Análise: “A Criatura de Gyeongseong” mistura monstros e romance de forma insana

Enquanto os dramas sul-coreanos exercitam seus músculos nas costas dos Estados Unidos, “A Criatura de Gyeongseong”, da Netflix, chega ao topo das paradas, oferecendo uma mistura viciante de história, romance, mistério, ficção científica e monstros, aproximadamente nessa ordem.

Construído em torno da desesperada tirania do Japão na Coreia perto do final da Segunda Guerra Mundial, ele pode não corresponder à audiência de “Round 6”, mas pelo seu puro valor de entretenimento supera-o de uma forma que merece ser um sucesso monstruoso.

O título reflete um nome anterior para o que hoje é Seul, durante a primavera de 1945, com a Coreia ainda sob domínio e ocupação colonial japonesa.

No entanto, com a guerra correndo mal, os cientistas japoneses do Hospital Onseong envolvem-se em experiências selvagens em seres humanos na esperança de criar um equalizador, infligindo um preço terrível aos que lá se encontram detidos.

“Não deixem vestígios do que fizemos aqui”, diz um dos cientistas, reconhecendo os crimes que estão cometendo.

Esse é o pano de fundo para o que se torna uma improvável história de amor envolvendo Jang Tae-sang (Park Seo-jun, anteriormente apresentado em “Parasita”, cujo carisma extraordinário sugere que esta não será a última vez que o público norte-americano o verá), um rico dono de uma loja de penhores, adepto a navegar nas políticas de sobrevivência em tempos de guerra, e Yoon Chae-ok (Han So-hee), uma descobridora de pessoas desaparecidas que, junto com seu pai (Jo Han-chul), passou a última década procurando por sua mãe, em busca de uma pista que os levou a Gyeongseong.

Depois de estabelecidos os jogadores e as apostas, grande parte da ação se desenrola dentro do hospital, o que promove uma espécie de claustrofobia ao estilo “Alien”.

No entanto, a narrativa entra e sai habilmente desse cenário, incorporando flashbacks para dar corpo aos personagens em episódios que duram consistentemente mais de uma hora, mas não parecem assim devido ao ritmo nítido e ao fluxo constante das próximas situações.

Jang, por sua vez, torna-se o clássico ladino egocêntrico que, motivado por Yoon, encontra reservatórios de heroísmo que surpreendem até mesmo para ele.

Embora a história se sobreponha a “Pachinko” da Apple TV, o elemento de ficção científica reflete um pouco o de “Overlord”, um filme de 2018 sobre nazistas conduzindo experimentos bizarros com toques de terror durante a guerra.

O que realmente eleva “A Criatura de Gyeongsong”, porém, é a maneira como o escritor Kang Eun-kyung e o diretor Chung Dong-yoon tecem quase casualmente pequenos momentos excelentes para personagens relativamente secundários, todos os quais correm perigo quanto mais tempo passam andando pelos corredores do hospital.

Como se tornou comum com alguns de seus títulos de maior destaque (veja “Stranger Things” e “The Crown”), a Netflix está dividindo a exibição do programa em duas partes, separadas por algumas semanas, em um esforço para distribuir a riqueza.

Depois de exibir seis episódios, resta saber se “A Criatura de Gyeongseong” conseguirá manter seu malabarismo ao longo dos quatro capítulos finais. Mas se isso estiver próximo da insanidade do cientista maluco que inicialmente se desenrola no Hospital Onseong, considere esta operação um grande sucesso.

“Gyeongseong Creature” estreia nesta sexta-feira (22) na Netflix.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Análise: “A Criatura de Gyeongseong” mistura monstros e romance de forma insana no site CNN Brasil.

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