Renato Cariani na mira da PF: o que sabemos sobre a investigação e o esquema de produção de crack

A Polícia Federal (PF) realizou nesta semana uma operação (de nome Hinsberg) para investigar o desvio de produtos químicos para confecção de drogas. O influencer Renato Cariani, que tem mais de 7 milhões de seguidores apenas no Instagram, é sócio-proprietário da empresa Anidrol, que foi um dos alvos da operação.

Segundo a PF, 19 toneladas de crack e cocaína podem ter sido fabricadas com os produtos desviados pelo grupo.

Veja abaixo o que sabemos sobre o caso:

A ação da PF

A Operação Hinsberg cumpriu 18 mandados de busca e apreensão. Segundo a PF,  a quadrilha emitia notas fiscais fraudulentas de empresas devidamente licenciadas para vender produtos químicos em São Paulo. O pagamento era feito em espécie por meio de “laranjas”. Os criminosos se passavam por funcionários de multinacionais.

A PF calcula que foram desviadas cerca de 12 toneladas de componentes químicos, como fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila. Com este material, seria possível fabricar 12 toneladas de crack e cocaína prontos para consumo.

Empresas de fachada foram utilizadas para maquiar o esquema.

Em nota, a PF afirma que “as pessoas relacionadas aos fatos investigados responderão, cada qual dentro da sua esfera de responsabilidade, pelos crimes de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico, bem como pelo crime de lavagem de dinheiro“.

Quem é Renato Cariani

Professor de química, professor de Educação Física, atleta profissional, empresário e youtuber. É assim que Renato Cariani, influenciador com mais de 14 milhões de seguidores, se denomina nas redes sociais. Renato foi alvo da Operação Hinsberg.

Renato é um dos maiores influenciadores do segmento fitness nas redes sociais. No Instagram, ele tem 7,3 milhões de seguidores. Seu canal no YouTube conta com 6,3 milhões de inscritos e sua conta no Tik Tok tem mais de 1 milhão de pessoas.

Nas redes sociais, Renato mostra ser influente também com as celebridades. Sua conta no Instagram conta com fotos com apresentadores de TV, cantores, modelos e outros influenciadores. Em seu site, o influenciador vende cursos e treinamentos que envolvem desde orientação na área de nutrição até mentoria em investimentos financeiros. Os planos partem de 49,90 por mês.

Recentemente, o youtuber inaugurou uma loja com produtos que levam seu nome em um shopping na zona sul de São Paulo.

O que diz Cariani

Em um vídeo publicado no Instagram na terça-feira (12), Cariani afirmou que foi “surpreendido” pela ação dos investigadores.

“Eu fui surpreendido com o cumprimento de um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa. Fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas em um processo que eu não sei [o teor], porque ele corre em processo [segredo] de Justiça”, disse.

“Meus advogados vão dar entrada pedindo para ver esse processo e aí eu vou entender o que consta nesta investigação”, acrescentou.

Pedido de prisão negado

Cariani teve pedido de prisão negado pela Justiça. De acordo com o delegado Victor Vivaldi, o Ministério Público concordou com os pedidos feitos pela PF, mas a Justiça rejeitou, acatando apenas aos 18 pedidos de busca e apreensão cumpridos em São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

“Os pedidos de prisão tiveram como fundamento a reiteração delitiva, justamente nesse período de 6 anos, com 60 eventos confirmados de notas emitidas de forma fraudulenta”, explica Vivaldi.

O que diz a PF

“Foram identificadas 60 transações dissimuladas vinculadas à atuação desta organização criminosa, totalizando, aproximadamente, 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila), o que corresponde à mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo”, diz a PF.

Documentos mostram oferta de substância

A CNN teve acesso a documentos que fazem parte do relatório de uma investigação conduzida pela Polícia Federal que antecedeu a Operação Hinsberg. O inquérito apontou que o homem que se passou por comprador da farmacêutica AstraZeneca manteve contato direto com Cariani e fez diversas cotações, além de fazer depósitos em dinheiro para quitar as compras dos insumos.

A investigação começou quando a empresa Anidrol Produtos para Laboratórios LTDA, que tem o influencer como sócio-administrador, declarou ao fisco que vendeu produtos químicos para a AstraZeneca.

Os pagamentos recebidos pela empresa do influencer foram feitos por depósitos bancários atribuídos à farmacêutica, em duas notas fiscais de R$103.500,00, no ano de 2015 e 108.500,00, no ano de 2016.

De acordo com a investigação, quando a Receita Federal questionou a farmacêutica sobre os pagamentos, a Astrazeneca começou uma apuração interna envolvendo diversos setores da empresa.

Ao não encontrar informações sobre os depósitos, a empresa também apurou que a Anidrol não constava entre os fornecedores, o que “impede a realização de qualquer tipo de transação ou movimentação comercial, seja de compra ou venda”, segundo documento.

E-mail de Renato Cariani com informações sobre produtos / Reprodução

(Publicado por: André Rigue. Com informações de Fábio Munhoz, Marcos Guedes, Felipe Andrade e Bruno Laforé)

Este conteúdo foi originalmente publicado em Renato Cariani na mira da PF: o que sabemos sobre a investigação e o esquema de produção de crack no site CNN Brasil.

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