Quase metade do estoque de postos de trabalho é de temporários, diz Luiz Marinho

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou nesta segunda-feira (27) que quase a metade do estoque de trabalho registrado no Brasil é temporário.

Segundo ele, dos 44 milhões de empregos registrados nos primeiros nove meses do ano, computados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 17 milhões são contratos de quatro a seis meses.

“Pelos dados do último Caged, hoje nós estamos com estoque de 44 milhões de trabalhadores. Nesse estoque, nós temos, em 2023, um saldo positivo em 9 meses de 1,6 milhão de postos de trabalho. Para chegar nesse número, quantos rodaram dentro de 44 milhões? 17 milhões de rotatividade no mercado de trabalho”, disse na abertura dos debates na Semana Nacional de Promoção da Negociação Coletiva, iniciada nesta segunda.

O estoque de empregos é o cálculo da quantidade de pessoas com carteira assinada empregadas tanto no setor público quanto no privado.

Marinho também ressaltou que no acumulado de 2022, o número de empregos rotativos chegou a 22 milhões e neste ano não será diferente. Segundo ele, as empresas têm utilizado a prerrogativa de sazonalidade para firmar os contratos com prazos menores com os trabalhadores.

“É muito grave o que está acontecendo na qualidade do mercado de trabalho brasileiro. É fazer o tal contrato de quatro a seis meses de maneira a virar rotina, não eventualidade, não momentos de ocasião, de oportunidade, de sazonalidade da economia”, frisou.

O ministro ainda destacou que os contratos temporários são importantes para responder à sazonalidade dos segmentos econômicos. Mas que virou uma “prática das empresas” e transformaram em rotina esse tipo de contratação sem ter um período que realmente corresponda a demanda.

Marinho também chamou a atenção para o fato de que o saldo positivo de 1,6 milhão são de pessoas de baixa renda, registradas no Cadúnico e beneficiárias do Bolsa Família. De acordo com o ministro, os salários dessas pessoas variam entre R$ 1.530 a R$ 1.700 e que seria insuficiente para “sobreviver e sustentar a família”.

“Nós precisamos chamar a consciência da sociedade brasileira, especialmente o empresariado brasileiro, para avaliar se é real que a sua atividade econômica não sustenta um salário maior. É preciso chamar atenção dos profissionais de recursos humanos”, disse.

Caged

Os dados divulgados pelo MTE no final de outubro mostraram que o Brasil abriu 211.764 vagas de trabalho formal em setembro. O resultado considerou 1.917.057 admissões e 1.705.293 desligamentos no mês.

Novos dados divulgados nesta terça-feira (28).

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