‘Pedimos à Mãe Selva que olhe com bondade’, diz militar que participa de buscas por crianças desaparecidas há 20 dias na Colômbia

Operação é realizada em área semelhante à da cidade de Fortaleza. Presidente do país chegou a anunciar que grupo havia sido encontrado, mas recuou. Presidente da Colômbia pede desculpas por divulgar que crianças tinham sido encontradas
As buscas pelas quatro crianças desaparecidas na Amazônia colombiana chegam ao vigésimo dia neste domingo (21). As autoridades da Colômbia procuram quatro irmãos, que desapareceram na selva amazônica após a queda de um avião pequeno em que estavam com a mãe. Três adultos que estavam no voo morreram.
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Neste sábado (20), o general Pedro Sánchez, que comanda do Grupo de Operações Especiais do Exército, informou que mais homens estão se juntando às buscas pelos desaparecidos na província de Caquetá.
Militares no dia 19 de maio durante busca pelas crianças desaparecidas após acidente aéreo,
Forças Militares da Colômbia/via Reuters
As buscas são para encontrar Lesly Jacobombaire Mucutuy, de 13 anos, Soleiny Jacobombaire Mucutuy, 9 anos, Tien Noriel Ronoque Mucutuy, 4 anos e Cristin Neriman Ranoque Mucutuy de apenas 11 meses.
Na quinta-feira, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chegou a anunciar que os menores tinham sido encontrados, mas recuou. “Peço desculpas pelo ocorrido. As forças militares e as comunidades indígenas continuarão na busca incansável para dar ao país a notícia que estamos esperando”, escreveu em seu perfil no Twitter.
De acordo com o jornal colombiano “El Heraldo”, o general afirmou que até ao momento não se sabe se vão encontrar as crianças com vida, e que tudo depende das condições em que elas serão encontradas, no entanto, estão trabalhando para que as buscas avancem.
“Pedimos à Mãe Selva para olhar para nós, que procuramos estas quatro crianças, com olhar de bondade, e acho que Ela vai ouvir nosso chamado”, afirmou durante a entrevista. “Obviamente não abandonamos as evidências técnicas e científicas.”
Sánchez informou que não foi encontrada nenhuma pista a mais. “Não encontramos nenhum rastro, não encontramos nenhuma pegada. Por isso estamos fortalecendo tudo o que é possível”, diz o general.
Crianças desaparecem após acidente aéreo na Colômbia
Forças Militares da Colômbia/via Reuters
Segundo informações da rádio Caracol, novos grupos formados por 85 indígenas de todo o país se juntarão ao Exército Nacional para auxiliarem nas buscas na área, onde já foram distribuídos por helicóptero 100 kits de sobrevivência, conforme informou o diretor da Unidade de Restituição de Terras, Giovani Yule.
Ainda de acordo com a rádio, Sánchez afirmou que a partir deste domingo serão enviadas cinco equipes de uma comunidade indígena, onde será instalado um posto de coordenação para fazerem a integração, a partir de segunda-feira (22).
As autoridades também informaram que continuam as investigações para apurar as causas da queda do avião.
Complexidade do local das buscas
Segundo as Forças Militares da Colômbia, o tamanho da área da selva onde aconteceu o acidente e estão sendo realizadas as buscas, entre Caquetá e San José del Guaviare, corresponde a 80% da área urbana de Bogotá, capital da Colômbia, cerca de 308 quilômetros quadrados.
Um especialista, em entrevista pra a rádio Caracol, explicou que a selva é caracterizada como uma floresta tropical cuja umidade é de aproximadamente 82%. Segundo Orlando Castro, diretor seccional da Corporação para o Desenvolvimento Sustentável do Norte e Leste Amazônico, as chuvas aumentam nesta época do ano na região.
Mapa das buscas pelas quatro crianças desaparecidas na Colômbia
Forças Militares da Colômbia/Reprodução/Twitter
“Exatamente nessa época de maio, estamos passando por fortes chuvas. Chove todos os dias, são chuvas de até 17 horas seguidas. As condições dessas crianças são muito difíceis, é uma selva que tem árvores facilmente de até 60 metros de altura. Essas foram algumas das coisas que dificultaram muito a localização do avião”, afirmou.
Nesta área da mata também pode ser encontrada uma diversidade de répteis e felinos grandes que podem colocar a vida das crianças em risco. A possibilidade de orientação das equipes de busca ainda é reduzida por se tratar de florestas densas.
Infográfico mostra trajeto que avião faria entre as cidades de Araracuara e San José Del Guaviare
Arte/g1
“A menos que encontrem um rio, que são as grandes vantagens desta floresta tropical, que é rica em recursos hídricos e pode ser muito fácil chegar a eles, pode-se garantir que pelo menos essas crianças tenham a possibilidade de subsistência.”
Até agora, sabe-se que:
As buscas são por Lesly Jacobombaire Mucutuy, de 13 anos, Soleiny Jacobombaire Mucutuy, 9 anos, Tien Noriel Ronoque Mucutuy, 4 anos e Cristin Neriman Ranoque Mucutuy de apenas 11 meses
As crianças são indígenas da etnia huitoto e são irmãs.
Um dos três corpos de adultos encontrados é da mãe dos jovens.
Outra vítima era um dos líderes da comunidade indígena.
O voo faria o trajeto entre Caquetá e San José del Guaviare, uma das principais cidades da Amazônia colombiana, mas caiu após o piloto reportar problemas na aeronave, que desapareceu dos radares logo depois.
As buscas ocorrem em uma região de mata densa e de difícil acesso.
Indígenas de comunidades locais e oficiais das forças militares participam da operação, que também conta com cães farejadores.
A Força Nacional encontrou pertences das crianças, o que parecia ser um acampamento improvisado e frutas mordidas, sugerindo que os jovens ainda poderiam estar vivos.