Caso Cariani: o que sabemos sobre o esquema envolvendo o influencer

Renato Cariani, influecer fitness e sócio da AnidrolReprodução: Redes Sociais

Na última terça-feira (12), o influencer fitness, Renato Cariani, foi alvo de uma busca e apreensão feita pela Polícia Federal. O influenciador e sócio da empresa Anidrol é um dos investigados pela PF, suspeito de participar de um esquema de desvio de produtos químicos para a produção de cocaína e crack, por parte do narcotráfico. O esquema teria conseguido produzir toneladas de drogas, segundo informa as autoridades.

Renato Cariani é um dos sócios e administrador da indústria química Anidrol, que possui sede em Diadema, na região metropolitana de São Paulo. 

A PF cumpriu na última terça-feira 18 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Dentre os alvos, estava a casa do influencer e a casa de Fábio Spínola Mota — apontado pelas autoridades como intermediador do esquema. Mota é amigo de Cariani, e já foi investigado por tráfico em Minas Gerais e no Paraná.

Para as autoridades, era Mota quem gerenciava a estrega para o tráfico, sendo encontrado em sua residência R$ 100 mil em espécie. A PF chegou a pedir um mandado de prisão preventiva ao influencer, a sua sócia e a Mota, mas o pedido foi negado pela Justiça.

Início

Ainda que o caso tenha estourado nesta semana, as investigações começaram em 2019. Na época, a empresa farmacêutica AstraZeneca pediu ao Ministério Público Federal para que investigasse as ações da Anidrol, após a empresa do influencer ter emitido notas fiscais suspeitas em 2017. Segundo a AstraZeneca, a empresa teria emitido as notas referente a movimentações de produtos químicos que não reconheciam como suas.

Após a denúncia da AstraZeneca, a Cloroquímica também fez representações contra a Anidrol, seguindo na mesma linha, com notas fraudulentas emitidas entre abril e junho de 2017. Segundo a empresa, eles nunca tiveram acordos firmados com a farmacêutica de Cariani.

Em 2020, a LBS Labrosa também fez denúncias à PF, relando casos semelhantes as duas anteriores. Além da Anidrol, a empresa Quimiestest — companhia em que a esposa de Cariani é sócia — também foi envolvida no caso.

O esquema

A PF diz que a empresa de Cariani estaria desviando de solventes — acetato de etila, acetona, éter etílico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina —, para a produção de cocaína e crack. Dessa maneira, eles emitiam notas fraudulentas sobre as supostas vendas desses produtos para empresas de renome no mercado farmacêutico.

Segundo as investigações, Mota era o responsável por direcionar a estrega para o tráfico. Ele teria criado um e-mail falso, com o nome de um suposto funcionário da AstraZeneca, onde a Anidrol estaria negociando a compra dos produtos.

Ao todo, cerca de 60 notas foram identificadas como supostamente fraudulentas. Segundo o delegado responsável pelo caso, Fabrizio Galli, “o dinheiro foi depositado para a empresa investigada e as pessoas que haviam depositado esses valores não tinham vínculo nenhum com as empresas farmacêuticas”. A informação foi dada em entrevista ao canal GloboNews, na última terça-feira.

Ele ainda afirmou que as investigações mostram que os sócios tinham consciência sobre o esquema. “Há diversas informações bem robustecidas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente, não há essa cegueira deliberada em relação a outros funcionários, eles tinham conhecimento em relação ao que estava acontecendo dentro da empresa”.

Dentre as provas citadas pelo delgado estão as trocas de mensagens entre Cariani e sua sócia, onde, ainda que antiga, mostravam que eles sabiam do monitoramento por parte da PF. Entretanto, em um vídeo publicado nas redes sociais, Cariani diz que foi surpreendido pela investigação.

Neste vídeo, Cariani nega o envolvimento no esquema e que os advogados ainda não tiveram acesso ao processo, por estar em sigilo de Justiça. “Fui surpreendido com um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei, porque ele corre em ‘processo de justiça’. Então, meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver esse processo e, aí sim, eu vou entender o que consta nessa investigação”

Ele ainda completa: “Eu sofri busca e apreensão porque eu sou um dos sócios, então, todos os sócios sofreram busca e e apreensão. Essa empresa, uma das empresas que eu sou sócio, está sofrendo a investigação, ela foi fundada em 1981. Então, tem mais de 40 anos de história. É uma empresa linda, onde a minha sócia, com 71 anos de idade, é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa, uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças tem todas as certificações nacionais e internacionais. Uma empresa que trabalha toda regulada. Então, para mim, para a minha sócia, para todas as pessoas, foi uma surpresa”.

O influencer de 47 anos é conhecido por ser o maior apoiador do fisioculturismo brasileiro, tendo mais de 7 milhões de seguidores apenas no Instagram. Ele é casado com Tatiane Martines Cariani. 

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