigência de visto para brasileiros entrarem no país. Anfitrião do evento, Kishida foi o responsável por convidar Lula para a cúpula.
  • que disse a mídia japonesa – os principais veículos nipônicos, como o Yomiuri Shimbun e o Asahi Shimbun, também não deram atenção ao encontro de Kishida com Lula. As manchetes destacam a presença do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e sua intenção de estreitar laços com países em desenvolvimento para aumentar a pressão internacional sobre a Rússia pelo fim da guerra.

Copyright Ricardo Stuckert/PR – 19.mai.2023

Lula (esq.) e Fumio Kishida (dir.)

Joko Widodo, presidente da Indonésia

  • como foi o encontro – os chefes do Executivo conversaram sobre questões relacionadas às mudanças climáticas, proteção de florestas e a necessidade de diálogo pela paz no mundo. “Um país de 280 milhões de habitantes e muita coisa em comum com o Brasil”, definiu Lula em seu perfil no Twitter;
  • o que disse a mídia indonésia – a cooperação para a preservação florestal entre Indonésia e Brasil foi destaque em veículos como o Detikcom e a Holopis. Sobre o G7, os jornais falaram sobre o papel da China como mediadora do fim do conflito.

Copyright Ricardo Stuckert/PR – 19.mai.2023

Lula (esq.) Joko Widodo (dir.)

Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI 

  • como foi o encontro – o impacto da pandemia de covid-19 sobre os países mais pobres do mundo foi a principal questão abordada no encontro. A situação econômica da Argentina e a ajuda do FMI ao país também foi pautada por Lula.

Copyright Ricardo Stuckert/PR – 20.mai.2023

Lula (esq.) e Kristalina Georgieva (dir.)

Emmanuel Macron, presidente da França

  • como foi o encontro – os presidentes discutiram sobre a preservação da Amazônia, os caminhos para se alcançar uma resolução para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e a ampliação de parcerias na área da cultura. “Estamos retomando a amizade e parceria entre nossos países, podemos fazer muitas coisas juntos”, disse o presidente em sua conta no Twitter;
  • o que disse a mídia francesa – os principais veículos do país, como Le MondeLe Fígaro e Libération, não destacaram o encontro bilateral com Lula. Sobre o G7, publicaram a respeito da presença de Zelensky na cúpula e a importância da participação dos países emergentes nas discussões em Hiroshima.

Copyright Ricardo Stuckert/PR – 20.mai.2023

Lula (esq.) e Emmanuel Macron (dir.)

Olaf Scholz, primeiro-ministro da Alemanha

  • como foi o encontro – o encontro foi o último compromisso de Lula em seu 1º dia de reuniões na cúpula do G7. O presidente destacou a retomada das “boas relações” com a Alemanha e recordou a visita do chanceler a Brasília, em janeiro;
  • o que disse a mídia alemã – os principais veículos do país, como Bild, Süddeutsche Zeitung e Frankfurter Allgemeine Zeitung, ignoraram a reunião com Lula. O foco esteve no encontro de Scholz com Volodymyr Zelensky e Joe Biden.

Copyright Bundesregierung/Zhan – 20.mai.2023

Lula (esq.) e Olaf Scholz (dir.)


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